O que são?
Os Livre-pesquisadores em formação são aqueles que integram o Corpo do Ateliê, com uso de serviços de tutoria, para realizar projetos de pesquisa individuais ou coletivos.
O caminho natural para se tornar um Livre-pesquisador em formação é fazer uma Livre-formação no Ateliê, a fim de começar o aprendizado intelectual, conhecer a dinâmica interna, construir uma agenda de pesquisa e estabelecer relações de confiança. Caso a livre-formação seja bem sucedida, o(a) Livre-formando(a) torna-se Livre-pesquisador(a) em formação.
Os Livres-Pesquisadores em formação
Atualmente, integram o Corpo do Ateliê os seguintes livre-pesquisadores em formação:
Aldo Antônio Tavares do Nascimento

Graduação em Letras (Língua Portuguesa-Literatura) pela Veiga de Almeida e graduação em Filosofia pela São Bento do Rio de Janeiro; pós-graduação lato sensu em Pedagogia pelo convênio entre Federais do Acre e Fluminense e Estadual do Rio de Janeiro e pós-graduação lato sensu em Sociologia pelo convênio Federal do Acre e Unicamp; e pós-graduação stricto sensu em Filosofia pela Estadual do Rio de Janeiro.
Os estudos de Aldo Tavares têm como terra fecunda a metafísica amodal de Platão e, partindo da marcação 477a do Livro V de A República, suas trilhas de pesquisa destinam-se ao conceito de entre, o qual é lido nos últimos escritos de Platão, dos 47 aos 80 anos (de 380 a 347 a. C.), sendo as páginas de O sofista o ápice de um platonismo considerado fraco por Aristóteles, mas considerado muito forte por Nietzsche.
Sem que compreendamos esse Platão, não conseguimos ler o conceito-chave que atravessa Nietzsche, Foucault e Deleuze, conceito, aliás, chamado pelo filósofo grego de potência intermediária, isto é, potência do entre. Assim, porque se encontra entre Parmênides e Heráclito, Platão pensa um poder que se infiltra no cotidiano por ser pastoral, posto que, afinal, as páginas de Político continuam o que é pensado em O sofista.
Leiamos de forma muito breve o quanto esse Platão atravessa estes três filósofos:
1) NIETZSCHE – EmAssim falou Zaratustra, a terceira metamorfose é a criança, estando entre o Sim do asno e o Não do leão. Elaé o terceiro elemento em A república, elemento esse representado pela imagem do tirano, senhor das duas mentiras pensadas por Platão, a nobre e a falsa. Em Nietzsche, a criança é a única capaz de combater o sacerdote, mas não por meio do combate-contra, que pertence ao leão, e sim por meio do combate-entre, isto é, entre-dois signos assimétricos, no caso, entre o Sim do asno e o Não do leão, por isso terceira metamorfose. A criança escapa ao dualismo do Bem e do Mal;
2) FOUCAULT – Nas páginas de Segurança, Território, população, Foucault reserva um espaço muito generoso para Platão, porque este, que pensou o poder pastoral em Político, fez com que Michel Foucault visse a semente do seu conceito de microfísica do poder. Ora, o poder pastoral é uma forma de poder que só pode ser entendida pelo conceito de entre, conceito que chega em sua plenitude em O sofista. Não só: o Panóptico projeta o espaço de exceção, o entre.
3) DELEUZE – Quando Deleuze-e-Guattari pensam o conceito de máquina de guerra, ambos deixam claro que, sem pensar o entre, não se pensa máquina de guerra, porque ela é um grau de entre. Mais: o devir se dá entre. A obra deleuziana é atravessa pelo entre.
Importa para as pesquisas de Aldo Tavares que linhas cruzem outros filósofos, permitindo composições entre pensamentos dessemelhantes, porém não opostos, por exemplo, Platão e Nietzsche, cujas filosofias dialogam entre si. Desde sua origem, a filosofia é composição entre assimétricos, e Platão é exemplar.
Eliane Soares

