Fios do Tempo. Entrevista com Elena Pulcini – Paixões empáticas para um mundo vulnerável

Em homenagem, trazemos hoje no Fios do Tempo, na forma de texto e áudio-leitura, a entrevista da socióloga e filósofa italiana Elena Pulcini, que nos deixou no mês de março de 2021, vitimada pela Covid-19. A entrevista foi feita pela socióloga Silvia Cataldi (Universidade de Roma / Social One).

Esta linda entrevista foi feita por escrito para o dossiê “A pandemia em um mundo complexo e global | pós-colonialidade e solidariedade em perspectivas” (vol. 10, n. 2 (2020), da Revista REALIS, organizado por Paulo Henrique Martins, Amurábi Oliveira, Silvia Cataldi e André Magnelli. A leitura das respostas de Pulcini foi feita, com beleza, pela livre-pesquisadora do Ateliê de Humanidades, Lizete Valle.

Desejo uma excelente leitura, ou escuta.

A. M.
Fios do Tempo, 28 de abril de 2021

Quem é Elena Pulcini

Foi professora titular de Filosofia Social no Departamento de Ciências Políticas e Sociais da Universidade de Florença. Colocou no centro de sua pesquisa o tema das paixões e do individualismo, as patologias sociais da modernidade e as formas de vínculo social, desenvolvendo também uma reflexão sobre o sujeito feminino; e propôs uma filosofia de cuidado para a era global. Sua pesquisa atual se concentrava principalmente no desafio ecológico e nas implicações emocionais, sociais e éticas. Ela participou de programas de rádio cultural e televisão.

Oradora principal e convidada em conferências internacionais. Entre os seus trabalhos mais recentes, alguns dos quais foram traduzidos para as principais línguas europeias:

  • O indivíduo sem paixões (L’individuo senza passioni – Bollati Boringhieri 2001);
  • O poder de união. Feminino, desejo, cuidado (Il potere di unire. Femminile, desiderio, cura. Bollati Boringhieri, 2003);
  • Cuidando do mundo. Medo e responsabilidade na era global (La cura del mondo. Paura e responsabilità nell’età globale – Bollati Boringhieri 2009; primeiro Prêmio de Filosofia “Journey to Syracuse” 2009);
  • Inveja. A triste paixão (Invidia. La passione triste – Il Mulino 2011);
  • “Espelho, espelho dos meus desejos.” Beleza e inveja (“Specchio specchio delle mie brame”. Bellezza e invidia – Orthotes 2017);
  • Responsabilidade, Igualdade, Sustentabilidade. Três palavras para interpretar o futuro (Responsabilità, Uguaglianza, Sostenibilità.Tre parole per interpretare il futuro (com S.Veca e E. Giovannini – Lampi EDB, Bolonha 2017);
  • Felicidade italiana. Uma amostra filosófica (Felicità italiane. Un campionario filosofico, co-curador e co-autor, Il Mulino 2016);
  • Cuidado e emoções. Uma aliança complexa (Cura ed emozioni. Un’alleanza complessa co-curadora, com Sophie Bourgault, e coautora, Il Mulino 2018).
  • Entre o cuidado e a justiça. Paixões como recurso social (Tra cura e giustizia. Le passioni come risorsa sociale, Bollati Boringhieri, Torino, 2020.

Entrevista

1. A temática do cuidado está muito presente no seu trabalho e é enfrentada de forma polissêmica, ou seja, contemplando as diferentes imagens e interpretações que as práticas de cuidado apresentam às pessoas envolvidas. Em sua opinião, que perspectivas antiutilitaristas poderíamos ver em relação às práticas de cuidado no mundo pós-pandêmico de Covid-19?

Sim, desde que me apaixonei por esse tema, sempre considerei o cuidado como um modo de viver, uma forma de estar no mundo e de se relacionar com os outros com o poder de subverter o modelo hegemônico de individualismo (refiro-me em particular ao meu Cuidado para com o mundo…). Não é por acaso que o cuidado foi redescoberto pelas mulheres, a começar por Carol Gilligan (In a Different Voice), como algo precioso e vital que o pensamento moderno efetivamente removeu, desvalorizou, confinando-o ao privado. Uma ideia diferente de sujeito pode ser fundada no valor do cuidado: é possível opor à figura do homo oeconomicus, utilitarista e instrumental, um sujeito pensado prioritariamente em relação ao outro. E por isso, este sujeito deve possuir os dois requisitos fundamentais do cuidado: não apenas uma disposição afetiva que o torne capaz de atenção (a forma mais elevada de generosidade, como notou Simone Weil) e de empatia (a capacidade de se colocar no lugar do outro); mas também, gostaria de acrescentar, ele deve ter uma abertura ao compromisso que se traduz na prática cotidiana de cuidar. São dois requisitos, ou melhor, duas qualidades, que se nutrem não de um altruísmo genérico e talvez utópico, mas daquilo que eu gostaria de definir como consciência da vulnerabilidade.

