Fios do Tempo. O amor-ágape: um conceito para a sociologia contemporânea – por Gennaro Iorio & Silvia Cataldi

Para que um novo mundo nasça entre nós

O ano de 2020 poderá ser tido como o fim do findar do longevo século 20; e o ano de 2021 tem tudo para sinalizar a hora do doloroso parto do século 21. Depois de uma longa gestação, o que está por nascer no pós-pandemia pode ser um belo rebento, ou algo teratológico; nada está decidido e tudo ainda está em jogo, a depender do que seremos capazes de conceber, gerar e fazer. Por isso, teremos que cultivar e amplificar todas as facetas de nossa humanidade: nossa sensibilidade – para vermos e sentirmos o que está e existe aí –; nosso entendimento – para compreender o que se passa e como se passa –; nosso juízo – para iluminar as coisas sob a luz da complexidade do mundo e da necessária razoabilidade das decisões –; nossa imaginação – para conceber, inventar e fazer se encontrarem distintos modos de ser, existir e conviver –; e nossa razão – para orientar nossas vidas em função de relações virtuosas, cultivadas e amorosas.

A todos, portanto, desejamos muito amor à sabedoria e plena lucidez para o novo ano que se inicia. E convidamos para que, juntos, operemos as urgentes metamorfoses antes que cheguem outras iminentes catástrofes. Assumindo as responsabilidades sobre o que fizemos e aprendendo com o que nos fez estar onde somos e ser onde estamos, podemos talvez nos despedir dos fantasmas que ainda nos assombram para enfim dizer que “um novo mundo nasceu entre nós”.

O Ateliê de Humanidades buscará contribuir para este processo parturiente trazendo algumas chaves para as vias metamórficas. Ao longo do ano, estaremos a desenvolver temas e práticas tais como: o convivialismo, o agir agápico, o dom e o antiutilitarismo, a ética do cuidado, a ecologia política, o paradigma da complexidade, a razoabilidade retórica, a sapiência humanista ladino-americana (sic.), o pensamento do político, a economia plural, a outra gestão etc.

Como abertura de nossas atividades, temos o prazer de trazer um texto dos pesquisadores italianos (e fraternos amigos) Gennaro Iorio (Professor e Diretor do Departamento de Estudos Políticos e Sociais da Universidade de Salerno, Itália) e Silvia Cataldi (Professora do Departamento de Psicologia social e do desenvolvimento da Universidade de Roma LA SAPIENZA, Itália), que são líderes da rede de pesquisadores Social-One – Social Sciences in dialogue. Com este texto, aproximamos o público do tema desenvolvido no livro “Sociologia do amor: o ágape na vida social“, de Gennaro Iorio, que será publicado no primeiro semestre de 2021 pelo Ateliê de Humanidades Editorial.

Neste pequeno artigo, escrito para a Summer School da Social One realizada em Igarassú, Pernambuco, em 2017, Iorio e Cataldi apresentam a proposta de reintrodução do conceito de amor-ágape nas ciências sociais, que é feita em diálogo com sociólogos clássicos, como Max Weber e Georg Simmel, e contemporâneos, como Axel Honneth e Luc Boltanski, tendo ainda forte articulação com o campo da pesquisa empírica. Além de ser um quadro teórico que ilumina facetas até então invisibilizadas da vida social, o amor-ágape aponta para uma práxis cotidiana e institucional que escapa do utilitarismo radicalizado que nos consome.

A decisão de publicar este texto na abertura do ano é motivada por uma certa incitação à reflexão: se abundam, nos votos de ano novo, manifestações de e desejos de esperança, uma leitura sobre o ágape pode nos lembrar que a maior virtude teologal – ou mesmo aquela que está além de qualquer confissão religiosa – é o amor. Esse amor que é muito mais do que um sentimento e não está presente necessariamente em belos discursos e fotos, mas sim na prática relacional e vivida de quem ama. Uma presença que muitas vezes existe invisibilizada no não dito, muito embora possa ser exercitada com consciência e reflexão.

Desejo a todos uma excelente leitura!

