A possibilidade de analisar, interpretar e criticar pode ser limitada por critérios identitários? Em nome da “justiça”, do “direito” e da “igualdade”, pode-se criar um sistema de “dois pesos, duas medidas” com um direito desigual à fala e à afirmação de suas próprias identidades em face a preconceitos, depreciações e distorções? Como um fruto de suas pesquisas de pós-doc na UENF, Nelson Lellis traz aqui uma análise das complexidades da relação entre os evangélicos progressistas e as religiões afro.
Como diz Lellis, a crítica à violência não pode ser seletiva, pois “nenhum fiel [assim como nenhum cidadão] pode ser blindado por lógicas identitárias“. Como defender o direito de todos e combater a violência feita em nome da religião sem rezar na cartilha do identitarismo, que impede um efetivo diálogo? Sem uma hermenêutica cuidadosa de mão dupla e a liberdade do pensamento crítico, apto a desarmar desonestidades intelectuais, mentiras e falsificações de qualquer lado que vierem, será muito difícil construir um diálogo inter-religioso efetivamente democrático.
Arrisco dizer que uma parte do desafio contemporâneo está em resistir a se deixar enquadrar em categorias supostamentes homogêneas, não receando em dizer “não” a qualquer pecha infame lançada às suas faces, promovendo, ao mesmo tempo, a exigência de compreensão não identitária do processo de entendimento comum.
Desejo, como sempre, uma ótima leitura.
A.M.
Fios do Tempo, 02 de abril de 2023
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Quando o identitarismo obstaculiza a crítica:
evangélicos na nova esquerda e
sua relação com as religiões afro
Alguém já disse que ninguém escreve um texto sozinho. Nas palavras de Marx, estamos sempre sobre os ombros de gigantes. No caso desse ensaio, as leituras críticas de Roberto Dutra, Eduardo Regis e Fabio Costa foram-me úteis para melhor reelaborar argumentos; e a revisão cautelosa de André Magnelli que, além de posicionar bem o assunto para os leitores a partir de suas introduções editoriais, oferece a cada colaborador do Ateliê um retorno substantivo quanto aos artigos. Mesmo com a leitura e revisão dos citados colegas, caso algum leitor queira “sentenciar” o autor do conteúdo dessa reflexão, tomo emprestado o Confiteor católico para afirmar: mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa.
***
Os tempos atuais anunciam que existem textos que nascem fadados ao fracasso, não por conduzirem às reflexões intelectuais que procuram certo distanciamento do objeto, mas por não se submeterem às regras de uma política simbólica que ganha cada vez mais espaço no Brasil. Talvez, o presente ensaio seja um desses textos que alguém lerá e encaminhará para outro dizendo: “olha só isso, nunca imaginei que…” ou “a partir de agora, é cancelamento nele!”. Bem, não sou o primeiro e nem serei o último a experimentar honroso julgamento. No entanto, pode ser apenas uma percepção adiantada ou pretensão de que o texto surtirá algum desses efeitos. Ai de mim!
O meu (não) lugar de fala
Nasci homem, branco e pobre diante do cenário político do então presidente João Figueiredo. Para o identitário (raiz), o que eu disser além da classe e do meu próprio gênero, estarei manifestando sem o devido “conhecimento de causa”. Não poderia falar sobre o feminismo, porque não sou mulher; nem do racismo, porque sou branco; tão pouco de preconceito de gênero, porque sou hétero. Em outras palavras, o “lugar de fala” pertence a determinado grupo que carrega autoridade/legitimidade para abordar temas relacionados a esse mesmo grupo. Para a psicanalista Maria Rita Kehl, seria um “lugar de cala-se”, independentemente do nível de instrução do sujeito, ele não está autorizado a falar caso não tenha o carimbo identitário daquele grupo.
O fato de um grupo ter sofrido (e ainda sofrer) violências e/ou restrições (que também poderiam ser classificadas como um tipo de violência) coloca outros como responsáveis por tais desventuras, logo, são deslegitimados, não podem se pronunciar por mais que não tenham participado da ação violenta. Não sendo tão radical quanto à premissa, os sujeitos bem-intencionados até conseguem se aproximar, mas são mantidos com desconfiança sob os olhos atentos dos identitários. Caso haja algum vacilo, alguma palavra que não corresponda ao vocábulo reconhecido como um código naquela coletividade, e se um dia não iniciar sua palestra dizendo “Bom dia a todos, a todas e a todes”, certamente não será mais convidado e poderá ser cancelado nas redes.
Cancelar alguém é o mesmo que desqualificá-lo. O que seria isso senão um tipo de violência e que impede um debate público crítico, com levantamento real de dados (e não apenas dados inflacionados, sem a devida atenção a cada caso, como ocorreu com o Grupo Gay da Bahia, que exagerou em relatórios quando dos 347 casos de violência contra homossexuais e travestis, apenas 31 [ou seja, 9%] poderiam ser tratados, indiscutivelmente, como violência a esse grupo[1])? A discussão que não ultrapassa a arena da militância corre constantemente o risco de perverter o conceito de autoridade, importante para a garantia da veracidade dos fatos.
