Pontos de Leitura. Marcel Mauss (1872-1950): entre antropologia e política – por André Magnelli

Quem foi Marcel Mauss? O que viveu, fez e escreveu? Como prévia para o curso “Revolução do dom: vias teóricas de um paradigma”, que tem a primeira aula síncrona nesta terça-feira, publicamos o Pontos de Leitura “Marcel Mauss (1872-1950): entre antropologia e política”.

Este texto é uma detalhada e acessível apresentação da vida e obra de Marcel Mauss. Não tenho dúvidas de que muitos se surpreenderão com a estatura intelectual e a influência do autor. Não por acaso, o francês Camille Tarot o chamou de “prometeu das ciências humanas modernas”. Uma hipérbole? Sim. Mas expressa bem a extensão do arco de seu pensamento e das potencialidades por ele abertas para a antropologia e a sociologia. Não tenho dúvidas também de que é uma obra que ainda está para ser inteiramente descoberta e explorada; e busco colaborar para tanto.

“Mauss é o Prometeu das ciências humanas modernas, o último  enciclopedista ou o último homem do Renascimento”
(Camille Tarot)

“é  preciso ser um bom filólogo para ser um bom sociólogo”
(Marcel Mauss)

André Magnelli
Fios do Tempo, 10 de abril de 2023

Obs.: Sendo originalmente um excerto de um capítulo sobre Mauss de minha tese de doutorado (em 2015), esse texto já tinha sido publicado em uma versão reduzida no antigo Blog do Sociofilo. Além de ter sido revisada, a presente versão está com o referenciamento bibliográfico completo e atualizado.



Marcel Mauss (1872-1950), 
entre antropologia & política

Mauss é o Prometeu das ciências humanas modernas,
o último  enciclopedista ou o último homem do Renascimento
(Camille Tarot)

Marcel Mauss nasceu em Epinal, França, em 1872, em família de origem  judaica. É filho da irmã mais velha do sociólogo francês Durkheim, Rosine, tendo, portanto, Émile Durkheim como seu tio. Foi estudante do Liceu de Epinal, onde recebeu sólida formação, mas não ingressou em uma Escola Normal – como seria a trajetória normal do sistema de ensino francês –; ao invés disso, juntou-se ao seu tio na Universidade de Bordeaux, no outono de 1890, licenciando-se pela Faculdade de Letras em 1893. Fortemente influenciado por leituras do filósofo e psicólogo das emoções Théodule Ribot e pelo caráter exemplar de Durkheim, de quem foi primeiro discípulo e colaborador próximo – quase que seu “alter  ego”, como diz –, optou por seguir carreira acadêmica. Segundo o próprio Mauss, ele teve a sorte de ter sido enriquecido na sua juventude pela proximidade de três grandes homens: além de Durkheim, o acadêmico Sylvain Lévi e o socialista Jean Jaurès.[1]

O antropólogo em formação e o projeto sociológico

A fim de realizar o rito de iniciação e passagem denominado pelos nativos  franceses de “agregação em filosofia”, obrigatório para tornar-se um acadêmico  “civilizado”, foi estudar em Paris nos anos de 1893-4.[2] Fez, para tanto, cursos na Sorbonne tendo como professor, dentre outros, Émile Boutroux (1845-1921); e, no Collège de France, Théodule Ribot (1839-1916)[3], passando em terceiro lugar em 1895, na frente de seu amigo e colaborador Paul Fauconnet (1874-1938).[4]

No mesmo ano, ingressou como estudante na École Pratique  des Hautes Études (EPHE), em Paris, estudando, na 4ª seção, ciências da história e filologia, e na 5ª seção, ciências religiosas e línguas, tendo como professores Sylvain Lévi (religiões da Índia e sânscrito)[5], Israël Lévi (judaísmo talmúdico e rabínico e hebreu), Antoine Meillet (linguística comparativa indoeuropeia)[6] e Léon Marillier (religiões primitivas).[7] Lá conheceu, em 1896, o  seu principal colaborador, Henri Hubert (1872-1927), que se tornará posteriormente, segundo ele, seu “irmão gêmeo”.[8] Mauss propôs como projeto uma tese sobre A prece, que será o  primeiro de muitos que jamais terminou, apesar das pressões contínuas de Durkheim e de sua mãe.[9]

Em 1897-8, fez viagem de estudos, por recomendação de Sylvain Lévi, pela  Inglaterra e pela Holanda, tendo em vista realizar estudos de ciências da religião  e estabelecer contatos da área. Na época, a Inglaterra era o centro das  investigações etnológicas das sociedades ditas “primitivas”, constituindo uma  verdadeira escola de antropologia da religião (Max Müller, Edward Tylor e James Frazer eram os ícones da área e lecionavam na Inglaterra). Mauss contactou H. Kern, C. P. Tiele, Willem Caland, Moriz Winternitz, Edward Tylor e James Frazer (de quem se tornou amigo), tendo assistido seminários de Max Müller (de quem jamais escondeu uma antipatia e quase que desprezo pelo  charlatanismo).[10] Durante a viagem, concebe e começa a escrever, em parceria  com Henri Hubert e sob pressão de Durkheim, um ensaio de teoria geral do  sacrifício, que será publicado, em 1899, no Année Sociologique.[11]