A. M.
Fios do Tempo, 02 de janeiro de 2021



O amor-ágape:
um conceito para a sociologia contemporânea*

Gennaro Iorio &
Silvia Cataldi

Resumo

O que leva uma pessoa a arriscar sua vida para ajudar outras pessoas? O que leva um assistente social a passar um tempo com uma pessoa carente além do seu dever padrão? Por que uma pessoa dá um bem suspenso a um completo estranho? Na vida cotidiana, existem muitos fenômenos sociais baseados na incondicionalidade, no desinteresse, no excedente. Muitas vezes, esses fenômenos permanecem fora do campo da explicação sociológica. Partindo de teorias críticas, os autores propõem (re) introduzir o conceito sociológico do amor ágape como um quadro teórico para os mecanismos sociais que escapam à reificação, à quantificabilidade e ao pensamento instrumental. O amor-ágape, como foi introduzido anteriormente por Luc Boltanski (1990), concentra-se no presente, evitando qualquer cálculo de consequência, recusando comparação e equivalência, não envolve reciprocidade. Os autores propõem reconceituar o ágape, integrando-o a insights teóricos de diferentes cientistas sociais (eruditos clássicos, como Max Weber e Georg Simmel, e contemporâneos, como Axel Honneth), com novos relatos reflexivos e institucionais, fornecendo-lhe um fundamento empírico. Após uma discussão teórica sobre o conceito de amor como motriz social, os autores apresentam alguns estudos de caso e os resultados de uma meta-análise. No final, são tiradas conclusões sobre possíveis aprendizados para a sociedade contemporânea.

Desafios contemporâneos

Para entender completamente o escopo do que falaremos nesta Summer School (escola de verão), precisamos primeiramente fazer uma imagem da situação contemporânea e do contexto em que vivemos. Vamos considerar quatro fenômenos sociais muito atuais: a urbanização, a complexidade, as desigualdades e o pluralismo cultural.

O primeiro fenômeno é a urbanização. Hoje, mais da metade da população global vive nas cidades. Desde 2007, de fato, a maioria dos habitantes da terra vive em vastas áreas urbanas, em cidades que se tornaram metrópoles (Iorio 2017). Se também vivemos em áreas urbanas, experimentamos todos os dias o que isso envolve nas relações sociais. Uma aceleração da vida, mas também um forte individualismo. Todo mundo está focado em si mesmo e não tem tempo ou maneira de perceber um fenômeno típico das grandes cidades: o que Bauman chama de “solidão do cidadão global” (Bauman, 2001).

Outro aspecto que podemos observar em nossa vida cotidiana é a complexidade. Se no passado a sociedade era ordenada de acordo com instituições duráveis e estáveis que tendiam a favorecer laços espaciais e territoriais e davam certeza e segurança às pessoas (ela era “sólida”), a sociedade de hoje, em sua complexidade, é caracterizada por efervescência temporal que muitas vezes leva à incerteza e à insegurança. Por esse motivo, diz-se que a sociedade contemporânea é “líquida”. Como diz Bauman, “o jogo de dominação na era da modernidade líquida não é disputado entre os ‘maiores’ e os ‘menores’, mas entre os mais rápidos e os mais lentos” (Bauman, 2000).

O terceiro aspecto são as desigualdades: Thomas Piketty, economista francês de quarenta anos, autor de Capital no século XXI (2013), realizou um estudo monumental de dois séculos de desigualdades, sua história e suas causas. A novidade deste texto é que Piketty reconstruiu (liderando uma equipe mundial de mais de trinta economistas) a tendência secular de desigualdades, tanto na renda quanto no patrimônio. À descrição se segue a interpretação. Uma das causas das desigualdades atuais reside no fato de uma elite “se separar” do resto da sociedade, que ganhou o poder de definir seus próprios salários de forma independente, sem nenhum vínculo com sua produtividade. Basta dizer que, de acordo com o relatório da OCDE (2015), 8 homens sozinhos no mundo têm 426 bilhões de dólares, a mesma riqueza que a metade mais pobre do planeta, ou 3,6 bilhões de pessoas. O segundo fator é ainda mais importante: quando o crescimento econômico e demográfico estagna, a receita financeira tem precedência e quem acumulou ativos automaticamente se torna mais rico e distancia o resto.

