O que é o Ciclo de Humanidades?
O Ciclo de Humanidades: ideias e debates em filosofia e ciências sociais é realizado desde 2019 pelo Ateliê de Humanidades & o Escritório do Livro da Embaixada da França no Brasil & BiblioMaison. Após a realização de um total de 18 encontros com distintos temas (10 em 2019 e 8 em 2020) e de 6 entrevistas com autores francófonos (Serge Paugam, Jean-Louis Laville, Françoise Vergès, Jean-Yves Camus, François Dubet e Pierre Lévy), chegamos agora em 2021, quando realizaremos no mínimo 8 encontros e 6 entrevistas.
Em 2021 temos três novidades: teremos um tema transversal a ser desdobrado ao longo do ano; vamos ampliar o diálogo entre as humanidades e as ciências da natureza e da vida; e aumentaremos a presença de formas não-europeias de pensamento, cultura e civilização, com atenção especial aos saberes ancestrais (de matriz ameríndia e africana) e às filosofias africana, latinoamericana, das Antilhas e do Caribe.
Evento gratuito
Quando ocorre?
Toda última quinta-feira do mês
Que horas?
Das 19 às 21 horas
Onde?
Plataforma ZOOM para inscritos / streaming no Youtube para todos
Tema transversal – Recompor os fios da vida
Um humor de desesperança paira no ar. Pensar o tempo em que estamos imersos nos aparece como desafio insuperável; transformar a realidade que nos asfixia aparenta ser tarefa impossível. Nosso mundo se decompõe e a perplexidade nos imobiliza…
Viveremos em tempos de catástrofes?
O ar de uma nova estação sopra por todos os cantos. Todas as dimensões da vida estão em acelerada mutação e o casulo que nos envolve parece se desfazer para que algo de novo prepare o seu voo…
Viveremos em tempos de metamorfoses?
Não temos respostas cabais, porque não podemos saltar para fora de nossa época. A única certeza que temos é a demanda de pensarmos em conjunto e de forma renovada os desafios que se impõem a nós, como seres vivos, sociais e humanos, porque eles colocam em jogo nada menos do que nosso destino comum…
Para isso, precisamos ter o cuidado de recompor os fios da vida.
Programação
No contexto de crise global que vivemos, propomos como problemática transversal do ano a vida em suas múltiplas facetas.
1º encontro (29 de abril)
E a vida, o que é? Um diálogo entre mitologia, filosofia e ciência
Em seu famoso samba, Gonzaguinha nos interpelava: “e a vida o que é? Diga lá, meu irmão…”. A pergunta sobre o que é a vida converge todos os saberes e quereres, pois sua resposta diz respeito ao que somos nós, qual nosso lugar no cosmos, com quem convivemos e qual o sentido da existência. No nosso primeiro encontro, faremos uma reflexão coletiva sobre o que é a vida, a partir de um olhar cruzado entre a mitologia, as ciências naturais e a filosofia.
2º encontro (27 de maio)
O que pode a arte?
como a arte se relaciona com a vida
Nas sociedades modernas, boa parte da nossa compreensão da arte se deu através de uma tensão com a vida. Entre as diferentes formas de pensar a relação entre arte e vida, alguns chegaram mesmo a defender uma arte pela arte. Independentemente disso, a arte moderna se imbuiu de um papel de vanguarda, muitas vezes voltada para a transformação social. Contudo, as artes contemporâneas se distanciaram desta visão tradicional. Ao mesmo tempo em que se misturam na vida em comum e se tornam crescentemente múltiplas e híbridas, as artes se tornam alvo de diversas polêmicas, provocadas pelos próprios artistas ou por parte do público, que colocam a todo momento a própria arte em questão: o que é a arte? O que pode a arte?
3º encontro (24 de junho)
Imaginar é preciso!
Reativar a potência da imaginação
Neste encontro, refletiremos sobre a importância da imaginação humana para compreender e superar nossa realidade asfixiante. As utopias parecem se esgotar e a própria realidade vem a se tornar “distópica”. Mas, como diria o poeta, “se é preciso viver, então imaginar é preciso!”. Em um diálogo entre o cinema, a literatura e filosofia, dialogaremos sobre o papel da imaginação para a construção de uma realidade significativa e um mundo habitável.
