Fios do Tempo. A novíssima “nova direita” – Carlos A. Gadea

Semana passada realizamos um encontro do Ciclo de Humanidades sobre o conservadorismo e entrevistamos Jean-Yves Camus, especialista francês em movimentos de extrema direita, publicando também, aqui no Fios do tempo, um artigo de sua autoria. Na esteira destas atividades, trazemos agora um artigo de Carlos A. Gadea (professor da Unisinos) sobre a novíssima “nova direita”. Para além da abordagem enquadrada pelas lutas político-partidárias, Gadea nos proporciona uma análise sociológica do perfil dos indivíduos e grupos de “nova direita”: o que pensam? Como interpretam o mundo? Como vivem? Que críticas fazem à sociedade, à economia e à cultura? Como lidam com o corpo, a justiça, as instituições, as liberdades? Que valores defendem e quais praticam?

Estas perguntas são respondidas aqui por uma análise predominantemente sociocultural, que se esquiva, de forma compreensiva, da luta cultural em curso. Ela mostra bem o quanto temos a ganhar com uma sociologia afeita às nunces e complexidades da vida individual e social.

Desejamos uma excelente leitura!

A.M.
Fios do tempo, 03 de setembro de 2020



A novíssima
“nova direita”

Uma das características que indica a mudança com o surgimento da novíssima “nova direita” é a renovação da esfera privada, instituída em um espaço privilegiado da vida cotidiana das pessoas. Muito além de fazer com que muitos dramas privados se tornem públicos, na realidade a nova direita recorre à esfera pública para reivindicá-la, esfera em que é possível encontrar as fórmulas que corrigiriam os desvios sociais e culturais desta acelerada, flexível, volátil e banalizada vida contemporânea. Trata-se, então, de uma discussão sobre os contornos da esfera pública e da esfera privada, sobre seus diferentes pesos na vida individual e social; enfim, sobre o eventual e contraproducente efeito cultural decorrente do fato da vida cotidiana ter sido “politizada” ao extremo.

Trata-se de uma mudança cultural que, inclusive, deve ser entendida em seu próprio contexto, uma vez que não é possível considerar países tão diferentes como França, Polônia, Estados Unidos, Áustria, Brasil, Chile ou Argentina capazes de expressar uma direita política e cultural homogênea e sintomática de um “novo ciclo”, uma direita organizada com uma ideologia plenamente elaborada. Enquanto alguns europeus se incomodam com a imigração, a União Européia e a “liberação dos costumes”, a suposta direita por estas partes do mundo, na América Latina, debate-se em torno de uma série de preocupações muito mais relacionadas com suas histórias recentes (corrupção, papel do Estado, direitos humanos, crise econômica), frente a seus desafios institucionais e a suas novas agendas identitárias.

Por mais que muitos queiram acreditar que estamos assistindo a um novo ciclo político global de ascensão de uma “nova direita”, não parece convincente diagnosticar que governos ou setores políticos assim definidos fazem parte de um processo orgânico e geral, com diretrizes econômicas. posições culturais comuns e semelhantes. O ex-presidente Macri na Argentina, por exemplo, não era o mesmo que o presidente Macron na França, nem mesmo se conformava com contextos políticos e históricos semelhantes. Tampouco o presidente Piñera no Chile é totalmente compatível com o atual presidente do Brasil, Bolsonaro. Por não se tratar de uma situação orgânica, parece mais bem entendido como próprio de reações específicas e contextuais a um ciclo político e cultural anterior, o chamado “progressismo” na América Latina, e a um tipo de social-democracia europeia, pró-globalização e multicultural, que pareceu angustiar até mesmo, pela primeira vez, amplos setores populares.

A questão é que o fenômeno da emergência de uma “nova direita” não é explicado inteiramente quando é subsumida a figuras políticas ou governos específicos, a medidas econômicas específicas e classicamente definidas como de direita, ou a outras questões que transmitam uma ideia clara sobre a sociedade e o indivíduo, tal como as herdamos das décadas de 1980 e 1990. Por exemplo, a novíssima “nova direita” não é, necessariamente, assimilável às políticas neoliberais na economia ou às truculências das figuras do poder político e econômico real, ao autoritarismo ou a posições análogas. Tampouco ajuda associá-la às raízes “classistas” ou originadas do modelo dualista que opunha grupos sociais e indivíduos de acordo com determinismos economicistas; isto é, conservadores, neoliberais, autoritários, por um lado, a serviço das classes altas, em oposição a uma esquerda política “de justiça”, a serviço das grandes maiorias.