O quarto aspecto é o pluralismo e o multiculturalismo. Nossas cidades, nossas nações, tornaram-se um laboratório multicultural, onde convivem diferentes pessoas com diferentes culturas, diferentes maneiras de ver, diferentes abordagens da realidade. No entanto, trata-se geralmente de uma pura con-vivência, viver ao lado e não viver juntos. Por esse motivo, coloca-se um problema de convivência e não apenas de integração.

Nesta situação da sociedade contemporânea, a rede internacional Social-One embarcou em um caminho de pesquisa que pretendemos aprofundar com todos, o do amor como um conceito útil para as ciências sociais contemporâneas. De fato, em nossa hipótese de pesquisa, o amor-ágape não se refere apenas a uma tradição teórica esquecida nas ciências sociais, mas também pode nos ajudar a ler alguns fenômenos atuais de uma perspectiva inovadora. Portanto, aprofundaremos o amor como um veículo da socialidade pública e um vínculo de coesão social na sociedade hodierna.

O conceito de amor em sociologia

Falar de amor nas ciências sociais parece uma aposta. Na literatura “pós-moderna”, parece que o amor é um tema recorrente. Basta pensar nas obras de Ulrich Beck e Beck-Gernsheim (1995) e de Zygmunt Bauman (2003) – para citar alguns – para entender que o amor, como outras esferas da ação humana, é um local de colonização da incerteza, do caos, do consumismo.

No entanto, os autores clássicos da sociologia já reconheciam que o amor é um viaticum fundamental da socialidade.

Para Georg Simmel (1921), por exemplo, falar de amor significa falar de ação social a partir de sentimentos humanos. De fato, o amor se qualifica como o principal viaticum para o estabelecimento de relacionamentos, o principal sentimento de socialidade. Consequentemente, é o sentimento que é considerado o mais íntimo e que permite a transição do indivíduo para o coletivo supra-individual (ver Iorio 2014 [2021, no prelo]).

Max Weber também fala do papel social do amor em seus escritos. Isso é reconhecido por Symonds e Pudsey (2006), que identificam nos trabalhos do sociólogo alemão uma tipologia complexa do amor que traça as fronteiras de diferentes formas empíricas na realidade social, dentro dos processos de racionalização cultural (ver também: Iorio 2014 [2021, no prelo]).

Além disso, outro autor fundamental é com certeza Pitirim Sorokin (1954), que atribui ao amor altruísta a capacidade de liberar energias sociais de relações criativas (Lo Presti 2005). Sorokin entende o amor em todas as esferas: na religiosa, na ética, na ontológica, na física, na biológica, na psicológica e até na puramente social. É por isso que aborda pessoas, grupos, instituições e cultura, para estudar como eles são contaminados pelas experiências do altruísmo diário (Sorokin, 1954). Sorokin também identifica cinco dimensões do amor que são úteis para ativar empiricamente o conceito de ágape. Eles são: a intensidade; a extensão; a duração; a pureza; e a adequação (uma apresentação detalhada é feita em Iorio 2014 [2021, no prelo]).

No entanto, é na teoria crítica contemporânea que esse conceito mudou de direção. Na literatura contemporânea, o autor que propôs esse conceito é o sociólogo francês Luc Boltanski. Boltanski é aluno de Pierre Bourdieu e, em seu trabalho, tenta responder às antinomias do estruturalismo bourdieusiano por meio de uma nova teoria dos regimes de ação. Em seu trabalho L’amour et la justice comme competences (1990), Boltanski analisa os regimes de ação social e sai do impasse da contabilidade que – ele acredita – colonizou todas as esferas da ação humana, propondo então o conceito de ágape. Apesar de ateu, Boltanski retira esse conceito da tradição da teologia cristã e oferece uma grande carga inovadora. Apropriando-se de Kierkegaard (Les oeuvres de l’amour) (1847), Boltanski define ágape como uma prática de amor que permite que um experimente o outro e, portanto, expresse um tipo de ação que rompe com a lógica da contabilidade. De acordo com Boltanski, ágape é de fato o único tipo de ação que “ignorando a equivalência é descuidada em relação ao cálculo” (Boltanski 1990). A partir disso, ele analisa os atos de amor de São Francisco, encontrando neles uma força de ruptura em relação às expectativas sociais, ligadas à contabilidade e ao conceito clássico de justiça. De fato, o amor, de acordo com Boltanski, é o único tipo de ação que nos permite sair da justiça e que nos permite entrar no estado de paz.