Lendo a tese de Juliano Medeiros[2], atual presidente do PSOL, deparo-me com a seguinte declaração de seu prefaciador, Pablo Iglesias, já na primeira página, e que traz como título “Pensar fora da caixa”:
Os colegas cientistas políticos que ensinam e pesquisam sem nunca terem praticado política terão que me perdoar, mas acho que o valor da reflexão da ciência política de quem tem responsabilidades militantes merece outra relevância.
(Grifos meus)
Reproduzo os grifos: “valor da reflexão (…) de quem tem responsabilidades militantes merece outra relevância”; “de quem tem!”. Imagino Edgar Morin ou Pierre Rosanvallon, que abriram mão da militância política, lendo um parágrafo desse. Não se pode qualificar um trabalho pela “experiência” pessoal, ou por ter deixado o partido político, o coletivo tal, a ONG, ou até mesmo por nunca ter frequentado a esfera da militância. O valor da reflexão de quem milita politicamente não é maior ou melhor de quem a produz em suas pesquisas utilizando ferramentas teóricas adequadas para análise da realidade.[3] Há quem diga, inclusive, que pesquisas de militantes na academia precisam ser lidas com maior cautela.
Experiência pessoal pode trazer elementos importantes, mas possui seus limites e não tem a palavra final. O “lugar de fala” enquanto saber é legítimo, mas não pode ser corrompido. O professor tem “lugar de fala” enquanto educador porque detém um saber; ainda assim, de uma área específica. Eu, por exemplo, jamais discutiria as medidas dadas por um pedreiro para levantar um muro em meu quintal.
Pessoas de determinado grupo identitário também detêm saberes, mas isso não configura que outros não possam interpretar aquela realidade. Ser membro com pedigree de determinado grupo não faz do indivíduo um exímio conhecedor de(a) causa, uma vez que cada grupo possui uma cartilha de regras e critérios de conhecimento, impossibilitando, por vezes, enxergar a amplitude do horizonte social e realizar a autocrítica. Descartes já havia exposto que as convicções derivam mais do costume e do exemplo do que de qualquer conhecimento.[4] Como seria possível, por exemplo, Max Weber falar com tamanha propriedade sobre o protestantismo sendo que seu interesse não nasceu de uma experiência pessoal ou de fazer parte de uma igreja, mas da religiosidade de sua mãe Helene F. Weber e de sua tia Ida Baumgarten, ambas admiradoras do unitarismo americano do século XIX? Como atacar as pesquisas de Karl Marx, que foi um teórico do capitalismo (e não do comunismo), sem ter feito parte da burguesia europeia, e que foi sustentado por anos por seu amigo Friedrich Engels? Em outro campo: como imaginar um ginecologista homem?, ou um abolicionista branco?, ou um pastor evangélico defensor de religiões afro?
E o que pensar dessa importante defesa de evangélicos em relação às religiões afro? Eis o meu exercício.
Os evangélicos no terreiro de Jesus
“Eu vou pro samba no Terreiro de Jesus”, já dizia João Bosco ao se referir à Praça Terreiro de Jesus, localizada no centro histórico de Salvador-BA. A canção traz termos africanos como “bamba” (que vem do dialeto quimbundo), adereços de religião afro como “guia” e “tamanca”, bem como “chapéu panamá” e “linho branco”, que compõem o figurino de Zé Pilintra, uma entidade “incorporada” em terreiros de umbanda. Embora tais elementos estejam presentes, “Terreiro de Jesus” faz referência ao local onde foram construídos a primeira capela e o primeiro colégio dos Jesuítas. Isso ocorreu ainda no século XVI.[5] Portanto, não tinha uma relação direta com os terreiros afros, que surgiriam no Brasil séculos mais tarde.
Diante da ilustração acima, temos testemunhado um enredo bastante incomum no Brasil: após inúmeros casos de violências física e simbólica praticadas por cristãos em relação aos fiéis de religiões afro, cresce também o número de atores que defendem o diálogo inter-religioso e apostam, para além desse diálogo, em uma nova hermenêutica de textos sagrados e em um novo olhar sobre a história: a relação entre brancos e negros, homens e mulheres, homens e demais gêneros, mulheres brancas e mulheres negras, assim como a discussão de uma teologia negra, queer, decolonial etc.[6]
Não apenas líderes, teólogos e membros isolados, mas coletivos e movimentos são organizados a fim de promover debates, cursos, produção de literaturas – sem contar as editoras que se curvam aos temas identitários para se fortalecerem nesse crescente mercado. Essa dinâmica busca reforçar a identidade afro em todos os aspectos, de sua relação à cor até à religiosidade – ainda demonizada por outra parcela da sociedade cristã. Com o intuito de universalizar a nova interpretação da bíblia, encontrando nela valores e conceitos dos Direitos Humanos, reinventando traduções a partir de um contexto distante do mundo antigo e com metodologias identitárias, esses evangélicos, que ocupam um pequeno espaço na Câmara dos Deputados e maior visibilidade no Governo atual do presidente Lula, revisitam terreiros destruídos para reconstruí-los (muitas vezes) com seus próprios recursos, encaminham mensagens de paz e respeito ao lado de pais e mães de santo, manifestam-se contra depredações e vandalismos em imagens religiosas afro em lugares públicos etc.