É possível constatar que a esquerda política (e cultural) já ficou para trás. Deixou de ser a vanguarda ética e estética. Refiro-me àquela esquerda que no passado, inclusive, foi capaz de se opor a regimes autoritários, que se materializou na defesa dos direitos humanos e das liberdades democráticas, e que teve sua origem na militância política em movimentos sociais, sindicais e partidos a partir dos anos 1960. Refiro-me, em geral, à geração de 68, que viria a nortear a estética da “corporeidade de esquerda” que se apresentaria. Refiro-me também à esquerda que atualmente está sendo capaz de oferecer concessões a regimes autoritários em vários lugares da América Latina, cometendo a imoralidade de ser cúmplice das violações dos direitos humanos que se cometem na Venezuela e na Nicarágua. Uma esquerda que insiste em manter uma retórica beligerante e polarizadora da sociedade que lembra a Guerra Fria, da construção constante de um cenário (necessário à sua sobrevivência) de um “nós” e “eles”. Uma esquerda que ainda acredita, inclusive, que a pobreza e a deterioração da sociedade cubana são o resultado de “bloqueios econômicos” e não de sua falta de liberdade em todos os sentidos. A esquerda épica, do espírito moderno e da modernidade, acabou se transformando em uma caricatura de si mesma. Concordo, neste sentido, com Mark Lilla, quando afirma que “a esquerda tem o velho e mau hábito de subestimar os seus adversários e explicar as suas ideias como mera camuflagem para atitudes e paixões desprezíveis”.1

Em contrapartida, a novíssima “nova direita” traz uma aparência de modernidade, apresentando-se com um discurso sobre a novidade e o novo, sobre o que “está por vir”. Transita com mais facilidade por caminhos estéticos: entre os jovens, parece haver uma substituição do aparecimento das classes médias por uma nova densidade estética exemplificada, por exemplo, na proliferação de tatuagens e piercings, contrastando com a imagem austera e “careta” de tempos atrás. Exemplos desse afrouxamento do estilo de vida e da estética podem ser encontrados na figura da primeira deputada transexual da história da Assembleia Nacional da Venezuela, Tamara Adrián, do setor político “Voluntad Popular2, quando é bem conhecido que foi a esquerda política que levantou a bandeira da diversidade sexual. Uma deputada transexual contrária ao chavismo venezuelano é tudo o que a esquerda não conseguiu digerir pacientemente. E exemplos semelhantes não faltam.

Essa modernidade está sendo conduzida, por outro lado, pelo domínio da linguagem digital e do manejo das redes sociais virtuais. A sociedade da informação conduziu a uma sociedade mais aberta, dinâmica e plural, na qual a cultura digital e a revolução 4.0 estabeleceram novos desafios e quebra de paradigma em relação às nossas sociedades organizadas, dirigidas ou planejadas. A sociedade em rede e as novas nomenclaturas sobre o trabalho colaborativo, os desafios ambientais, bem como a demanda de indivíduos hiper-reflexivos diante dos diversos riscos contemporâneos, também pareceram precipitar reavaliações sobre o caminho percorrido até agora, sobre nossos laços sociais imediatos, sobre nossa comunidade próxima. Neste pacote, não faltou uma revalorização do indivíduo, que nada mais foi do que a materialização de um desejo de maior mobilidade social. Assim, surge uma certa exaltação de valores associados ao esforço pessoal, ao trabalho e ao próprio mérito. Filmes cult acompanham esse processo, aqueles cujo roteiro é uma espécie de glorificação do conceito do “self-made man”, do sucesso realizado por seus próprios méritos, filmes que ressignificam valores familiares e de amizade, de dedicação patriótica, esses em que a saudade de tempos passados ​​se refere a valores morais mais fortes e estáveis, à vida comunitária segura e percebida como perdida. Filmes que materializariam uma “nova virada afetiva”, mais íntimas, apelando para a simplicidade do cotidiano, sem grandes pretensões existenciais.