Na sociologia crítica, o amor também assume outro significado. Axel Honneth (1992), expoente de terceira geração da escola de Frankfurt na Alemanha, mostra, a partir da concepção hegeliana de amor como “ser si mesmo em um outro”, como o amor pode representar um primeiro estágio da teoria do reconhecimento (Marcucci, 2005). O amor representa o núcleo original de toda ética e, portanto, é apenas a partir dessa forma de relacionamento que se fundam as esferas do direito e da solidariedade.

Na realidade, esses mesmos autores conheceram e deram origem a um importante ponto de virada na teoria crítica. Em novembro de 2008, durante as palestras de Adorno, a teoria moral de Boltanski encontra a filosofia política de Honneth com o objetivo de realizar uma exploração dos “paradoxos da modernização capitalista”. Partindo, portanto, da análise das transformações das diversas tradições intelectuais críticas, chegaram a um resultado importante que pode ser considerado o ponto de partida de nossa análise no Social-One: a renúncia à superioridade hierárquica da crítica; a valorização da capacidade crítica dos atores sociais.

A partir destas ideias, alguns estudos conduzidos pelo grupo de estudos Social-One (Iorio 2014 [ed.bra. 2021]; Araújo et al. 2015; Araújo et al. 2016; Martins & Cataldi 2016), com base na literatura mencionada acima, definiram o amor-ágape como: uma ação, relação ou interação social na qual os sujeitos excedem todos os seus antecedentes (no doar, no receber, no “não restituir na mesma moeda” ou no não fazer, no “deixar passar”) e, portanto, oferece mais do que a situação requer com a intenção de gerar benefícios.

A partir da análise teórica sobre o agir agápico, apresentado aqui apenas de forma sintética, podemos dizer que algumas características comuns emergem para diferentes abordagens e definições:

  • O agir agápico é um conceito emergente que ajuda a definir um tipo específico de ação social, não adequadamente expressa por outros conceitos/termos afins;
  • O agir agápico indica uma forma de ação social caracterizada pela excedência e por gerar benefícios [ou seja, por gerar bens para outrem];
  • O agir agápico tem uma carga crítica na sociedade contemporânea, pois rompe com a lógica utilitarista, contábil e cambial.

No entanto, algumas questões em aberto permanecem na literatura analisada. Primeiro, de acordo com a lógica de Luc Boltanski (1990), o amor agápico, incapaz de medir, avaliar e se projetar no futuro, sempre terá uma carga anárquica e nunca será institucionalizado. Através da metanálise de alguns estudos de caso que apresentaremos a seguir, tentaremos demonstrar como o ágape pode, em alguns casos, institucionalizar e se tornar um projeto, inserindo a imaginação coletiva de um grupo de pessoas, uma comunidade ou um povo.

Em segundo lugar, na visão de Axel Honneth (1992), o amor é o passo fundamental para o reconhecimento. No entanto, seu conceito de amor tem um limite: ele permanece reservado para as relações intersubjetivas de um tipo primário e, portanto, pertence à esfera privada (como o amor mãe-filho), ou é socializado exclusivamente em algumas comunidades específicas. Sempre através da metanálise empírica dos casos relatados em nosso artigo, tentaremos entender se o agir agápico pode ir além da dimensão privada, adquirindo explicitamente uma dimensão pública, e como ela pode contribuir para a coesão social, especialmente na sociedade contemporânea caracterizada pela pluralidade.

O projeto de pesquisa

Iniciamos, portanto, um projeto de pesquisa. Estamos nos movendo em diferentes campos, qualitativos e quantitativos. Agora vamos falar um pouco sobre os resultados da parte qualitativa.

Realizamos análises de alguns estudos de caso com um método que pertence à abordagem de case study (Yin 2014; Gomm et al. 2000).