A nova esquerda[7], que busca, desde finais do séc. XX dar conta de reivindicações para além das de classe, abriu as portas, sobretudo na Europa e nas Américas (Gonçalves discute esse reflexo na África[8]), para uma luta política essencialmente simbólica, cujas pautas levantadas ainda apresentam poucas alternativas reais. Nessa nova esquerda, encontramos outras tonalidades com os evangélicos que se apresentam e são classificados – em oposição aos conservadores – como progressistas. Daí, podem ser encontrados grupos como: Frente Evangélica Pelo Estado Democrático de Direito, Movimento Negro Evangélico, Rede de Negras Evangélicas, Rede Afrokut, Evangélicas pela Igualdade de Gênero, Frente Evangélica pela Legalização do Aborto, Coalização de Evangélicos pelo Clima etc. E até um grupo que lança mão do que chamam “gênero neutro”: Evangélicxs pela Diversidade. (E isso sem contar com inúmeras comunidades virtuais para trocas de informação e materiais, debates, reuniões.)
Nesse exercício crítico gostaria de apresentar, ainda que brevemente, uma hipótese acerca da crescente relação de evangélicos com a tradição africana e apontar alguns aspectos desse segmento que, por se ocupar em denunciar as barbáries do cristianismo da extrema direita e defender as religiões de matriz africana, vê-se impedido (ou constrangido), pelo manual identitário, de se manifestar quanto à mitologia afro e se posicionar mais fortemente contra crimes cometidos por pastores do que aqueles praticados por pais de santo.
A “africanização” do cristianismo
Não é mais possível afirmar que apenas as religiões de matriz afro enunciam discursos sobre a construção da “negritude” no Brasil. Para além do proselitismo, igrejas evangélicas históricas também articulam, desde a década de 1970, métodos de interpretação bíblica e de revisitação da história para melhor observar os símbolos da herança africana no Brasil. Ou seja, diante de uma presença racista na igreja, como perceber os negros nas raízes do próprio cristianismo?
Reforçando a linha “histórica”do cristianismo africano, a editora Quitanda[9] lançou em 2022 o livro do teólogo metodista Thomas C. Oden, intitulado Quão africano é o cristianismo?, onde o autor procura afirmar a importância dos cristãos africanos nos primeiros séculos, bem como desmontar a narrativa de que o cristianismo africano seria fruto de colonização. Sua tarefa é
mostrar que a mente clássica cristã é moldada de forma significativa pela imaginação que brota do solo africano. Ela carrega as marcas das análises filosóficas, da percepção moral, da disciplina e das interpretações das Escrituras que floresceram primeiro na África antes de chegarem a outro lugar. As sementes se espalharam começando pela África em direção ao norte.[10]
(Grifos meus)
Não há dúvidas de que pais da igreja africanos como Orígenes de Alexandria (séc. II-III), Tertuliano de Cartago (séc. II-III), Agostinho de Hipona (séc. IV-V), deram suas contribuições nas áreas teológica e filosófica em seus tempos, mas, há que se dizer, não tinham em seus discursos a questão da cor como pauta. Usá-los para acentuar o identitarismo seria um “forçar a barra”. Aliás, não nos custa dizer que Orígenes foi um teólogo neoplatônico, que Tertuliano foi influenciado pelo movimento montanista da Frígia (Ásia Menor), e que Agostinho foi influenciado por Platão (Atenas – Europa). Ou seja, assim como o próprio judaísmo foi fortemente influenciado pelos persas[11], não é possível uma teologia africana “puro-sangue”. Ela também possui traços de africanos, mas não se trata de uma herança original, ou seja, sem cruzamentos antecedentes e ausente de influências filosóficas e movimentos teológicos de outros continentes.
Contudo, se a ideia é extrair o máximo da relação (“histórica”) com a África para descrever a conexão da fé com toda a produção feita naquele continente, não é de estranhar que a própria interpretação da bíblia e seus personagens também possuirão características peculiares a esse movimento. O Jesus negro, conforme imagem abaixo[12], passa a ser uma importante ferramenta hermenêutica para reescrever a história do cristianismo percorrendo temas como a inclusão, o preconceito, a chamada decolonização – assunto tão latente na atualidade –, a representação dos oprimidos e periféricos.