4º encontro (29 de julho)
Outros mundos sempre existiram
confluências afro-indígenas
Nem sempre precisamos parir utopias do zero e, tal como titãs, construir outros mundos possíveis. Afinal, outros mundos sempre existiram. Muitas vezes, inclusive, a vontade de transformar a realidade esteve associada à destruição de múltiplos saberes, práticas e seres vivos, humanos e não humanos… Em busca de uma confluência de distintas “heterotopias” (“lugares outros” em relação a que predomina), iremos fazer um diálogo com a filosofia africana e os saberes ancestrais quilombola e indígena.
5º encontro (26 de agosto)
O que nos dizem os animais?
O que é o ser humano? Na tradição ocidental, a definição da natureza humana se deu em oposição ao mundo animal e aos demais seres vivos. Mas o que é um animal? Ao contrário de uma visão excludente que nos daria todos os privilégios da Terra sobre os outros seres, os estudos em zoologia, etologia e ecologia revelam que “os animais” possuem muitas características “demasiado humanas”, como a afetividade, a empatia, a sociabilidade, a comunicação, a ritualidade, o senso estético, a cooperação, a inteligência, a organização política etc. Além disso, nossas sociedades estão reconhecendo e transformando nossas relações com os animais, revalorizando tradições ancestrais e avançando em outras práticas e em novos direitos. Diante das desilusões com o antropocentrismo e suas consequências humanas e ecológicas, estaremos caminhando para alguma forma de bio-, zoo- ou eco-centrismo? A respeito das formas de viver e habitar o mundo, o que nos dizem os animais?No quinto encontro do Ciclo de Huma
6º encontro (30 de setembro)
Trans-humano, demasiado humano?
O desenvolvimento tecnológico nos faz refletir sobre o que somos nós, os humanos, e qual será nosso futuro próximo. As novas tecnologias antevêem a transformação corporal, mental e mesmo molecular dos corpos. A informática, a computação, a robótica, as biotecnologias e as nanotecnologias não apenas assinalam processos de hibridização entre o humano e a máquina, mas também mostram que as máquinas são capazes de fazer coisas que antes somente os humanos faziam.Não faltam prognósticos, alguns prenunciando catástrofes, como a perda da unidade da espécie com novas formas de eugenia, outros celebrando a transhumanidade, com a superação dos limites orgânicos do humano. Estaríamos em um ponto de ruptura? Quais seriam as possíveis existências que estamos a assumir? Estaremos rumando a alguma forma de pós-humano, transhumano ou neohumano? E como as transformações em curso nos fazem repensar, na verdade, o que sempre fomos?
7º encontro (28 de outubro)
Em busca do espírito humano:
Somos algo além de um corpo com cérebro?
Com o desenvolvimento das neurociências, das ciências cognitivas, da inteligência artificial e das intervenções biomédicas, surge uma série de conhecimentos que põem em questão algumas das feições mais caras do ser humano: qual é a origem da mente? Como se dá o processo de pensamento? Como nos tornamos conscientes de nós mesmos e do mundo à nossa volta? Temos nós um inconsciente? Seremos algo além de um corpo com uma máquina cerebral hipercomplexa e manipulável? Afinal, existe em nós aquilo que, classicamente, denominamos de “espírito humano”?
8º encontro (25 de novembro)
A sabedoria importa:
Como aprender a viver/morrer?
Como recompor os fios da vida sem um tanto de sabedoria?
A filosofia moderna distanciou-se de um filosofar preocupado com o “como viver”, ocupando-se quase inteiramente com os fundamentos do conhecimento científico ou a crítica da legitimidade das coisas. Quando tratou de questões práticas, a tendência foi ser atenta ao que é justo, tendo pouco apuro com os problemas relativos ao como viver, existir e agir num mundo pleno de inquietudes, conflitos e anseios éticos. Por seu lado, nossa vida social se organiza bastante sobre a crença bem estranha de que saberemos o que fazer nos baseando apenas em receituários técnicos e artefatos tecnológicos.
Todavia, diante do esgotamento das velhas utopias e no contexto das muitas crises, aumenta a necessidade de que nosso pensamento seja conectado com a vida e a teoria com a prática, o que demanda reconhecermos que “a sabedoria importa”.
Assista às entrevistas do Ciclo de Humanidades 2021 e 2020
Entrevistas do Ciclo de Humanidades
Ciclo de Humanidades 2020








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