O sujeito em relação é aquele que reconhece a vulnerabilidade constitutiva do humano, o fato de estarmos ontologicamente expostos a um vulnus (uma ferida, uma perda, uma falha). Esta é a verdade que a pandemia trouxe à tona com força, retirando o sujeito do mito da sua soberania: ela despertou a consciência, por parte de Si, da própria vulnerabilidade, juntamente com a do outro, e da relação de reciprocidade que nos liga uns aos outros. Pensamos na imagem simbolicamente significativa da máscara que cada um usa para proteger o outro e também para se proteger. Na Itália, na primeira fase da Covid, a mais marcada pela emergência sanitária, mostramos grande solidariedade: a consciência da vulnerabilidade produziu paixões positivas e comportamentos virtuosos, dando esperança no crescimento daquilo que gostaria de chamar de consciência empática.

2. Na América Latina, alguns estudos analisam a relação entre o dom e aquelas outras dimensões relacionadas como empatia, compaixão e gratidão, estes três conceitos que estão muito presentes em suas reflexões como filósofa política. Em sua opinião, em que medida esses três conceitos foram modificados pelas novas formas de subjetividade impostas pela pandemia?

É exatamente a isso que me refiro quando falo de paixões positivas. A modernidade nos deu uma visão predominantemente negativa das paixões, como aquilo que gera desordem, caos, egoísmo, destrutividade. Sem querer negar este aspecto, convém sublinhar a sua ambivalência, no fato de existirem também paixões positivas, poderosas forças motivacionais que, como diria Martha Nussbaum (Upheavals of Thought), produzem uma expansão do Self, uma ruptura das fronteiras autorreferenciais, utilitárias e narcisistas do Self. As paixões positivas são aquelas que testemunham em primeiro lugar um desejo de vínculo, aquele desejo profundo que também (e sobretudo) atua na prática de doar. Gosto de chamá-las de paixões empáticas, pois a empatia, ou seja, a capacidade de participar da experiência e vivência do outro, é seu ingrediente básico.

Não há dúvida de que a generosidade, a compaixão, a gratidão – inspiradas, como disse, no reconhecimento da vulnerabilidade mútua – desempenharam um papel extraordinário durante a pandemia (jovens que faziam compras para os idosos, mães que acolheram os filhos dos outros, pessoas que animavam os doentes, netos que, via Skype, alegraram os dias solitários dos avós …). Mas, acima de tudo, vi explodir a sensação de algo que acreditávamos ter desaparecido em nossa sociedade atravessada por uma reivindicação de liberdade muitas vezes incompreendida e ilimitada, a saber, a gratidão. As canções e palmas das varandas das casas em agradecimento aos médicos e enfermeiras atestam a consciência de que não podemos fazer sozinhos, que somos interdependentes e que estamos dispostos a receber as dádivas de quem pode até salvar nossas vidas sem hesitação ou desconfiança. Infelizmente, é triste admitir, tudo isso parece ter se evaporado após o fim do bloqueio (lockdown), quando a explosão do hedonismo e da irresponsabilidade parece ter apagado a memória do mal e confirmado a fragilidade e a natureza provisória do bem. Apostamos, portanto, em nossa capacidade de fazer com que comportamentos e práticas duradouros nasçam na contingência de uma experiência extrema, talvez aprendendo a cultivar emoções positivas.

3. Existem alguns pontos em comum nas narrativas populistas difundidas por partidos políticos de extrema direita no Brasil, nos Estados Unidos e em países como Itália, Espanha, Hungria e Polônia. Por exemplo, podemos ver semelhanças no combate que estes partidos travam contra o que eles chamam de “globalismo”, “marxismo cultural”, “invasão do estrangeiro” e “ideologia de gênero”. Na sua opinião, como os estudos sobre dom e emoções podem colaborar para o fortalecimento dos valores democráticos diante desses cenários de tanta intolerância, racismo e xenofobia em que vivemos hoje?

Estamos, sem dúvida, a nível mundial, numa fase de regressão (Habermas, universalismo moral e regressão política) em que face aos grandes desafios produzidos pela globalização (basta referir o fenómeno migratório e as alterações climáticas) respondemos com políticas de reclusão e ideologias “imunitárias” ([são exemplos desta tendência ao fechamento, os movimentos radicais intitulados]: nos Estados Unidos: America first (EUA em primeiro lugar), na Itália: Prima gli italiani (Italianos em primeiro lugar), na Inglaterra: o Brexit, no Brasil: a Amazônia é brasileira… etc.), que se tornam tanto mais perigosas quanto mais ilusórias são. O chamado “soberanismo” dos Estados, que encontra sua dimensão espelhada no populismo, é a expressão mais evidente dessa tendência regressiva do poder político, que se alimenta das paixões negativas e as manipula em seu proveito.