O tema está cada vez mais presente nas editoras e nas sentenças de acadêmicos (negros e brancos) em artigos submetidos em revistas muito bem ranqueadas pela CAPES ou em páginas de ensaios e pequenos artigos de opinião. Note este exemplo de uma doutora em história:
Negar a negritude de Jesus Cristo é, nada mais, nada menos, do que reforçar as amarras do racismo que nos constitui, desrespeitando não só a história desse homem, como naturalizando a falaciosa ideia de que o bom, o belo e o civilizado tem [sic] cores definidas.[13]
Tratar Jesus como um personagem histórico firmado por conteúdo teológico e identitário é um traço que acompanha os discursos dos evangélicos progressistas, como pastor Henrique Vieira, hoje deputado federal pelo PSOL, que interpreta Jesus como
[…] um resistente! Afirmar que Jesus é negro não significa criar um discurso contra os brancos, mas quer dizer que Jesus assume esse lugar, essa luta, essa resistência dos oprimidos contra os privilégios e as injustiças, até que finalmente sejamos todos e todas iguais em nosso direito, respeitados e respeitadas em nossas diferenças.[14]
O que interessaria a aproximação da imagem do Jesus negro? Certamente o interesse está ligado a uma teologia pública em que pautas como “justiça”, “direitos”, “igualdade” seriam a base dessa relação com a nova esquerda. Esse é um ponto fundamental para se pensar o movimento evangélico progressista que, por um lado, demonstra seu interesse na operacionalização da africanização do próprio cristianismo[15] favorecendo a teologia negra, divulgada em larga escala por editoras (que, além de publicarem novos autores nacionais [pesquisadores, pastores, militantes], republicam e traduzem obras de personalidades reconhecidas da área efervescendo esse tipo de mercado) e em coletivos do mesmo segmento; por outro, se destaca no apoio às religiões afro, o que facilitaria ainda mais a entrada nessa esfera identitária.
Toda essa dinâmica é totalmente legítima. Enfatizo: legítima! No entanto, o que me ocorre provocar é: em que nível esse envolvimento identitário dos evangélicos obstaculiza a crítica diante de eventos e até mesmo narrativas e poemas das religiões afro quando ferem as pautas sobre “justiça”, “direitos”, “igualdade”?
Quando o identitarismo obstaculiza a crítica
A identificação de evangélicos identitários (negros e brancos) com a luta, com a defesa da liberdade religiosa, contra os tipos de preconceito e violência ao segmento religioso afro, tem sido um importante avanço para o diálogo inter-religioso (em que se evita conflitos de natureza religiosa) e na esfera pública, no que se refere ao enfrentamento de crimes relacionados ao preconceito religioso e maior representatividade política dos interesses de cada um desses segmentos; todavia, esse interesse coletivo (legítimo!) não pode criar barreiras às críticas que são necessárias a todo e a qualquer grupo quando nele se puder perceber algum tipo de preconceito e violência. Não apenas a violência que ocupa os jornais, mas também expressões que estão presentes em poemas que narram feitos de orixás e canções entoadas nos terreiros que, ao serem interpretadas de forma literal, poderiam ser alvo de denúncias e de “batalha espiritual” pela ótica da teologia cristã conservadora.[16] Há um trecho de “Laroyê Exu” (que significa uma saudação a Exu, justaposto aqui por Santo Antônio), praticada em terreiros de umbanda, em sessões da linha de esquerda[17], que traz uma alusão a uma espécie de revide, quase em tom vingativo, através da imagem do mal construído pela tradição cristã:[18]
Santo Antônio pequenino
Amansador de burro brabo
Quem mexer com Santo Antônio
Tá mexendo com o diabo
Por um lado, a lógica de cristãos conservadores é identificar os orixás com o diabo atribuindo a esse segmento afro determinados males – o que reforça o conceito de “racismo religioso”. Por outro, o envolvimento identitário de evangélicos progressistas é um enfrentamento a essa visão teológica hegemônica que busca adequar os ensinos bíblicos à “sociedade plural” tendo como base o diálogo, o Estado laico (que abriga em si diferentes confissões religiosas), a justiça social, a igualdade etc. Evangélicos identitários, brancos ou negros, não admitem pensar o “diabo” como descrito e comparado pela linha evangélica hegemônica. Mas o que fazer com o poema acima? Como interpretá-lo? Melhor: como fazer dessa comparação feita no poema uma ferramenta para combater o preconceito religioso? Eis aí um “desafio”.