Tenho formação em Psicologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Psicanálise pela Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle e em Arte-terapia em “O Ateliê”, que tem referencial teórico da psicanálise, da arte e da filosofia contemporâneas. Pós-graduação em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ, com ênfase no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais de pacientes internados e em atendimento ambulatorial.
Minha experiência profissional se pauta em 30 anos no exercício de psicanálise e psicoterapia de orientação psicanalítica de adolescentes e adultos em consultório particular. Em Psicanálise, meus estudos teórico-clínicos centraram-se em Freud e D. W. Winnicott. Como Psicóloga concursada da Secretaria de Justiça, no DEGASE, realizei atendimento a adolescentes em conflito com a lei, bem como a seus familiares. No campo institucional também exerci a Direção Técnica da Fundação Lar Escola Francisco de Paula, destinada ao atendimento a bebês, crianças e adolescentes especiais e de atenção a grupos de crianças acolhidas nas S.O.S. Aldeias. Realizei uma primeira aproximação com a filosofia através da pós-graduação em Filosofia Contemporânea na UERJ, aprofundando-os no curso de Pós-graduação lato sensu em Filosofia Moderna e Contemporânea da Faculdade de São Bento (RJ), defendendo a monografia “Da liberdade à Consideração – uma breve aproximação ao pensamento de Axel Honneth”.
São três as questões que desejo trabalhar teórica e filosoficamente: em primeiro lugar, uma investigação sobre o papel do reconhecimento na construção intersubjetiva da individualidade humana. Em segundo lugar, um estudo da centralidade da experiência estética, dos afetos e dos sentimentos morais na expressão de si, bem como na e para a formação de uma comunidade política autônoma, fatos não tangenciados na tradição racionalista que dá suporte à teoria psicanalítica de matriz freudiana e lacaniana. Por fim, as possíveis relações entre estruturas mentais, teoria política e análise dos poderes. É em torno destas três questões que realizo atividades de livre pesquisadora em formação, inserindo-me na intercessão entre os Planos de Convergência “Humanismo, Pragmatismo e Complexidade” , “Estética, Artes e Afetos”, “Individualidade nas suas relações” e “Revolução do Dom” .
Liz Ribeiro

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ e livre-pesquisadora do Ateliê de Humanidades. Começou, ainda no final da graduação, a pesquisar nas áreas de Sociologia da Arte e da Cultura. Durante a elaboração do projeto de mestrado, seu objeto se aproximou dos estudos da Antropologia, não apenas da arte mas também da ciência e tecnologia. Decisivo foi a respeito disso o encontro de obras que exploram o cruzamento entre tecnologia e arte. Vem desde então pesquisando tais interações com ênfase nos usos da robótica na arte, bem como as relações entre humanos e não-humanos que emergem dessas produções.
Lucineide Costa Santos