Por convite de Sylvain Lévi, Mauss já leciona informalmente na École Pratique  des Hautes Études em 1900-1901 sobre “Religiões da Índia Leste” – textos védicos, filosofia yoga e sistemas de explicação das religiões indianas –, mas, com a morte trágica de seu antigo professor de religião primitiva, Léon Marillier, assumiu, em 1901, não sem uma forte mobilização política por parte de Lévi e Durkheim, a cadeira de “história das religiões de povos não civilizados”, tornando-se colega de Hubert, que acabara de assumir a cadeira de “religiões primitivas da Europa”.[12]

Os anos seguintes são de intensa atividade intelectual. Por convite de Durkheim,  escrevem em parceria um clássico estudo sobre as formas primitivas de  classificação (1901-2), que abriu o caminho para a sociologia do conhecimento  que será proposta por Durkheim em Formas Elementares da Vida Religiosa (1912); livro que, na verdade, foi escrito a quatro mãos juntamente  com Mauss.[13] A divisão intelectual do trabalho de produção do artigo foi relatada pelo próprio Mauss: “Eu forneci todos os fatos. Ele os explicou”.[14] A importância deste ensaio, que longe de ser puramente sociológico, tinha uma intenção inteiramente filosófica, é bem expressa por Fournier:

Durkheim e Mauss abrem assim uma nova via que conduzia a uma  sociologia do conhecimento. Era possível analisar outras “funções ou noções fundamentais do entendimento humano”, tal como desejam fazer (as ideias de espaço, de tempo, de causa, de substância, as diferentes formas de raciocínio, etc.). Como Mauss iria assinalar, essa era a missão do Année Sociologique: “Com a concordância de Durkheim, nós isolamos imediatamente o problema da razão”. As representações religiosas seriam abordadas a partir de “muitos lados”: número, causa (o ensaio sobre as origens dos poderes mágicos), espaço, tempo (um ensaio sobre a origem da noção de tempo), alma, mundo (a noção de orientação), gênero, espaço. Mauss concluiu mais tarde: “Esse [era] um dos mais importantes projetos filosóficos jamais empreendidos por uma  escola”.[15]

É no interior desse projeto maior de Durkheim de uma sociologia da religião – que seria, ao mesmo tempo, a via régia de uma sociologia do conhecimento – que Mauss empreendeu, juntamente com Henri Hubert, investigações sobre a magia. Ele lecionou, nos primeiros anos da EPHE, não apenas sobre as formas elementares da prece, que era tema de sua tese, mas também sobre magia – lecionando sobre “estudos críticos de documentos sobre magia entre melanésios” (1901-3); “teoria geral da magia na sua relação com a religião” (1903-4) e “análise de noções básicas de magia” (1904-5)[16] –, investigações das quais resultará tanto uma publicação, com Hubert, no Année Sociologique, sobre a teoria geral da magia (1902-3)[17], quanto um estudo crítico-bibliográfico sobre a origem dos poderes mágicos (1904).[18]

Leciona cursos, igualmente, sobre “proibições rituais” (1906-7; 1909-10), “fórmulas rituais” (1908-11) e “a origem das crenças nas fórmulas rituais” (1913-4); sobre “sociedades  secretas” (1906-7); sobre “sistemas religiosos africanos” (1906-9), sobre a “relação entre clãs e religião nos Pueblo” (1907-8). É como parte da “missão sociológica”  que ele empreende igualmente – em parceria com o especialista sobre esquimós H. Beuchat – uma análise das correlações entre a morfologia social e as representações e práticas sociais nas sociedades esquimós (1904-5), incluída na segunda edição da coletânea Sociologia e antropologia.[19] Em 1909, publica, com Hubert, o único livro de sua vida, que é na verdade uma coletânea de artigos sobre magia e religião escritos no período: Mélanges de l’Histoire des Religions.[20]

Em busca das formas elementares do fenômeno religioso, Mauss considera, já neste tempo, que a sociologia precisa tanto da história quanto da etnografia. Para ele, a inteligibilidade das formas religiosas arcaicas é fundamental para  compreender o tempo presente e nosso futuro. As palavras de Mauss são tão pertinentes quanto atuais: o conhecimento do passado nos conduziria a uma  melhor compreensão do presente, a fim de ajudar a humanidade a se tornar mais ciente de seu futuro.