A novíssima “nova direita” está ligada a uma nova identidade individualista e global, com preocupações tanto religiosas quanto ecológicas sobre o “cuidado de si”. Trata-se de pessoas com hábitos saudáveis, que praticam esportes e são críticas ao uso de drogas. Vêem de forma positiva a revalorização do cotidiano e do “normal”, da vida familiar e do encontro em espaços reservados, com uma sociabilidade de pequenos números. Isso parece ser, ao mesmo tempo, um gesto de reserva diante do que representou uma exaltação da política pela cultura hegemônica de esquerda nas últimas décadas. Diminuindo a centralidade da política na vida cotidiana, uma modernidade conservadora emerge (salvando os paradoxos) de um relaxamento individual em resposta ao sacrifício totalizante (coletivista) do modelo anterior.

Mas essa “nova direita” é, antes de tudo, eclética. Um conservadorismo de novo tipo é um elemento constitutivo fundamental, na política e na cultura, dessa nova sensibilidade, um conservadorismo que critica duramente a excessiva instabilidade da vida tanto na sua formas neoliberal quanto na cosmopolita, independentemente de estar situado em uma grande metrópole ou em um pequeno centro urbano. Da mesma forma, ele critica as injustiças impostas pelo “capitalismo selvagem” e suas consequentes desordens sociais: a migração inevitável, a poluição, o crescimento de divórcios e disputas entre casais, o aborto, a morte de jovens pelo uso de drogas, o desemprego. Em suma, modernidade e conservadorismo entram em sinergia. Eclética e híbrida, rural e urbana, religiosa e tatuada, multiclasse e inter-racial.

Sobre isso, é interessante referir-se à reflexão de Mark Lilla ao analisar a figura da jovem política francesa Marion Maréchal, 28, neta de Jean-Marie Le Pen, fundador do partido de extrema direita Frente Nacional. Marion, aliás, teria poucos traços em comum com o avô, apresentando-se sem o discurso beligerante que o caracterizou por tanto tempo. Marion era uma jovem muito informada sobre os diversos problemas globais e isso parecia dar-lhe uma posição de compromisso político raramente encontrada nas novas gerações. Isso foi observado em um discurso na cidade de Washington em 2018, diante de uma audiência típica da convenção anual da Conservative Political Action Conference. Falando para um público de republicanos radicais, fanáticos por armas e “absolutistas da propriedade privada” (palavras de M. Lilla), Marion Maréchal daria uma guinada interessante em seu discurso atacando o princípio do individualismo e afirmando que a “primazia do egoísmo” está na base de todos os males da sociedade contemporânea. Para Marion, a economia global escraviza os estrangeiros migrantes, “roubando” os empregos dos trabalhadores locais. Na verdade, para Mark Lilla, Marion é um representante de uma terceira força de direita na política (nem clássica nem populista), que se mobiliza em torno das chamadas questões sociais e que não se sente contemplada pelo sistema de partidos franceses.

Terceira força que estaria muito próxima dos chamados partidários de “La Manif3, que compartilham duas convicções principais: a primeira, que um forte conservadorismo seria a única alternativa ao “cosmopolitismo neoliberal”; e, em segundo lugar, que tal conservadorismo pode ganhar força com recursos de ambos os lados da polarização política tradicional entre esquerda e direita. É que, como lembra Mark Lilla, surpreendentemente, esses jovens conservadores também são admiradores do político democrata de esquerda americano Bernie Sanders. Ao mesmo tempo que rejeitam a União Europeia, a imigração e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, eles também criticam a desregulamentação dos mercados financeiros, a austeridade neoliberal, o consumismo, uma sociedade de livre concorrência desenfreada e o mero interesse econômico pessoal dos indivíduos. Preocupam-se com os cidadãos mais vulneráveis, endividados com os bancos e, de forma ainda mais direta, com as dificuldades dos Estados-nação europeus em poderem agir com autonomia face ao peso das políticas fiscais impostas aos países pelos a União Europeia e a falta de políticas soberanas, fora da União, que assumam a responsabilidade direta pelas questões sociais. Em defesa da família, esses jovens da “nova direita” defendem que a economia deve ser subordinada aos imperativos sociais, e quando o assunto é o cuidado do meio ambiente, expressam preocupação com a degradação ecológica e a qualidade dos alimentos que chegam em nossas mesas. Tudo isso, sem dúvida, parece muito próximo do que representa a chamada “doutrina social da Igreja”, e ainda mais quando o tradicionalismo católico parece aliar-se a um sentido prático da realidade da maioria das pessoas. Citando, novamente, M. Lilla, esta terceira via na política da direita contemporânea, ao chamar a “atenção para problemas reais: um número crescente de novas famílias, a geração de crianças em idade cada vez mais avançada, a proporção cada vez maior de mães e pais solteiros, os adolescentes imersos em pornografia e confusos com a própria sexualidade, bem como pais e filhos estressados ​​que fazem as refeições diárias separadamente, com os olhos fixos no celular”, está diagnosticando que nossa cegueira em relação à necessidade social de famílias fortes e estáveis se deve ao “individualismo radical”.4