Graduada em biblioteconomia e documentação na Universidade Federal da Bahia, trabalhei em bibliotecas gerais e especializadas (Sesc, Superpesa, Colégio Anglo americano) e em projetos de organização de bibliotecas (Biblioteca Nacional, Acervo Mário Pedrosa, Banco do Brasil). Aprovada em alguns concursos públicos, vim a trabalhar em órgãos públicos (Procuradoria Geral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro). Também trabalhei em organização de acervos privados (Heloisa Helena Barbosa Advogados, Gustavo Tepedino Advogados, De Lima Assafim Advogados, Benjó, Garcia, Souto & Novaes Advogados). Ao longo do tempo acabei por me especializar em documentação jurídica.
Nesse meio tempo, cursei especializações em Indexação da Informação e em Gestão do Conhecimento na Universidade Santa Úrsula, e também especialização em Ciências da Religião e Filosofia Moderna e Contemporânea na Faculdade São Bento do Rio de Janeiro. Atualmente sou mestranda em Ciências da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora e livre-pesquisadora em formação no Ateliê de Humanidades. Venho estudando o tema da ética no candomblé desde a especialização em Ciência da Religião, sob a orientação do Professor André Magnelli, ao qual dou continuidade no mestrado sob a orientação do Professor Volney Berkenbrock na UFJF. Estudo no Ateliê de Humanidades temas variados relativos à minha dissertação, tais como antropologia e sociologia da religião, teoria etnográfica, estudos sobre candomblé, ética e filosofia moral e filosofia moderna e contemporânea, inserindo-me nos seguintes Planos de convergência: “(Re)pensando a secularização”, “Brasiliando”, “Individualidade nas suas relações”, “Estética, artes e afetos” e “Revolução do dom”.
Marco Aurélio de Carvalho Silva
Possui Licenciatura em Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ -1989). Atua como professor de Língua Inglesa desde 1986. Formou-se em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) em 2003. Atua desde então como psicólogo clínico, usando a Psicanálise como base teórico-clínica. Em 2006 concluiu uma Especialização em Teoria e Clínica Psicanalítica pela UNESA. Investigou o tema sobre a “Supervalorização do Objeto na Contemporaneidade” orientado pelo Professor Doutor Eduardo Rosenthal. Em 2007 concluiu a Especialização em Saúde Mental pela UERJ, investigando o tema “Dos Pré-Freudianos a Freud: A Humanização das Perversões”, orientado pelo Professor Doutor Marco Antonio Coutinho Jorge. Em 2011, também na UERJ, defendeu a Dissertação em Psicanálise intitulada “Fetichismo e Masoquismo: dois Paradigmas da Estrutura Perversa”, orientada pelo Professor Doutor Marco Antonio Coutinho Jorge. Em 2015, cursou a Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea pela Faculdade São Bento-RJ. Investigou o tema do “Périplo da Consciência na Filosofia do Espírito de Hegel”, orientado pelo professor doutor André Magnelli.
Na sua atuação clínica, sentiu a necessidade de investigar o tema dos Afetos, que está em voga na cultura devido aos numerosos diagnósticos de transtornos Bipolares do Humor. Entretanto, como o Pai da Psicanálise não discorreu especificamente sobre a questão dos Afetos e pelo fato de Jacques Lacan ter reduzido a questão dos Afetos à angústia, o pesquisador desejou lançar mão da Sociologia e da Filosofia para dar conta do tema no interior do Ateliê de Humanidades. Ele o pesquisa em duas frentes. Na via da teoria psicanalítica e da prática terapêutica, estuda a presença de uma teoria dos Afetos nas entrelinhas da própria obra de Freud como um todo, assim como em ensaios de teóricos psicanalistas dedicados à questão, como André Green, Monique Schneider e André Martins. Em segundo lugar, ele busca ampliar sua formação psicanalista ao debruçar-se em sociólogos e intérpretes da cultura, dentre os quais E. Durkheim, A. de Tocqueville, Norbert Elias, Christopher Lasch, Paul Ricoeur, Marcel Gauchet, Byung-Chul Han e eva Illouz. Engaja-se neste percurso nos seguintes Planos de Convergência: “Estética, artes e afetos”, “Individualidade nas suas relações” e “Linguagem, Discurso e Retórica”.
Maria das Graças Siqueira da Rocha

Bacharel em Economia pela UERJ e em Filosofia pela Faculdade São Bento do Rio de Janeiro – FSB, possui pós-graduação em Engenharia Econômica e Organizações Industriais pela CEPUERJ e em Filosofia Moderna e Contemporânea pela FSB.
Participa do Grupo de Estudo Amigos com a finalidade de realizar um estudo interdisciplinar sobre os fundamentos de uma concepção e prática de economia norteada por uma moral “anti-utilitária” ou “não-mercadológica”, para se chegar a um esclarecimento das semelhanças e contrastes das chamadas “economia solidária”, “economia cooperativa”, “economia de comunhão”, “economia civil” e “altereconomia”, bem como dos conceitos de “solidariedade” e de “fraternidade”.
O Grupo iniciou com o aprofundamento da questão do reconhecimento, sob o ponto de vista filosófico, através do pensador Paul Ricoeur com base em sua obra O Percurso do Reconhecimento.
Rafael Damasceno