Ainda que ele esteja fazendo, nessa fase, investigações  fortemente associadas às teses de Durkheim, Tarot assinala bem que, sob  influência de Sylvain Lévi, com seu emprego do método filológico para o estudo crítico e rigoroso dos fenômenos religiosos, ele adquire uma sensibilidade à importância da linguagem e da filologia para a sociologia, o que havia sido curto-circuitado pelas teses de Durkheim. O lapidar enunciado de Mauss, em carta de 1898, resume bem onde estará sua inovação em relação ao tio:

“é  preciso ser um bom filólogo para ser um bom sociólogo”.[21]

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O político: militância socialista e cooperativismo

Paralelamente à formação intelectual e às investigações científicas da juventude, Mauss atuou com igual energia na atividade política. Durante o Caso Dreyfus, ele foi um dreyfusard, assim como Durkheim. Mas, diferentemente deste último, ele foi um ativista socialista, participando de assembleias políticas e de reuniões do movimento cooperativista, pacifista e internacionalista. Em Bordeaux, ele  integrou o Groupe des Étudiants Socialistes, ao lado de Marcel Cachin, e  aderiu ao Parti Ouvrier Français (POF).[22] Quando se preparava para agregação,  participou igualmente do Groupe des Étudiants Collectivistes, que tinha por objetivo não apenas o ativismo revolucionário, mas principalmente a reflexão  teórica sobre o que deveria ser o socialismo. Neste caso, opunha-se a outros militantes, como os guesdistas e os anarquistas, buscando uma “terceira via, humanista, mas científica, ao socialismo”.[23] Ele foi, também, “braço direito” de Jean Jaurès (que, vale lembrar, era amigo de Durkheim). E publicou escritos políticos e resenhas em diversas revistas e jornais socialistas: Le Devenir Social, Le Mouvement Socialiste, Notes Critiques. Sciences Sociales, Action Socialiste e no jornal L’Humanité, fundado por Jaurès, em 1904, do qual Mauss torna-se acionista e representante do conselho de administração, publicando nele uma dezena de artigos.[24]

Seu primeiro grande texto político foi publicado em 1899, ou seja, no mesmo  ano em que publicara sua teoria geral do sacrifício. Neste texto, ele define as características da ação socialista[25], no que se inscreve na tradição ao mesmo  tempo republicana e revolucionária de Guesde, Jaurès e Vaillant; mas afasta-se  da intransigência dos guesdistas e toma Jaurès como figura simbólica maior,  defendendo a construção de um socialismo senão unitário, ao menos unido. A  união socialista virá em 1905, com o nascimento do S.F.I.O. (Section Française  de l’Internationale Ouvrière), sob o comando de Jaurès, ao qual Mauss adere.[26] Entre 1904-5, ele realiza viagens pelo exterior como enviado especial do  partido.[27] Mais tarde, ele participa do Groupe des Études Socialistes, fundado por  Robert Hertz (1908), que era de certa forma uma tentativa de colocar a sociologia durkheimiana a serviço do socialismo.[28]

Como parte da atividade de militância socialista, Mauss se engaja também  pessoalmente nas cooperativas em várias ações: (a) participação na cooperativa de  consumo L’Avenir de plaisance (1896-7); (b) fundação de uma cooperativa de  alimentos, com Philippe Landrieu, chamada La Boulangerie (1900); (c) participação, como delegado da Coopérative Socialiste, do Io Congresso Nacional e Internacional das Cooperativas Socialistas, em Paris, no qual apresentou um  relatório sobre relações internacionais; e (d) participação, enfim, do Congresso Oficial do Comitê Central das Cooperativas. No debate em torno do cooperativismo que anima os anos 1890, quando o socialismo revolucionário se opôs às experiências cooperativistas ao vê-las como formas de desvio da ação do proletariado rumo à revolução, Mauss entra no debate e, segundo seu  biógrafo, converte Jaurès à cooperação.[29] Fournier sintetiza bem a forma pela qual Mauss compreende a importância do associacionismo e do cooperativismo para  a vida democrática e a emancipação do operariado:

A importância que Mauss dá, por sua parte, ao movimento cooperativo se  vincula à ideia que ele faz da solidariedade e da democracia: a República  deve ser “social”. Nem tudo, portanto, se joga na esfera política; é preciso  se preocupar com a vida associativa. A cooperação constitui, aos olhos de  Mauss, uma “forma espontânea e não obrigatória de democracia”; é, ao  mesmo tempo, um “exemplo de propriedade coletiva” e uma “obra da  solidariedade operária e popular”. E se ela é socialista, tanto melhor: a cooperação torna-se então o meio de melhorar o bem-estar de seus  membros, contribuindo também para a “emancipação geral do  proletariado”.[30]

Para Mauss, as ações cooperativas integram ao socialismo a dimensão da fraternidade, de  uma fraternidade universal e humanista, que é fundamental para, em conjunção  com a liberdade e a igualdade, construir o horizonte de um socialismo pluralista a partir da ação no presente, sem esperar pela apocalíptica crença na revolução:

Liberdade e igualdade, certamente, mas também fraternidade, a “fraternidade humana”. Tal é, segundo Mauss, o horizonte da ação. Não é  questão de esperar a grande noite [da revolução]: a mudança pode ser  feita imediatamente, no próprio seio da sociedade capitalista; podemos,  portanto, “viver agora mesmo a vida socialista, criá-la em todas as  partes”.[31]