Esses mesmos evangélicos que se unem para combater o preconceito religioso, também discursam e formam grupos de pesquisa e coletivos para debater a violência contra mulheres. Quando se trata de algo relativo aos textos sagrados (da bíblia), é comum investirem suas ferramentas do campo teológico para tradução de termos hebraicos e gregos para melhor fundamentar suas defesas. Mas ainda não é comum – ao menos não chega a ser divulgado equivalentemente – a discussão sobre a mitologia afro e suas questões simbólicas que ajudariam, inclusive, a trabalhar seus próprios textos como mitologia – abrindo espaço para uma relação mais concreta com a política.
Na mitologia dos orixás levantada por Prandi[19], por exemplo, Ogum é assim descrito:
Dizem que Ogum abusava das mulheres que iam à floresta.
Com elas mantinha relações sexuais usando de violência.
Uma mulher bonita de nome Iemanjá ficava excitada com as histórias que contavam de Ogum.
Um dia foi à floresta para ser possuída pelo famoso guerreiro.
Ogum teve relações com Iemanjá e depois ordenou que ela partisse.
Iemanjá não queria ir embora e pediu para Ogum lhe dar mais prazer.
Ogum ignorou seus apelos e a expulsou da floresta.
Angustiada, Iemanjá foi pedir ajuda à sua irmã Oxum.
Oxum foi até a floresta à procura de Ogum, envolveu-o com seu mel sedutor e teve relações com ele.
Quando Ogum quis mais, Oxum exigiu que ele fosse para a casa dela.
E eles foram para a casa de Oxum, que era também a casa de Iemanjá.
De noite, no escuro, a esperta Oxum escapou da cama de Ogum e cedeu seu lugar no leito à irmã.
Ogum teve muito prazer aquela noite.
No dia seguinte, quando viu Iemanjá deitada a seu lado, o fogoso amante ficou enfurecido.
Espancou Iemanjá e saiu da casa.
No lado de fora Ogum encontrou Obatalá e começou a bater nela também.
Obatalá fugiu da perseguição de Ogum, foi para o rio, atirou-se n’água e lá permaneceu até que Ogum partisse.
Ogum voltou para o mato e ainda hoje alimenta a fama de gostar de violência.
Sobretudo quando se trata de mulher.
De que maneira evangélicos progressistas leriam tal mitologia? Apresento duas hipóteses:
- dificilmente a palavra “mito” apareceria, pois seria desconsiderar uma base teológica criada para compor sentido ao passado daquela religião; além de quebrar “acordos” que redesenham a imagem de evangélicos que, ao afirmarem o comprometimento com o Estado laico e o respeito às tradições afro, não poderiam sequer pensar na alternativa de uma visão heurística, daí precisam aceitar (quase que como um dado) os mitos que não compõem sua teologia – essa seria uma forma de se manterem no “lugar de fala” enquanto defensores da liberdade religiosa;
- não considerar pública e oficialmente “mito” narrativas de religiões afro, abriria a possibilidade de uma leitura metafórica em relação ao ato sexual de Ogum com Iemanjá como forma de promover lições sobre violência; mas abrir concessões para se falar de quaisquer tipos de “violência” (ainda que na esfera noológica) nesse segmento, seria enfraquecer o argumento de que atos coléricos são exclusivos dos cristãos que interpretam as narrativas bíblicas como literais; em outras palavras, a militância identitária desprovida de um compromisso minimamente racional, obstaculiza não só a crítica, mas impede o uso da mitologia afro enquanto mitologia e enquanto metáfora para ampliar o debate sobre violência na vida real.
É importante que se diga que, embora os fiéis de religião afro, quando lúcidos quanto aos valores constitucionais, conduzam suas vidas de forma não violenta, (re)interpretando suas tradições e textos, com a finalidade de tornar a sociedade mais tolerante e justa – assim como fazem os cristãos que não aplicam literalmente as violências expressas que estão na bíblia –, existem aqueles que se utilizam da religião para barbáries, como o caso de uma criança que foi morta num ritual religioso de matriz africana.[20] Coisa assim também ocorreu com o pai que, buscando ser digno da auréola cristã, assassinou sua filha dizendo ter sido a “vontade de deus”[21]. Qualquer situação semelhante precisa ser alvo de crítica e punição sob o rigor da lei, e isso independe do segmento religioso. Nenhum fiel pode ser blindado por lógicas identitárias.
Seria possível notar o mesmo entusiasmo crítico de evangélicos progressistas a determinados líderes de religião afro quando estes protagonizaram crimes sexuais, de estelionato, de falsidade ideológica, de racismo, de homofobia?