O “individualismo radical” é para esta novíssima “nova direita” algo praticamente análogo a uma espécie de “defeito moral”, que teria levado o indivíduo a não se referir a outra coisa senão a si mesmo. Nesse sentido, lembro-me, por exemplo, e como dado concreto, do boom da prática de ioga entre alguns setores sociais nos últimos anos. Esta atitude de “voltar-se para si”, de promessa de reconhecimento de si como experiência que nos devolve à vida social, tem sido vista como essencial se se pretende, na sociedade contemporânea, ser percebido pelos outros como pessoa espiritualizada. e, ao mesmo tempo, preocupada com seu físico. É por isso que postar stories de sua sessão de ioga no Instagram ou no Facebook dá mais um ingrediente para uma silhueta urbana, espiritual, healthy, conectada ao mundo. Certamente, há pessoas que encontraram uma maneira de aliviar o estresse, melhorar sua forma física e se abrir para um estilo de vida que de certa forma contraria o materialismo da sociedade moderna. No entanto, de acordo com uma pesquisa recente conduzida na Universidade de Southampton (Reino Unido), os praticantes regulares de ioga nos países ocidentais frequentemente experimentam um forte “reforço do ego e da auto-estima e até tendências narcisistas”. A pesquisa avaliou a rotina de 93 alunos durante 15 semanas de prática, confirmando que eles responderam aos testes de autoestima de forma muito próxima ao narcisismo nas 24 horas seguintes a cada sessão de ioga.5 Os pesquisadores concluíram que, efetivamente, em vez de combater o “eu ilusório” e buscar a unidade com a divindade que proclamam as filosofias que usam o ioga (budismo e hinduísmo), o que se causaria em suas práticas seria um aumento considerável do ego.

O “individualismo radical” a que se refere, em última instância, seria um sinônimo expressivo de egoísmo e, ao mesmo tempo, uma manifestação que se situa, paradoxalmente, na esfera pública. O egoísmo seria aquele “defeito moral” que os adeptos dessa “nova direita” acusam. O “individualismo radical” seria definido como um desvio moral de alguns indivíduos na esfera pública, levando a crer que a prática de ioga nas sociedades modernas, por exemplo, muito mais do que um elemento de comunhão com a sociedade, tem mostrado um fator de exacerbação dos desapegos e um afastamento da vida em comum. Porém, para essa “nova direita”, o indivíduo não pode ser igual a esses impulsos de “fortalecimento do ego” que se exibem na esfera pública como forma de politizar, em um sentido particular, essas práticas. As mudanças culturais mais recentes parecem indicar um distanciamento crescente da esfera pública e uma renovação da esfera privada como um espaço privilegiado da vida cotidiana, apresentando um novo tipo de individualismo. Apesar de muitos dramas privados se tornarem públicos, esta “nova direita” chama a atenção para uma espécie de retirada da política da vida, em defesa da vida privada, pois percebe que seria na esfera privada onde residiria o capital simbólico, cultural e até mesmo político para a transformação vida pública. Trata-se, obviamente, de uma discussão que parece se estabelecer sobre os contornos da esfera pública e da esfera privada, sobre seus diferentes pesos na vida individual e social e, consequentemente, sobre o efeito cultural contraproducente que tem sido provocado pela politização da vida cotidiana.