A Primeira Guerra Mundial, porém, é um marco d’águas no itinerário de Mauss, que pode ser considerado como um fosso que inaugurará uma segunda fase. Não apenas pelos efeitos costumeiros da guerra, mas também porque alguns dos principais representantes da escola durkheimiana e amigos de Mauss desaparecem nas trincheiras – o filho de Durkheim, André Durkheim, Robert Hertz, Maxime David, Antoine Bianconi, Jean Reynier –, ou nos antecedentes  da Guerra: o assassinato de Jaurès, em 1914, que muda tudo para Mauss.[32]

Apesar do pacifismo, com o assassinato de seu amigo e, após, com a mobilização  geral com o início da guerra, ele se engaja como “soldado-intérprete”. No pós-guerra, após as perdas de boa parte da geração da escola durkheimiana e a  morte de Durkheim, falecido em 1917 sob o efeito mortificador da morte de seu filho sucessor, Mauss se verá com a pesada responsabilidade de zelar pela herança durkheimiana, tendo de reconstruir a  escola sociológica francesa.

A invenção da antropologia do simbólico

No retorno da I Guerra, Mauss passa a considerar os estudos do potlatch (descritos por W. H. R. Rivers) em seus cursos, lecionando sobre análises de documentos  etnográficos (Baldwin Spencer, Thurnwald, Rivers) (1920-2) e a clássica etnografia de Malinowski (1923-4). Ele já havia publicado sobre moeda e sistemas de trocas arcaicas em 1914.[33] E já havia lecionado sobre o tema a partir de 1910: sobre serviços religiosos, econômicos e legais entre clãs e fratrias nas tribos do Noroeste  Americano (1910-12) e sobre formas primitivas de contratos e trocas coletivas (1912-3). Mas é no pós-guerra que as investigações se consolidam, resultando na publicação de seu maior escrito: o Ensaio sobre o dom (1923-4).[34] Ainda em 1924, juntamente com Levy-Brühl e Paul Rivet, funda o Institut d’Ethnologie de Paris[35], o que o tornará responsável pela formação da primeira geração de antropólogos franceses (Georges Dumézil, André Leroi-Gourhan, Roger Caillois, Georges Bataille, Claude Lévi-Strauss e muitos… muitos outros). No trabalho de reconstrução da escola sociológica francesa, ele publica uma retrospectiva histórica da sociologia[36], bem como importantes ensaios de  sistematização da sociologia.[37]

A partir de 1920, ele tornou-se responsável pela “invenção do simbólico” e a fundação de um campo de estudos que podemos intitular de antropologia do  simbólico. A data de nascimento da antropologia do simbólico é facilmente  estabelecida: 1924, quando da intervenção de Mauss na Sociedade de Psicologia sobre o tema Relações Reais e Práticas da Psicologia e da Sociologia.[38] A teoria  do simbólico é desenvolvida propondo uma cooperação de uma antropossociologia com a psicologia e a psicopatologia, bem como com a história. Quem propôs o termo “antropologia do simbólico” foi Camille Tarot. Deste modo, ele pretende assinalar que o projeto de Mauss está vinculado a  uma questão antropológica, ainda que o termo antropologia seja evitado por ele devido a estar associado, na França, à antropologia física e biológica. Mas, em  1931, Mauss já concebe um lugar de excelência à antropologia: “a antropologia é  o conjunto das ciências humanas”.[39] Ela tem por objetivo vincular os fatos  sociais ao “fundo psíquico da humanidade”, sendo o simbólico a instância que  articula ambos: psiquismo e sociedade. Donde deriva a renovação metodológica  das ciências sociais por meio da proposta de investigação dos fatos ou  fenômenos sociais totais, capaz de recompor o homem total.

O campo de investigação é vastíssimo, sendo os escritos de Mauss fragmentos  de investigações que jamais se colocaram na perspectiva de uma sistematização  teórica: sobre a expressão obrigatória dos sentimentos em rituais funerários,  compreendendo-a como formas de linguagem (1921)[40]; sobre a eficácia simbólica  das crenças selvagens, em que, pela sugestão da morte, são capazes de  efetivamente acarretarem a morte real do infrator (1926)[41]; sobre a história das  categorias de pessoa humana (1938)[42]; e, enfim, o texto clássico sobre as técnicas corporais, onde investiga como o simbolismo se expressa e se reproduz por práticas corporais, abrindo o campo de investigação do modo como o simbólico opera encarnado na ação social, no corpo dos sujeitos e na expressividade de seu agir (1938).[43]

Política do entre-guerras: nação, civilização e pacifismo

Paralela e articuladamente às investigações científicas, temos as incursões políticas. No pós-guerra os temas da nação e do nacionalismo, da paz e do pacifismo, da Europa, do cooperativismo e de um socialismo renovado estão no coração da análise. Entre 1920-1925, Mauss publica mais do que nunca escritos  políticos, no Le Populaire, no L’Action Coopérative e principalmente no Vie Socialiste.