A presença da crítica parece-nos mais óbvia quando está sobre pastores que interpretam a bíblia para: benefício próprio ou de sua denominação; banalização da vida humana; manutenção de estigmas sociais; o silenciamento de mulheres e condenação de diferentes; e muitos outros temas. Por outro lado, essa crítica parece não encontrar tanto espaço nesse grupo quando se trata de denunciar os mesmos casos em religiões de matriz africana. Será que quanto mais ligados à defesa identitária da causa dos negros, que também envolve a religiosidade afro, mais constrangidos ficariam em realizar análises críticas em suas redes de casos como: o pai de santo que foi preso por ter sido suspeito de praticar violência sexual em troca de limpeza espiritual[22]; estupro[23]; estupro com ameaças de morte[24]? Por que estaria mais presente nos evangélicos progressistas identitários a crítica ao seu próprio segmento e muito menos nas religiões de matriz afro? Trago abaixo algumas hipóteses a partir de argumentos elencados pelo filósofo Wilson Gomes.[25]
Existe um manual implícito do identitário que, caso alguém o descumpra, estará fadado ao silenciamento e à sua própria desqualificação para o debate. O primeiro: identificar-se (mimetizar-se) com a minoria e usá-la como escudo. Para o assunto em tela, seria um risco a realização de qualquer crítica ou censura aos movimentos negativos de religiões afro. Seria o mesmo que insultar todo o grupo ou generalizar os pais de santo a partir da perspectiva cristã (sendo os cristãos classificados por muitos como “os dominadores”). Se os evangélicos progressistas se identificam com a luta afro, precisam focar em dois pontos: os ataques contra as religiões de matriz africana e as ações positivas das mesmas tanto na esfera pessoal quanto na pública. Um só apontamento contrário seria o mesmo que sair desse enquadramento onde também se sentem “defendidos” quanto à “africanização do cristianismo”. Criticar a hermenêutica que líderes cristãos conservadores produzem em suas instituições é uma maneira de se distanciarem da identidade desses “evangélicos” que querem construir uma hegemonia no Brasil a partir de pautas que envolvam questões morais e representação política. Evangélicos identitários progressistas não se identificam com esse grupo, mas sim, com todo segmento, inclusive religioso, que traga em seu discurso pautas que constituem a nova esquerda: gênero, cor, clima, liberdade religiosa etc.
Segundo: o identitarismo mobiliza o sentimento público para o contra-ataque. O número de ataques violentos contra religiões afro, seus fiéis e seus lugares de culto é inumerável no Brasil. Não é de hoje que se tem noticiado que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no país. Repito e destaco: todos os crimes precisam ser apurados e devidamente punidos sob a lei. Houve, inclusive, a recente sanção do presidente Lula para a Lei nº 14.532, equiparando crimes de injúria racial e racismo aumentando a pena para aqueles que praticarem algum tipo de intolerância religiosa. Não se trata agora de criar novas leis, mas de cumprir as existentes. Paradoxalmente, esse cenário produziu uma espécie de camada moralista na mídia que, consequentemente, provocou na sociedade um certo ar ameaçador para aqueles que demonstrarem alguma reprovação ou um movimento – mínimo que seja – interpretado como opressor pelos “grupos minoritários” (sempre oprimidos).
Terceiro: caso o crítico levante sua voz apontando algum equívoco, notícia falsa, dados inflacionados e incertos, algum tipo de violência, o grupo identitário o desqualificará acusando-o de algum crime. Ora, é tudo o que evangélicos progressistas não querem: serem identificados como semelhantes aos evangélicos da extrema direita, cuja estrutura que os abriga é reconhecida nesse caldeirão como homofóbica, racista, classista, intolerante, misógina, machista etc. Portanto, ser acusado nas redes de algum desses crimes, por mais que não tenha cometido, é estar apto para perder sua identidade de grupo e ser cancelado publicamente.
Quarto: apenas quem tem o monopólio moral e intelectual sobre a fala é o militante identitário. O crítico a esse sistema ou a algum desvio de conduta será automaticamente desautorizado. Ou seja, “só quem sente a dor é quem de fato pode gemer”. Por mais que a aproximação de evangélicos progressistas seja legítima e sincera, não há como garantir que não haja casos em que a defesa pelo respeito às diferenças seja uma mera atuação para se conquistar um cargo político ou construção de uma imagem bem aceita e bem-sucedida entre os amigos militantes – o que aponta para o último aspecto do manual.
Quinto: o grupo identitário desqualificará o crítico acusando-o de estar apenas lutando por interesses e privilégios. Torna-se imperativa a luta por Direitos Humanos, justiça, democracia, mas se algum desses temas for tratado fora do arraial da luta política identitária, o crítico será denunciado como “hétero”, “racista”, “homofóbico”, “branco opressor”… Não pode existir nada para além da base construída discursivamente pelos movimentos. Esse passo para fora será interpretado como alguém que usa determinado grupo para fins particulares. Talvez seja esse o motivo porque evangélicos progressistas acabam adotando a teologia de religiões afro como realidade – tal como a sua –, consentindo publicamente a existência de orixás. Esse papel (nos termos de Erving Goffman) pode ocorrer para que o militante ou pesquisador evangélico progressista não se sinta impedido em determinados congressos acadêmicos ou encontros onde a maioria dos palestrantes professa alguma fé e traz o mundo noológico como um dado legitimador para políticas públicas. Há aqueles que até citam Rubem Alves como um defensor do identitarismo nacional.
