No contexto do quinto encontro do Ciclo de Humanidades “O que nos dizem os animais”, publicamos em francês, sem edições, a entrevista do filósofo francês Dominique Lestel, feita por André Magnelli no dia 26 de agosto. Posteriormente, publicaremos a mesma entrevista com legendas em português.
Começamos nossa conversa com uma breve exposição da trajetória intelectual de Dominique Lestel, para em seguida explorar sua perspectiva bio-semiótica sobre o que é a animalidade e como se constitui a comunidade híbrida humano/animal. Isso nos leva à sua crítica ao atrelamento da defesa dos animais ao vegetarianismo e ao veganismo, o que o faz defender um “carnívoro ético”. Discorremos também sobre o que é uma “espécie animal”, como se dá a “referência à espécie” e como as experiências do sujeito, do indivíduo e da pessoa estão no coração da animalidade; fato que nos faz abordar a reformulação por Lestel da questão da amizade em uma perspectiva interespecífica.
Passamos para o final da entrevista abordando sua interpretação do tempo presente a partir de uma posição esclarecida sobre como defender os animais e quais as consequências das tecnologias de inteligência artificial. Baseando-se em uma crítica à catástrofe ecológica e ao pós-humanismo, Lestel analisa as relações entre humanos, animais e máquinas desenvolvendo uma bioética da reciprocidade e uma ética da dívida infinita do humano em relação à animalidade. Na medida em que a animalidade não está apenas no nosso passado, mas é também o futuro da humanidade, temos as últimas palavras tratando da utopia filogenética e do zoo-futurismo.
Quem é Dominique Lestel?
Dominique Lestel é filósofo, professor de filosofia da École normale supérieure da la rue d’Ulm. Ele desenvolve uma “etologia filosófica” que, a partir da análise das relações entre vida/humano/animal/máquina, busca esclarecer não apenas o que é o animal e o humano, como também as próprias origens animais da cultura. Além disso, na sua análise da comunidade híbrida humano/animal, ele lança novas luzes sobre temas como a natureza da inteligência, da arte, do instrumento, da amizade etc. No debate sobre ética, escreveu uma defesa do “carnívoro ético” e assumiu uma posição em prol do animal como sendo constitutivo do humano, tanto do seu passado quanto do seu futuro. É autor de livros como “L’Animalité Essai sur le statut de l’humain” (Hatier, 1996), “Les Origines animales de la culture” (Flammarion, 2001), “L’Animal singulier” (Seuil, 2004), “L’Animalité” (Herne, 2007”), “L’Animal est l’avenir de l’homme (Fayard, 2010), “Apologie du carnivore” (Fayard, 2011), “À quoi sert l’homme?” (Fayard, 2015).
Tempo do vídeo:
37 minutos e 4 segundos

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