Dois temas se tornam centrais para a reflexão ao mesmo tempo política e intelectual: o da civilização e o da nação. Mauss se dedica a uma clarificação do conceito e das formas de civilização, esboçando um escrito sobre os seus elementos e formas, e lecionando no Collège de France, em 1931-2, um curso sobre a história geral da civilização e o uso da noção de primitivo em sociologia.[44] Ele concebe e começa a empreender, também, o projeto de sua magnum opus,  ao mesmo tempo descritiva, histórica e normativa, sobre a Nação, iniciado em  torno de 1919-1920, mas que acaba por não ser realizado.[45]

Tal projeto está inteiramente vinculado com suas reflexões políticas do imediato pós-guerra, em que prevalece o objetivo de uma renovação do socialismo, de um  socialismo “sem doutrinas”, vinculado ao problema da possibilidade de uma paz entre as nações: será o projeto internacionalista e socialista de uma paz entre as nações possível? – eis a questão. Avesso ao nacionalismo e objetivando o  socialismo internacionalista, ele entende, contudo, que a experiência da nação é central à vida moderna. No plano da obra, ele oscila, portanto, entre o tema do socialismo e da internacionalização, de um lado, e o tema da nação e do  nacionalismo, de outro, que são, na verdade, para Mauss, as duas faces de toda  análise global das sociedades contemporâneas.[46] Ele formula, segundo  Dominique Schnapper, a ideia de cidadania como “comunidade de cidadãos”[47], o que, no plano internacional, remete a um direito internacional fundado sobre uma  sociedade universal efetivamente existente.

Neste contexto, ele se engaja também em uma crítica severa do bolchevismo,  tratando dentre outras coisas do problema da relação entre o socialismo e a  IIIa Internacional, bem como sobre as razões do retumbante fracasso da revolução bolchevique e de seu fetiche pela violência e pela política; em 1923, publica na Vie Socialiste uma série intitulada Sobre a Violência[48], e concebe o projeto de um  livro dedicado à “apreciação sociológica do bolchevismo”, que, mais uma vez, jamais foi realizado, acabando por publicar apenas um esboço do que seriam as conclusões (1924).[49]

O ocaso de um prometeu e o fim de uma época

Os anos 1930 foram o apogeu de Mauss, com o ingresso no Collège de France (1930) – depois de três fracassadas tentativas – e com o retorno da esquerda ao poder (1932). Mas logo o partido socialista irá se dividir (1933), problemas de saúde aparecerão e o nazismo entrará em ascensão. Se, no início de 1930, os temas da nação, da paz, da Europa e do socialismo estão no  coração da análise, já nos meados da década, com a vaga de nacionalismos e, posteriormente, com a ascensão de Hitler (1933), ele estará menos preocupado com a luta socialista e mais engajado em prol do pacifismo, do desarmamento e da Sociedade das Nações, juntando-se ao movimento antifascista, aderindo ao Comitê de Vigilância dos Intelectuais Antifascistas e participando do Comitê Mundial contra a Guerra e o Fascismo.

Nesse período, ele manifesta profunda preocupação com a proliferação das  propostas de remitização, onde o tema do sagrado é retomado em vários  cantos, inclusive no Collège de Sociologie, que surge dentre os seus discípulos, que se apropriaram das aquisições do mestre por meio das lentes do surrealismo (Georges Bataille, Michel Leiris, Roger Caillois, Anatole Lewitzky),  a fim de construir uma “sociologia sagrada”. Projeto em relação ao qual Mauss mantêm uma distância reticente, ou mesmo crítica – como vemos na Carta de Mauss a Roger Caillois, de julho de 1938, escrita a respeito de sua leitura do manuscrito de Le Mythe et l’Homme (1938), dado por Caillois para sua  apreciação. Após elogiar o trabalho bem feito de analista dos mitos, Mauss parte para uma severa crítica, que na verdade é um diagnóstico da época:

o que eu creio um descarrilhamento geral, do qual você mesmo é vítima, é esta espécie de irracionalismo absoluto pelo qual você termina, em  nome do labirinto e de Paris, mito moderno; mas eu creio que você está, neste momento – provavelmente sob a influência de Heidegger, [que é]  um Bergsoniano caído no hitlerismo –, legitimando o hitlerismo embrutecido de irracionalismo, e, sobretudo, esta espécie de filosofia política que você tenta fazer sair dele em nome da poesia e de uma vaga de sentimentalidade. Da mesma forma que estou persuadido de que os  poetas e os homens de grande eloquência podem algumas vezes ritmar a vida social, da mesma forma eu sou cético sobre as capacidades de uma filosofia qualquer, e sobretudo de uma filosofia de Paris, de ritmar o que é que seja.[50]

Com o estouro da IIa Guerra, a ocupação nazista de Paris e a instauração do Regime Vichy do marechal Pétain, em 1940, tendo sido feitas restrições aos  judeus, Mauss acaba por se demitir em setembro da École Pratique e, no mês  seguinte, do Collège de France. Decide ficar em Paris, talvez por se saber  intocável devido à notoriedade. Chega a defender alguns colegas e antigos  alunos judeus, carrega, com orgulho, quando obrigatória, a estrela amarela em seu casaco e, em outubro de 1942, é expulso de seu apartamento quando requisitado  por um general alemão.