A tarefa confiada à pesquisa empírica pode ser resumida nos seguintes pontos:

  1. Contribuir para a construção analítica do conceito de ágape através da investigação empírica;
  2. Analisar as antinomias presentes na literatura contemporânea sobre o tema;
  3. Identificar estímulos para responder aos desafios da sociedade contemporânea.

A ideia básica na escolha dos estudos de caso foi, portanto, provocativa: na sociedade contemporânea, é possível encontrar ações, interações ou relações caracterizados pela excedência, ou pela não-contabilidade, pela ausência de expectativas de reciprocidade, capazes de gerar realidades sui generis que persistem ao longo do tempo?

Através de nossa investigação, fomos em busca de amor-ágape, ativamente apanhados nas práticas cotidianas. De fato, como Iorio bem ilustrou, o conceito de amor-ágape evoca um conhecimento prático antes de um construto interpretativo (Bourdieu 1972), de modo que, para focar sua presença, devemos observar as ações cotidianas dos atores em interação.

O caso do caffè sospeso

O café suspenso remonta a um costume antigo desde meados do século XIX. Então, em Nápoles, o “suspenso” era um café oferecido aos mais pobres da cidade pelos mais generosos, para dar aos menos afortunados a oportunidade de desfrutar de um café em pleno respeito à tradição napolitana. A tradição continuou até o período pós Segunda Guerra.

Naquela época, para muitos, era realmente um luxo poder saborear um café no bar. Então chegou a era do boom econômico e do bem-estar, e o “suspenso” foi quase esquecido. Até hoje, porque, com a crise, o costume de pagar um café a quem não pode pagar está de volta.

Obviamente, o café tem um importante valor simbólico. O café não é apenas uma bebida, não é apenas um líquido escuro, mas um meio de fazer amigos. Em Nápoles, mas também em outros lugares, é consolo, conforto, comunalidade, gratificação, alívio. Em suma, é um ritual que cria sociabilidade.

Para se ter uma ideia da disseminação do fenômeno, deve-se notar que há 3.000 cafés suspensos, e que o café Gran Gambrinus, e o Caffè 7Bello servem cerca de 1000/1500 cafés suspensos por ano. O fenômeno chegou à rede e agora a rede suspensa de café (www.retedelcaffesospeso.com) tem 260 mil seguidores. Somente o café suspenso no primeiro ano tem 1400 afiliados de cafés de apoio.

A pesquisa (Iorio 2015; Cataldi et al. 2016) destacou a capacidade de multiplicação e distinção do fenômeno. Na Itália, depois do café suspenso, nasceu a pizza suspensa, o pão suspenso (a ideia dos psicólogos da Universidade de Pádua), o caderno suspenso (promovido em Trieste por uma papelaria e depois adotado por Coop), o livro suspenso (promovido por Livraria Feltrinelli e também adotado por bibliotecas únicas de Polla e Milão). Em Paris, a baguete suspensa espalhou, na Tailândia, uma refeição completa à base de arroz, na Argentina a empanada suspensa e no México o taco suspenso. Associações e festivais também aderiram ao fenômeno dos cafés suspensos, que aderiram à Rete del caffè sospeso [Rede de café suspenso]. Assim nasceu o “Festival in mutuo soccorso” [Festival do apoio mútuo], um projeto que fornece o apoio mútuo de várias organizações culturais espalhadas por todo o território nacional e capazes de construir pontes de cooperação internacional.

Outra tendência importante diz respeito à distinção do fenômeno: a partir disso, outros fenômenos que podemos chamar de “bem-estar popular” [“welfare popolare”] também nasceram. Vamos falar sobre o “Spesa Sospesa” [Compra Suspensa] ou o Food Bank [Banco de Alimentos]. Também falamos sobre “Ferie e permessi di lavoro sospesi” [“Férias e autorizações de trabalho suspensas”]. Este é um caso interessante, porque mostra não apenas a viralidade de um fenômeno e a preponderância da dimensão da socialidade informal, mas sua institucionalização. Tudo começa em uma empresa no Loire, na França, ligada à Danone. Os colegas do pai de Mathys, um garoto de 10 anos que morreu de câncer, não tiveram férias suficientes e autorizaram a acompanhar o filho durante a quimioterapia e a raspagem. Seus colegas se reúnem e, abrindo mão de autorizações de trabalho remuneradas, concedem 170 dias de permissão. Agora, essa possibilidade se tornou lei na França, com o nome de Lei Mathys, e na Itália, onde faz parte da Lei de Empregos.