A política sempre manipulou as paixões, reconhecendo-as como instrumento essencial para a sobrevivência do poder (como diria Canetti), seja ele totalitário (como o nazismo) ou democrático, como o “despotismo brando” de que falava Tocqueville, o qual exerce a dominação por formas invisíveis de persuasão. Basta pensar na política do medo cada vez mais legitimada hoje pela condição de insegurança global, bem como na explosão das paixões “tristes” (Benasayag) de ressentimento, inveja e ódio, que resultam na regressão racista e xenófoba que contagia nossas democracias, desfigurando-as. Uma estratégia milenar é proposta em novas formas, nomeadamente a construção de bodes expiatórios (muçulmanos nos Estados Unidos, migrantes na Europa), sobre os quais se projetam as faltas e os males de sociedades cada vez mais complexas e com dificuldades de gerar coesão. Esta estratégia (de nomeação de bodes expiatórios) também apareceu com o choque do Covid19, apontando e acusando os “infectadores”: primeiro os chineses, depois os italianos. Eles foram imediatamente estigmatizados, apesar da propagação da infecção ser inevitável desde o início.

É verdade, porém, que a pandemia está criando algumas dificuldades para a política regressiva do soberanismo: não somente porque afetou “democraticamente” todo o globo, mas também porque derrubou estereótipos (o norte da Itália, mais industrializado, foi mais infectado do que o Sul; veio à tona com força a ridícula e culposa ineficiência de líderes poderosos como Donald Trump e Boris Johnson), e, numa outra direção, produziu até mesmo alguma manifestação inesperada de solidariedade (como vemos, com todas as suas limitações, também nas escolhas financeiras da Europa). São, claro, efeitos fracos, mas que, no entanto, revelam o sinal de resistência daqueles valores democráticos que devemos defender não somente com relação àqueles contrastes obsoletos (nós / eles), mas também no que diz respeito a novos conteúdos que favorecem um tenaz espírito de partilha.

4. Neste período de crise global da saúde, paralelamente ao encontro com a morte e ao encontro com a dor, assistimos muitas ações caracterizadas pela “excedência”, que podemos reconhecer como dom incondicional ou amor social, movidas por indivíduos, grupos e instituições. Como você acha que esse tipo de ação social fundamentada na “excedência” pode criar a base para uma nova sociedade?

Felizmente, como mencionei acima, observamos que desde o início da pandemia não faltaram testemunhos de solidariedade, generosidade e partilha exatamente porque as experiências de vulnerabilidade e medo nos sacudiram e nos tiraram da indiferença hedonista de nossa condição pós-moderna, despertando nossas paixões empáticas. O problema é saber como fazer com que estas paixões continuem vivas mesmo depois da fase de emergência, e que se tornem a bússola que nos guia para uma ação nova, consciente e eticamente orientada. Estamos enfrentando desafios planetários que a pandemia, sem dúvida, ajudou a revelar.

Primeiro, temos o desafio social da desigualdade. Embora seja verdade que todos nós sofremos o trauma do sofrimento e da doença, a perda de nossos entes queridos e os efeitos depressivos do isolamento, nem todos sofremos as mesmas consequências no nível econômico: os marginalizados, os pobres, aqueles que vivem de empregos precários foram atingidos com muito mais força, a ponto de temer pela própria sobrevivência; ou mesmo foram condenados ao ostracismo como portadores do contágio, como vem acontecendo há meses na Itália com os migrantes…

Em segundo lugar, temos o desafio ecológico de evitar a destruição do planeta que está em andamento desde os anos 70 do século passado e que vem sendo encoberta por mentiras. Aqui, neste processo de destruição ambiental, a Covid19 aparece como uma espécie de ensaio geral dramático: causado pelo spill over, este “salto de espécie” produzido pelos sempre mais devastantes desflorestamentos (na Amazônia e não somente), fez de nós ironicamente vítimas de um morcego; este ensaio geral é ainda mais agravado pela poluição atmosférica que reina em nossas metrópoles. A pandemia, portanto, representa, paradoxalmente, uma chance que devemos aproveitar: a solidariedade, o amor pelo mundo devem se tornar as forças motrizes para mobilizar a indignação e as “paixões de luta” (como assim chamaria Michael Walzer) contra as grandes potências globais e contra um capitalismo predatório que agora incorpora a face totalmente deformada do homo oeconomicus.