Com perdas de memória e sem sua biblioteca, quase não produz mais nada e pára de ler. Tendo perdido o vigor e a vivacidade de espírito ao longo da guerra e da ocupação, vai “desligando lentamente”, como ele mesmo diz, até falecer em 11 de fevereiro de 1950.


Notas

[1] MAUSS, M. (1935) Sylvain Lévi. In: MAUSS, Marcel (1969) Oeuvres, vol. 3. cohésion sociale et divisions de la sociologie. Paris: Les éditions de Minuit, p.344, apud FOURNIER, M. Marcel Mauss, p.544.

[2] FOURNIER, Marcel (2006) Marcel Mauss: a Biography. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2006 (publicado originalmente em francês em 1994), p. 28. Uma observação: Marcel Fournier utiliza um método factual anglo-saxônico em sua biografia de Mauss, na base do who’s who, sem qualquer esforço de sistematização do debate teórico e, por isso, sua biografia é muito criticada. Posteriormente ele escreve uma biografia de Émile Durkheim, que é muito mais satisfatória e robusta.

[3] Ibid, p. 30.

[4] Ibid, p. 31.

[5] Sylvain Levy influenciou profundamente Marcel Mauss e foi um grande amigo e “segundo tio”. Ver FOURNIER, M. (2006) Marcel Mauss, cap.2, seção A ‘Second Uncle’: Sylvain Lévi, p.43 ss. Camille Tarot analisa detidamente a influência de Sylvain Lévi, que iniciou Mauss na abordagem filológica nos estudos das religiões: TAROT, C. (1999) De Durkheim à Mauss: l’invention du symbolique. Sociologie et science des religions. Paris: La Découverte/Mauss, cap.15.

[6] Antoine Meillet (1866-1937), ex-aluno de Ferdinand de Saussure, foi um dos maiores linguistas franceses do período, participando estreitamente do círculo de Durkheim, colaborando com L’Année e empregando o método durkheimiano de investigação dos fatos sociais aos fenômenos linguísticos.

[7] FOURNIER, M. (2006) Marcel Mauss, op. cit., p.44.

[8] Ibid, cap.2., seção Henri Hubert, the twin brother, p.48 ss.

[9] Publicada inacabada: MAUSS, Marcel (1909) La Prière. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, I. La fonction sociale du sacré. Paris: Les éditions Minuit. Quando ingressou na EPHE, sua primeira lição foi sobre as Formas Elementares da Prece. Ver: MAUSS, M. (1901-3) Leçons sur les Formes Élémentaires de la Prière. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, I, op. cit. Mas nos anos seguintes ele não mais leciona sobre o tema.

[10] FOURNIER, M. (2006) Marcel Mauss, op. cit., p.62.

[11] MAUSS, M., HUBERT, H. (1989) Essai sur la nature et la fonction du sacrifice. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, I, op. cit. (publicado em português pela editora UBU) A ideia surgiu do livro de Sylvain Lévi, que publicou, em 1898, um livro sobre a doutrina do sacrifício dos Brâmanes: FOURNIER, M. (2006) Marcel Mauss, p.70. Fournier não deixa de ver, neste ensaio, uma intenção política presidindo o problema da relação entre o indivíduo e a sociedade, tal como presente no problema do sacrifício à pátria, que não é sem correlação com o engajamento em defesa de Dreyfus. FOURNIER, M. Introduction. In: MAUSS, Marcel (1997) Écrits politiques. Paris: Fayard, p.13, nota 2.

[12] FOURNIER, M. (2006) Marcel Mauss, op. cit., Cap.4. In the cenacle. Na Lição Inaugural, Mauss deixa claro seu desconforto com o nome da cátedra, tendo em vista seu teor evolucionista, ressaltando que não existem propriamente religiões “primitivas”: MAUSS, Marcel (1902) L’enseignement de l’histoire des religions des peuples non civilisés, à l’École des hautes études, Revue de l’Histoire des Religions 45. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, I, op. cit., p. 229-30.

[13] DURKHEIM, E.; MAUSS, M.. (1901-2) De Quelques Formes Primitives de Classification. Contribuition à l’Étude des Représentations Collectives. MAUSS, M. (1969) Oeuvres, I, op. cit. Publicado em português na coletânea Ensaios de Sociologia (Editora Perspectiva).

[14] MAUSS, Marcel (1930) L’ oeuvre de Mauss par lui-même, Revue Française de Sociologie 20, no 1 (January–March 1979), p. 210.