Quais são as características desse fenômeno? A principal característica da ação de suspensão é o excedente: o ato não é devido ou necessário, produz benefício sem ser reivindicado ou merecido. É uma ação dos sujeitos (pagando café, livros, pão, etc.) que excede (ninguém tem o dever de ajudar o anônimo, ou tem uma utilidade ou um retorno ao fazê-lo, por isso excede a situação) e beneficia os destinatários (cadernos, pão, compras etc.).

Em comum com o ágape, ele tem outras características: a renúncia à equivalência, a prioridade prática e a ausência de antecipação. O gesto generoso não tem, aos olhos do doador, um destinatário preciso, mas se expressa em uma forma de solidariedade aberta (é a dimensão da “extensão” da própria ação do ágape), completamente desprovida de expectativa de reciprocidade, sem interesse, sem retorno, sem justificativa. “Suspender” um bem adquirido (café, comida, cadernos escolares, livros e mais) significa não guardá-lo para si mesmo, mas atribuí-lo a outras pessoas cuja identidade não era conhecida antes. Significa abrir o gesto para o anônimo, talvez para o ingrato ou até, em outros aspectos, para o hostil; tudo isso conota o agápico.

Outros casos de estudo

Como resultado do projeto de pesquisa, outros estudos de caso foram conduzidos para um total de 10 casos. Dentre esses, selecionamos outros 4 para compreender a capacidade interpretativa do conceito que pode se prestar à leitura de fenômenos sociais, ações ou relacionamentos muito diferentes.

1. O primeiro estudo de caso refere-se a um desafio típico de uma sociedade contemporânea globalizada: o diálogo inter-religioso e intercultural (Callebaut & Paglione 2015). Descreve uma comunidade na Argélia, a comunidade de Tlemcen, onde Ulisses e alguns jovens do movimento dos Focolares vão espalhar o carisma da unidade de Chiara Lubich. É, portanto, uma análise de longo prazo (1966-2012) sobre o desenvolvimento na Argélia de um relacionamento entre membros de duas religiões diferentes, cristãos e muçulmanos, que permitiu a gênese de um fenômeno “inter-religioso” inteiramente original, uma realidade sui generis, a saber: uma comunidade de focolarinos que são firmemente muçulmanos e que vivem ativamente, junto com os cristãos, a cultura da unidade.

Do ponto de vista metodológico, o estudo de caso fez uso de algumas ferramentas, como análise de documentos e as entrevistas em profundidade com algumas testemunhas privilegiadas de eventos históricos. A pesquisa também fez uso de uma abordagem biográfica, para acompanhar e reconstruir a história de Ulisses e alguns de seus primeiros companheiros.

2. O segundo caso diz respeito ao nascimento e desenvolvimento da Escola de Artesanato Santa Maria di Catamarca, na Argentina (Cataldi & Cristao 2011). O período de observação ocorre de 1997 a 2004 e se concentra principalmente na ação de sua fundadora, Dona Vila, e um grupo de pessoas de seu bairro (grupo fundador), que fundaram uma escola de treinamento dedicada a mulheres e adultos desempregados em uma comunidade pobre no interior argentino, a partir do qual se difunde um modelo de desenvolvimento local e mudança cultural que abrange outras áreas da Argentina. Também neste caso, diferentes métodos de coleta de informações foram utilizados, como análise de documentos, histórias de vida e entrevistas aprofundadas com alguns atores envolvidos na fundação e desenvolvimento da escola.