5. A eclosão da pandemia produziu uma nova questão científica. Nunca antes, neste período de crise de saúde global, o papel da ciência foi tão discutido e ao mesmo tempo reconhecido como fundamental por governos locais, mídia e grande parte dos cidadãos. Você acha que este evento poderia ser a premissa de uma nova missão social para a ciência?

A confiança renovada na ciência é geralmente bem-vinda. O fato de haver um referencial sério, para nós, pessoas comuns, de onde extrair dados, verificações e habilidades, é reconfortante em um cenário onde se alternam a tagarelice jornalística, as fake News e o efêmero alternar-se das modas que buscam de tempos em tempos o monopólio da “verdade”. Mas uma primeira pergunta surge: por que confiamos na ciência apenas quando um mal extremo e repentino irrompe, como Covid19, afetando nossos corpos e nossas vidas? Por que ignoramos os apelos muitas vezes sinceros de cientistas que nos avisam, há décadas, de perigos menos imediatos, mas ainda mais urgentes, como os efeitos das mudanças climáticas? O risco é que confiamos na ciência com a mesma obtusidade com que a ignoramos, transformando de vez em quando o grande virologista, ou o famoso especialista em doenças infecciosas em um “ipse dixit” detentor da verdade (na Itália nos últimos meses tivemos várias manifestações). A ciência, aquela ciência séria, foge da verdade absoluta que aparentemente nos confortaria de nossos males, porque ela é feita de hipóteses, de pesquisa, de experimentação e de verificação, e, depois, de nova pesquisa e assim por diante… Além disso, é importante registrar que a própria ciência está sujeita a deformações, como quando se deixa contaminar por interesses tendo assim dificuldade em manter sua independência dos grandes poderes econômicos e políticos (basta pensar na complexa questão das vacinas!). E, por fim, ela não está totalmente protegido das armadilhas das patologias sociais, como aquelas representadas pelos narcisismos do cientista da vez ou do espetáculo midiático. A confiança na ciência é, portanto, certa e saudável, desde que se baseie na nossa consciência e na capacidade de manter um distanciamento crítico, o que nos permite, como não especialistas, orientarnos melhor na procura de fontes seguras e confiáveis.

6. A crise global da saúde também trouxe à tona a crise ecológica e a importância de cuidar do mundo. Sabemos que é um assunto particularmente importante para você. Que contribuição podemos dar para uma mudança radical como cidadãos e cientistas sociais em vista de uma mudança radical?

Como já mencionei, existe uma estreita ligação entre a pandemia e a crise ecológica que gostaria de definir como o desafio prioritário do nosso tempo, como tem advertido o Papa Francisco durante anos e a partir da Encíclica Laudato Si. O fato é que a urgência da crise ecológica está estritamente interligada com os grandes desafios (sociais, econômicos, políticos e morais) planetários sobre os quais estamos falando. O Covid19 é o primeiro, infelizmente global, efeito de uma exploração insensata da Terra por um capitalismo predatório desprovido de qualquer olhar de médio ou longo prazo, e que está drenando os recursos do planeta por puro lucro, colocando em risco o equilíbrio homeostático da biosfera que garante a permanência da vida em todas as suas formas. Entramos totalmente no que se chamou a era do Antropoceno: na qual a ação humana atingiu seu poder máximo e, ao mesmo tempo, caiu no perigo da autodestruição e da destruição do mundo vivo. O Observatório Mundial do Clima (o IPCC) nos deu menos de dez anos para reverter a tendência: ainda assim, a tendência de remover, de negar a possível catástrofe ecológica ainda prevalece.

É verdade que a pandemia parece ter abalado ao menos parcialmente as consciências e que o medo pode funcionar como a paixão do limite a partir do qual pode surgir o despertar do sentido de responsabilidade, como Hans Jonas (O Princípio da Responsabilidade) adivinhara no século passado. No entanto, como já vemos face à euforia generalizada de um rápido e obtuso “regresso à normalidade”, não basta o medo: não basta consolidar a mudança, combater o individualismo e a ganância, a obsessão pelo lucro que tudo devora, a cegueira do hedonismo e da indiferença. Precisamos de uma transformação radical que esteja à altura do desafio radical baseado em paixões positivas: como o que Hannah Arendt chamaria de amor pelo mundo. Um amor gratuito pela vida e pela beleza que nutre-se em reconhecer que somos constitutivamente devedores: devedores da natureza e uns dos outros, e portanto capazes, aqui e agora, de um ato doador de responsabilidade sem o qual não há futuro nem vida para as próximas gerações.

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por Anders Noren

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