[15] MAUSS, Marcel. L’oeuvre de Mauss par lui-même, p. 218.

[16] Foram publicadas em: MAUSS, M. (1902-5) Leçons sur la Magie. In: MAUSS, M. (1968) Oeuvres, vol II: Représentations collectives et diversité des civilisations. Paris: Les éditions Minuit.

[17] MAUSS, M.; HUBERT, H. (1902-3) Esquisse d’une théorie générale de la magie. Année Sociologique. 1902-3. Publicado em MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie. Paris: PUF (com tradução para o português pela UBU Editora).

[18] MAUSS, M. (1904) L’Origine des pouvoirs magiques dans les sociétés australiennes, Étude analytique et Critique de Documents ethnographiques. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, Ii, op. cit. Publicado em português pela Biblioteca Durkheimiana da Edusp.

[19] MAUSS, M. ; BEUCHAT, H. (1904-5) Morphologie sociale. Essai sur les variations sazonées dans les sociétés skimó. Année Sociologique. 1904-5. Publicado em MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie. Paris: PUF (com tradução para o português pela UBU Editora).

[20] MAUSS, M. ; HUBERT, H. (1909) Mélanges de l’Histoire des religions. É uma compilação dos dois ensaios mencionados acima sobre a magia, mais um pequeno ensaio sobre a representação do tempo na magia – Étude sommaire de la représentation du temps dans la religion et la magie (1905) – e uma introdução escrita a quatro mãos em 1906: MAUSS, M.; HUBERT, H. (1906) Introduction à l’Analyse de Quelques Phénomènes Religieux. In: MAUSS, M. (1968) Oeuvres, vol I, op. cit.

[21] MAUSS, M. (1898) Carta de Marcel Mauss a Paul Lapie, Março. Apud: TAROT, Camille (1999) De Durkheim à Mauss, epígrafe do Livro Segundo.

[22] FOURNIER, M. Marcel Mauss, op. cit., p.27; FOURNIER, M. Introduction. In: MAUSS, M. (1997) Écrits politiques, op. cit., p.12. O POF foi criado, em 1879, por Jules Guesde (na verdade Jules Bazile), com ajuda de Marx, mas não era propriamente um partido marxista.

[23] FOURNIER, M. Marcel Mauss, op. cit., p. 33.

[24] Ibid, p.19.

[25] MAUSS, M. (1899) L’Action Socialiste (publicado em Le Mouvement Socialiste). In:

[26] União que durará até a cisão em 1933, devido à divisão desencadeada pelo movimento reformista liderado por Marcel Déat, entre o S.F.I.O. e o Partido Socialista Francês.

[27] Ele vai a: (a) Congresso das cooperativas alemãs de Hamburgo; (b) o congresso de Budapeste; (c) o Congresso das Cooperativas inglesas de Paisley; e (d) segue em missão, enviado por Jaurès meio que a contragosto, representando o L’Humanité, para a Rússia em 1906, tendo que voltar correndo quando o Tzar dissolve a Assembleia: FOURNIER, M. (1997) Introduction. In (ed.) Écrits politiques. Paris: Fayard, p.19.

[28] Ibid, p.24.

[29] FOURNIER, M. Introduction. In: MAUSS, M. (1997) Écrits politiques, op. cit. p. 22.

[30] FOURNIER, M. Introduction. In: MAUSS, M. (1997) Écrits politiques, op. cit., p.21.

[31] Ibid, p.22-3.

[32] O militante pacifista Jaurès foi assassinado, em 31 de julho de 1914, em um  café em Paris por um bandido nacionalista francês, Raul Villain, que cometeu a vilania porque queria a Guerra; e,  logo depois, de fato, se iniciou a mobilização geral.

[33] MAUSS, M. (1914) Les Origines de la Notion de Monnaie. In: MAUSS, Marcel (1968) Oeuvres, vol. 2, op. cit.

[34] Escrito nos anos 1923-4, foi publicado no Année Sociologique em 1925. Publicado em: MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie, op. cit. (com tradução para o português pela UBU Editora).

[35] MAUSS, M. (1923) Projet de création d’un institut d’ethnologie, novembro.

[36] MAUSS, M. (1933) Sociologie en France depuis 1914. In: MAUSS, M. (1969) Oeuvres, vol. 3, op. cit.

[37] MAUSS, M. (1927) Divisions et proportions des divisions de la sociologie, L’Année Sociologique, no 2 da nova série; MAUSS, M. (1934) Fragments d’un plan de sociologie descriptive. Os dois ensaios foram publicados em MAUSS, M. (1969) Oeuvres, vol. 3, op. cit.

[38] MAUSS, M.(1924) Relations Réels et Pratiques entre la Psychologie et la Sociologie. Publicado em: MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie, op. cit. (com tradução para o português pela UBU Editora).

[39] TAROT, C. (1999) L’Invention du Symbolique, op. cit., p.275.