É comum inventar características em determinados pensadores e convertê-los ao time para fortalecer os argumentos. No livro O Eu Soberano[26], Elisabeth Roudinesco levanta uma crítica em quase todos os seus capítulos denunciando o uso equivocado, para fins identitários, de autores como: Foucault, Deleuze, Derrida, Lacan, Said, Fanon. O sujeito manipula o autor e ressignifica sua produção para robustecer sua militância. Essa plataforma da estética da recepção não cabe aqui, trata-se, na verdade, de uma desonestidade intelectual. É óbvio que estamos sobre os ombros de gigantes, utilizando as referências que nos cabem, mas se se pretende criar um outro arcabouço para defesa de uma ideia, que se tenha zelo para não dizer o que um autor não disse. A crítica de Roudinesco é aguda e ela mesma não vê esperanças de que isso vá melhorar no ambiente acadêmico e militante.
***
Mesmo não havendo esperanças, o exercício crítico deve ser feito. Apesar de não se ver saídas para mudanças radicais, deve-se analisar os fatos, apontar questões e abrir-se à crítica da “crítica”. É assim que se faz, mas não com o fígado, e sim, com a razão, ainda que, por vezes, a realidade deponha contra nós e nossos ideais. Nessa sentença ressignificada de que só a antropofagia nos une, ou começamos a amadurecer esse debate ou ele reforçará a lei do “mais forte”, na figura ilustrativa dos oprimidos, que devorará, sem piedade, os que agora são os ditos “opressores”, que receiam reagir com um “não” por medo de confirmarem assim a pecha infame lançada às suas faces.
Notas
[1] CORDEIRO, Tiago (2019) Estatísticas sobre morte provocada por homofobia são infladas, conclui estudo, Gazeta do Povo, 02 de maio: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/estatisticas-sobre-morte-provocada-por-homofobia-sao-infladas-conclui-estudo/.
[2] MEDEIROS, Juliano (2022) A nova esquerda na América Latina: Partidos e Movimentos em luta contra o Neoliberalismo. São Paulo: Autonomia Literária.
[3] Para saber mais sobre a relação entre o intelectual e as esferas do poder, cf.: BOBBIO, Norberto (1997) Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo: Editora UNESP.
[4] DESCARTES, René (2009) Discurso do Método. 2ªed. São Paulo: Editora Escala.
[5] Para saber mais, acessar: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242787.
[6] LELLIS, Nelson; PEREIRA DA ROSA, Wanderley (2021) Protestantismos (verbete). In: CUNHA, Magali; NOVAES, Allan (orgs.). Dicionário Brasileiro de Comunicação & Religiões. Engenheiro Coelho-SP: Unapress, p. 161-174.
[7] Para saber mais sobre estudiosos e militantes da nova esquerda, conferir a relação feita em: SCRUTON, Roger (2014) Pensadores da nova esquerda. São Paulo: É Realizações Editora; _____. (2018) Tolos, Fraudes e Militantes: pensadores da nova esquerda. Rio de Janeiro: Record; bem como o texto publicado neste site que captura o viés identitário no atual governo do presidente Lula: LELLIS, Nelson (10 de jan. 2023) Ir além da terapia: como o ato antidemocrático desafia a nova esquerda. Ateliê de Humanidades, disponível em: <https://ateliedehumanidades.com/2023/01/10/fios-do-tempo-ir-alem-da-terapia-como-o-ato-antidemocratico-desafia-a-nova-esquerda-por-nelson-lellis/>.
[8] GONÇALVES, Jonuel (2022) As imposturas identitárias: África e reflexo no Brasil. São Paulo: Garamond.
[9] A editora Quitanda publica literaturas confessionais e algumas capas trazem imagens de negros a fim de promoverem a identidade estabelecida de acordo com seus títulos, tais como: “O cabelo de Joyce e o Espírito Santo”; “O estigma da cor: como o racismo fere os dois grandes mandamentos”.
[10] ODEN, Thomas C. (2022) Quão africano é o cristianismo? São Paulo: Editora Quitanda, p. 17.
[11] Para saber mais, ver: LELLIS, Nelson (org.) (2018) Israel no período persa: a (re)construção (teológica) da comunidade judaíta e outros ensaios. São Paulo: EdiçõesLoyola; TERRA, K.; LELLIS, N. (orgs) (2021) Judaísmo e período persa: imaginários, textos e teologias.São Paulo: Ed. Recriar.
[12] LEVINO, José (s/d) Jesus e a luta dos pobres contra os opressores, A Verdade – um jornal dos trabalhadores na luta pelo socialismo: https://averdade.org.br/2021/12/jesus-e-a-luta-dos-pobres-contra-os-opressores/.