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional-UFRJ; possui graduação em Ciências Sociais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Membro fundador do espaço de livre estudo, pesquisa, escrita e formação Ateliê de Humanidades (RJ), Rafael Damasceno é, além de Livre-Pesquisador em Formação, Coordenador Adjunto do Corpo do Ateliê de Humanidades.
Tendo obtido bons resultados em olimpíadas de exatas ainda no Ensino Médio (com premiação em etapas da OBQ em 2011 e 2012), Rafael já caminhava por temas que viriam a ser seus mais importantes objetos de estudo e pesquisa atuais. Deixando de lado sua intenção de se enveredar pela Engenharia – sem, no entanto, perder interesse técnico e teórico nas disciplinas “exatas” -, decidiu seguir pelo curso de Ciências Sociais (Bacharelado) sempre procurando entender e refletir sobre os problemas e paradigmas das chamadas “sociedades complexas”, com especial atenção à produção tecnocientífica de ponta. Há por parte de Rafael um esforço de caminhar pela continuidade epistemológica entre a filosofia, as ciências humanas (antropologia, principalmente) e as ciências exatas (matemática, física e química). Em sua abordagem nos estudos sobre Inteligência Artificial a serem desenvolvidos no mestrado em andamento, suas intenções de pesquisa se desdobram em duas frentes: a primeira está no interesse em cartografar a interação entre essas novas formas de vida artificiais e “nós”, humanos, a partir de uma perspectiva cosmopolítica e de metafísica comparada, sempre se indagando sobre questões caras aos estudos antropológicos das ciências e tecnologias: O que é ser humano? O que é máquina? E de que maneira as novas tecnologias compõem a socialidade moderna?; a segunda se dá a partir de abordagens sobre questões cognitivas, tanto através da Antropologia quanto através de perspectivas mais técnicas e matemáticas dos tão falados algoritmos de programação.
Desenvolve desde o primeiro semestre de 2017, sob tutoria de André Magnelli, atividades de estudo, pesquisa e formação na interface da etnologia ameríndia e da filosofia contemporânea, com ênfase nas obras dos etnólogos Pierre e Helène Clastres, dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari e de seus desdobramentos contemporâneos na etnologia ameríndia (Tânia Stolze Lima, Eduardo Viveiros de Castro, Renato Sztutman, entre outros) buscando refletir sobre questões do tempo presente (democracia, tecnologia, religião, etc.) a partir de uma mitologia política e de uma ontologia comparada.
Suas linhas e agendas de pesquisa se encontram, portanto, na interface da Antropologia da Ciência e da Tecnologia, Antropologia Política, Etnologia Ameríndia, Ecologia Política, Filosofia Contemporânea, Teoria Antropológica e Sociológica, e se emaranham nos seguintes Planos de Convergência: “Tecnociências & Sociedade”, “(Re)Pensando a secularização”, “Dis(u)topias”, “Ecologias Políticas para o Antropoceno” e “Entre Humanismo, Pragmatismo e Complexidade”.
Raphael Castro Souza

Raphael Castro Souza é cientista social formado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2009 – 2013). Durante a graduação estudou articulações entre filosofia política, filosofia da técnica e de suas relações com as ciências sociais. É interessado na articulação entre teorias, técnicas e práticas, centrado principalmente na resolução de problemas humanos. É especialmente interessado na questão da criatividade e da novidade na pensadora e teórica política, a Judia-Alemã Hannah Arendt.
Fundador da Startup Campos, instituição sem fins lucrativos voltada para o fomento da cultura e da economia de startups em Campos dos Goytacazes e Cofundador da Planic.ie, uma comunidade de empreendedorismo e inovação. Atua com fomento de novas matrizes econômicas centradas em tecnologia da informação com o objetivo de encontrar novos rumos para o desenvolvimento econômico. É interessado no debate sociológico de tendências e correntes emergentes de pensamento e metodologias aplicadas como o design thinking, future thinking metodologias ágeis, lean startup etc. Também tem procurado entender novos processos sociais que estão em curso como revolução do empreendedorismo, revolução 4.0, Novas Economias, comunidades empreendedoras, Governo 3.0, bem como os adventos tecnológicos como Smart Cities, Big Data, Internet das Coisas e Inteligência artificial. Acredita que é possível encontrar formas de viver e conviver combinando tecnologia, colaboração e novas formas de organização e produção. Entende que todos os homens são potencialmente criativos e inovadores, sendo capazes de mudar sua própria realidade agindo em sociedade.
Dentro do Ateliê de Humanidades, realiza, a partir das contribuições teóricas do pensamento alemão do século XX, em especial Hannah Arendt, busca aprofundar sua crítica da sociologia com o intuito de, a partir de uma teoria da vita activa, propor uma sociologia da criação e da inovação, capaz de orientar estudos sobre processos criativos, resolução de problemas complexos, desenho de soluções colaborativas e iniciativas econômicas e societais. Insere-se, para tanto, nos Planos de Convergência “Tecnociências e sociedade”, (Re)Pensando a Secularização”, “Transformações dos Capitalismos” e “Entre Humanismo, Pragmatismo e Complexidade”.
Renato Magnelli

Técnico em mecatrônica e estudante de engenharia de controle e automação pela Universidade Federal da Bahia, atuando no ramo de produção offshore. Tem interesse pelos temas e questões levantados pela Filosofia, pela Sociologia e pela Antropologia, que ainda não se tornaram precisas o suficiente para serem objeto de estudo das ciências exatas, mas que são de grande interesse delas, tais como epistemologia, interação humano-máquina, cibernética enquanto estudo do controle, comunicação no homem e na máquina e as implicações epistemológicas, antropológicas, éticas e políticas da ciência dos dados e da inteligência artificial (IA).