[40] MAUSS, M. (1921) Expressão obrigatória dos sentimentos. In: MAUSS, M. (1968) Oeuvres, vol. 1, op. cit.

[41] MAUSS, M. (1926) Effet physique chez l’individu de l’idée de mort suggérée par la collectivité (Australie, Nouvelle-Zélande). Publicado em: MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie, op. cit. (com tradução para o português pela UBU Editora).

[42] MAUSS, M. (1938) Uma Categoria do Espírito Humano: a Noção de Pessoa, a de “Eu”. Publicado em: MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie, op. cit.

[43] MAUSS, M. (1934) As Técnicas Corporais. Publicado em: MAUSS, Marcel (1950) Anthropologie et sociologie, op. cit.

[44] DURKHEIM, E ; MAUSS, M. (1913) Note sur la Notion de Civilisation. In: MAUSS, M. (1968) Oeuvres, vol. 2, op. cit.; MAUSS, M. (1929) Les Civilisations. Éléments et Formes. In: MAUSS, M. (1968) Oeuvres, vol. 2, op. cit. Ver: FOURNIER, M. Marcel Mauss, p. 274.

[45] Mauss fez uma conferência sobre o tema no Congresso de filosofia em Oxford, em 1920: MAUSS, M. (1920) Le Problème de la nationalité. MAUSS, M. (1969) Oeuvres 3, op. cit. O fragmento do que seria o livro foi publicado, por Lévi-Brühl, em 1956. Sobre a gestação e aborto do projeto, ver: FOURNIER, M. (2004) Mauss et “la nation”, ou l’oeuvre inachevée. Sociologie et sociétés, vol. 36, n° 2, p. 207-225. Os textos foram compilados recentemente, com o trabalho de Fournier e Jean Terrier, em: MAUSS, M. (2013) La Nation. Paris: PUF.

[46] FOURNIER, M. (2004) Mauss et “la nation”, ou l’oeuvre inachevée, op. cit., p. 213.

[47] SCHNAPPER Dominique (1994) La Communauté des Citoyens. Sur l’idée moderne de nation. Paris: Gallimard.

[48] Todos publicados recentemente nos Écrits politiques: MAUSS, M. Motifs honorables. La Vie socialiste, 20 novembre 1920; Pour Moscou. La Vie socialiste, 30 avril 1921; Fin de la violence en Italie. La Vie socialiste, 16 juillet 1921; Les affaires des Soviets (1921). La Vie socialiste, 13 août 1921; Il faut choisir (1922). Les Vosges socialistes, 30 septembre 1922; La vente de la Russie (1922). La Vie socialiste, 18 novembre 1922;  Pour les bolcheviks (1922). La Vie socialiste, 9 décembre 1922; Fascisme et bolchevisme. Réflexions sur la violence (1923). La Vie socialiste, 3 février 1923; Observations sur la violence. II. La violence bolchevik. Sa nature. Ses excuses (1923). La Vie socialiste, 10 février 1923; Observations sur la violence. III. La violence bolchevik. Bilan de la terreur. Son échec (1923). La Vie socialiste, 17 février 1923; Observations sur la violence. IV. La violence bolchevik. La lutte contre les classes actives (1923). La Vie socialiste, 24 février 1923; Observations sur la violence. Contre la violence. Pour la force. La Vie socialiste, 5 mars 1923.

[49] MAUSS, M. (1924) Appréciation sociologique du bolchevisme (1924). Revue de Métaphysique et de Morale, 31 (1), p. 103-132, 1924. No ano seguinte: MAUSS,M. (1925) Socialisme et bolchevisme. Le monde slave. Sobre a crítica ao bolchevismo, ver: MAGNELLI, André (2015) Na carne do social, Tese de doutorado, Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP); BUSINO, G. (1996) Marcel Mauss, intérprete d’un phénomène social total : le bolchevisme. Revue Européenne des sciences sociales, vol. XXXIV, no 105, 1996, pp.75-93; DZIMIRA, S. Marcel Mauss, savant et politique, cap.7. Démocratie et critique du bolchévisme. Qu’il faut savoir s’opposer sans se massacrer.

[50] MAUSS, M. (1938) Une lettre inédite de Marcel Mauss à Roger Caillois du 22 juin, Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 84, septembre 1990.  Masculin/féminin-2. p. 87.

É idealizador, realizador e diretor da instituição de livre estudo, pesquisa, escrita e formação Ateliê de Humanidades (ateliedehumanidades.com). 
 Sociólogo, professor, pesquisador, editor, tradutor, mediador cultural e empreendedor civil/público. É editor do Ateliê de Humanidades Editorial e do podcast República de Ideias. É editor da tribuna Fios do Tempo: análises do  presente. É curador do Ciclo de Humanidades: ideias e debates em filosofia e ciências sociais, co-organizado com o Consulado da França no Rio de Janeiro. Pesquisa na interface de teoria social, tecnociências & sociedade, sociologia histórica do político, teoria antropológica, ética, filosofia política e retórica.

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