As esferas da vida social (política, economia, cultura, moral, etc.) tornaram-se cada vez mais autônomas. O que, em um aspecto, faz com que um indivíduo possa ser compreendido como de esquerda ou progressista, em outro pode ser descoberto como conservador ou de direita. Os jovens de “La Manif”, por exemplo, criticam os efeitos perversos nas relações sociais produzidos pelo neoliberalismo e cosmopolitismo, ao mesmo tempo que se mantêm firmes na defesa de certos princípios morais e religiosos que os posicionam contra a legalização do aborto. Muito pelo contrário, para quem se define politicamente de esquerda, tanto a esfera econômica quanto a cultural se apresentam como subordinadas a uma metanarrativa e a uma ideologia que as manteria aparentemente “coerentes” diante do desafio de se posicionar em questões como as mencionadas. O neoliberalismo e a legalização do aborto não viriam de esferas distintas, mas sim correlacionadas, inscrevendo-se em uma matriz comum que se alimenta tanto do capitalismo quanto do patriarcado e do machismo, faces da mesma moeda. No entanto, a novíssima “nova direita” parece fazer um diagnóstico mais adequado das transformações culturais recentes, observando que a agenda econômica e política não deve necessariamente ser entendida em correspondência com as agendas culturais ou morais, algo fundamental para nos compreendermos em sociedades complexas como a nossa. Nesse sentido, não hesito em acreditar que uma novíssima “nova esquerda” (que ainda não vejo) possa se encontrar com essa “nova direita”, principalmente nos diagnósticos feitos sobre certos retrocessos nas mudanças culturais recentes, como nas ênfases dadas às questões de identidades em discussões políticas. Tanto para a “nova direita” como para uma suposta “nova esquerda”, existem preocupações comuns a este respeito, quando, por exemplo, os ataques culturais que privilegiam as “guerras identitárias” se transformam em questões políticas decisivas na limitação das liberdades individuais.

Para a “nova direita” existe uma ameaça ao indivíduo e à sua vida social. Para a “nova esquerda” haveria uma ameaça ao individualismo, entendido como a expansão das virtudes, habilidades e desejos em uma sociedade composta por interesses. Mas esta novíssima “nova direita” está, ao mesmo tempo, permitindo um importante debate, e ao qual será possível acrescentar, em breve, quem sabe, uma incipiente novíssima “nova esquerda”: o debate sobre se é possível conciliar as vantagens do individualismo da tradição liberal e moderna com um sentido de responsabilidade social, sem o qual a vida democrática não teria possibilidade de existir.

Este artigo foi publicado originalmente na Agência Uruguaia de Notícias (uy.press) como “La nuevíssima ‘nueva derecha’ politica”, publicado em 26 de janeiro de 2020. Ele é uma versão desenvolvida na forma escrita de uma entrevista que o autor fez ao site do Instituto Humanitas Unisinos: “A nova direita reflete uma sinergia entre modernidade e conservadorismo”, feita por Patrícia Fachin e publicada em 15 de maio de 2019. Traduzido por André Magnelli (Ateliê de Humanidades)

Notas

1 “Dois caminhos para a direita française”, In: Piauí, n ° 149, p. 35.

2 Com perfil social-democrata, o setor político “Vontade Popular” também é considerado como pertencendo à direita venezuelana. No entanto, este setor foi admitido, em 2014, na “Internacional Socialista”, o que leva a compreender a complexidade desta suposta “nova direita” emergente.

3 Um grupo de leigos fortemente apoiado por grupos de oração de católicos carismáticos, cuja rede se chamava La Manif pour tous (A manifestação para todos). Eles são apresentados de forma lúdica no espaço público, mais como uma Parada Gay do que como uma peregrinação. Sua agenda de mobilização tem se destacado pela luta contra o que se conhece como “ideologia de gênero” e o casamento gay, e a favor da defesa da família e dos valores cristãos.

4 Mark Lilla, “Dois caminhos para a direita francesa”, In: Piauí, n ° 149, p. 34.

5 Veja “Os egos das pessoas ficam maiores após a meditação e ioga, diz um novo estudo”, In: https://qz.com/1307380/yoga-and-meditation-boost-your-ego-say-psychology- pesquisadores /


Carlos A. Gadea é doutor em Sociologia Política pela UFSC. Pós-doutorado na Universidade de Miami no Centro de Estudos Latinoamericanos. Professor do PPG em Ciências socias da Unisinos.E-mail: cgadea@unisinos.br


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