[13] SANTOS, Ynaê Lopes dos (2021) Por que Jesus ser negro incomoda tanto?, Instituto Humanitas Unisinos, 29 de dezembro: https://www.ihu.unisinos.br/615587-por-que-jesus-ser-negro-incomoda-%20tanto.
[14] VIEIRA, Henrique (2017) Jesus é negro, Mídia Ninja (Youtube), 4 de julho: https://www.youtube.com/watch?v=ZPvF6j-hwhc.
[15] OLIVEIRA, Rosenilton Silva de (2021) “Hoje eu orei, Ele é negro”: a gênesis do movimento negro evangélico no Brasil. Religião e Sociedade, 41 (3), p. 169-191.
[16] Ver caso em que pastor associa orixás à violência em: G1-BA (2022) Após associar orixás à violência nas periferias em música, pastor diz que “não tem nada contra eles”; racismo religioso é investigado, G1, 15 de julho: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2022/07/15/apos-associar-orixas-a-violencia-nas-periferias-em-musica-pastor-diz-que-nao-tem-nada-contra-eles-racismo-religioso-e-investigado.ghtml.
[17] Formada por Exu, Pombagira e Exu Mirim – que oferecem, segundo a crença, sustentação espiritual ao fiel.
[18] Nesta página é possível encontrar pontos e outras canções da umbanda: https://www.ouvirmusica.com.br/umbanda/.
[19] PRANDI, Reginaldo (2020) Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras, p. 105-106.
[20] FREITAS, Stella (2015) Polícia reconstitui crime contra criança de 7 anos em ritual religioso, G1,18 de junho: https://g1.globo.com/rj/norte-fluminense/noticia/2015/06/mae-de-santo-participa-de-reconstituicao-de-crime-contra-crianca-de-7-anos.html.
[21] CARRARETTO, Glacieri (2012) “Foi a vontade de Deus”, diz pai que confessou ter matado filha no ES, G1, 18 de setembro: https://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2012/09/foi-vontade-de-deus-diz-pai-que-confessou-ter-matado-filha-no-es.html.
[22] RJ1 (2021) Pai de santo é preso no Rio suspeito de praticar violência sexual em troca de “limpeza espiritual” das vítimas, G1, 26 de maio:https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/05/26/pai-de-santo-e-preso-no-rio-suspeito-de-praticar-violencia-sexual-em-troca-de-limpeza-espiritual-das-vitimas.ghtml.
[23] FARINHA, André (2022) Pai de santo preso por estupro de adolescente na Capital tem prisão preventiva decretada pela Justiça, Enfoque MS,23 de novembro: https://www.enfoquems.com.br/pai-de-santo-preso-por-estupro-de-adolescente-na-capital-tem-prisao-preventiva-decretada-pela-justica/.
[24] LEAL, Isabela (2023) Pai de santo preso suspeito de estupro no PI chegou a ameaçar vítimas de morte: “relatos assustadores”, diz delegado, G1, 01 de junhohttps://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2023/01/06/pai-de-santo-preso-suspeito-de-estupro-no-pi-chegou-a-ameacar-vitimas-de-morte-relatos-assustadores-diz-delegado.ghtml; ver também: PERUCCI, Aline (2022) Homem que se diz “pai de santo” é preso suspeito de estuprar 2 mulheres, Correio Braziliense, 31 de dezembro:https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/12/5062777-homem-que-se-diz-pai-de-santo-e-preso-suspeito-de-estuprar-2-mulheres.html.
[25] GOMES, Wilson (2022) Caminhos e descaminhos da política de identidade hoje: origem, ideologia e estratégias. In: RISÉRIO, Antonio (org.) A crise da política identitária. Rio de Janeiro: Topbooks Editora, p. 50-93.
[26] ROUDINESCO, Elisabeth (2022) O Eu Soberano: ensaio sobre as derivas identitárias. Rio de Janeiro: Zahar.
Nelson Lellis

Doutor em Sociologia Política (UENF). Bolsista pós-doc pelo PPGSP-UENF. Membro do Núcleo de Estudos em Representação e Democracia (NERD). Tem experiência nas áreas de Ciência e Sociedade, Análise do Discurso, Sociologia da Religião, Filosofia da Religião, Primeiro Testamento (Bíblia Hebraica), Metodologia da Pesquisa. Desenvolve pesquisas sobre a interface Política e Religião no Brasil. Organizador das coletâneas: “Política e Religião à brasileira” (editoras Terceira Via / Recriar); “Religião e Violência” (ed. Recriar); “Israel no período Persa” (Editoras Loyola / Recriar). Colaborador no Fios do Tempo do Ateliê de Humanidades (Instituição de livre estudo, pesquisa, escrita e formação). Colunista e membro do Comitê Editorial da Revista Senso. Membro do Grupo de Pesquisa Dinâmicas Territoriais, Cultura e Religião (CRELIG).
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