3. O terceiro caso diz respeito à atividade profissional realizada pela assistência social na Itália (Demartis 2015). Em particular, foram estudados os comportamentos de alguns profissionais ativos em determinados serviços sociais na Sardenha. A pesquisa foi realizada com o uso do sombreamento, técnica etnográfica que remonta a formas de participação moderada, através das quais “o pesquisador segue um ator específico em todas as suas atividades, como se ele fosse sua sombra sem nunca intervir”. Quatro assistentes sociais que trabalham em dois centros de serviço social diferentes de uma autoridade local e em um serviço de uma empresa básica de saúde social e social-sanitárias, por um total de 30 dias úteis no arco de 4 meses e um total de 190 usuários.

4. O quarto caso diz respeito à história de Giorgio Perlasca (Iorio 2014 [2021, no prelo]), um empresário italiano que, durante a Segunda Guerra Mundial, se passou por cônsul espanhol na Hungria, salvando a vida de mais de 5000 judeus húngaros, impedindo que fossem deportados e mortos pelos nazistas. O caso refere-se, portanto, a um breve período da história desse homem, entre 1944 e 1945, e reconstrói, por meio de fontes históricas e biográficas, a ação heróica desse personagem de forma ágil.

O que todos esses casos têm em comum?

A meta-análise do estudo de caso

Utilizando o referencial teórico apresentado acima, é possível comparar os diferentes casos utilizados para entender não apenas como a ação agápica se manifesta empiricamente, mas também a variedade de dimensões que envolve e a diferença de outros conceitos similares ou com os quais o conceito de ágape é frequentemente confundido ou assimilado na literatura sociológica e na imaginação coletiva.

A metanálise analisa os cinco casos em relação à definição de ágape desenvolvida pelo grupo de estudo Social One (Sena et al. 2017).

O que emerge é que, nos casos analisados, a ação agápica parte prevalentemente de uma ação social de um ou mais sujeitos e de um tipo de excedência no doar ao outro, para além daquelas que são as expectativas sociais e para além das regras compartilhadas em uma situação social comum. Em outras palavras, o comportamento agápico tende a quebrar a ordem social compartilhada “excedendo” algo em relação aos padrões ligados a normas, valores e rotinas sociais consideradas como garantidas ou institucionalizadas.

Uma análise mais aprofundada dos casos pode ser feita em relação às 5 dimensões do ágape identificadas por Sorokin, que é uma comparação entre diferentes casos e contextos:

  • Intensidade: ela é mínima na pessoa que prega o ágape, mas não na prática em sua ação; e não é nada quando é usado para mascarar o egoísmo das ações;
  • Extensão: ela varia entre um ponto mínimo (amor por si mesmo) e um máximo (amor pelo cosmos e pela humanidade);
  • Duração: ela pode variar de uma única ação de um momento a toda a vida de uma pessoa ou grupo;
  • Pureza: ela varia de um nível mínimo, caracterizado pelo amor como um meio para atingir um fim utilitário, até o máximo, que encontra sua própria razão de ser no próprio ágape;
  • Adequação: ela refere-se à relação entre a intencionalidade subjetiva do ágape e suas manifestações objetivas, ocorrendo quando as duas dimensões coincidem.

A partir da comparação, podemos observar que existem aspectos que podem variar bastante. Estas são a intensidade, a extensão e a duração. Duas dimensões são estáveis e importantes para a manifestação agápica: a pureza e a adequação.

Em relação à intensidade da ação, ela pode variar de níveis muito altos, que envolvem todas as ações diárias, como no caso da criação da comunidade cristão-muçulmana, em um nível muito baixo, que também inclui uma única ação de um momento, como no caso de café ou bens em suspensão.

Além disso, a extensão pode ser variável e direcionada a indivíduos muito próximos de populações ou gerações futuras também culturalmente distantes da perspectiva daqueles que realizam a ação agápica, como no caso de Perlasca.

Na maioria dos casos, por outro lado, observamos como a pureza tende a ter níveis médio-altos, devido ao fato de que, na ação agápica, há sempre um forte impulso motivacional, geralmente resultando não em razões instrumentais ou individualistas, mas para fins sociais ou para um legado vinculado a um sistema de valores de referência, como no caso do assistente social.

A adequação também é estável. É um aspecto importante, porque nos casos analisados quase sempre há total consistência entre intenções subjetivas e manifestações objetivas.

Finalmente, também identificamos os antecedentes e os efeitos do ágape. Respeito, empatia e reconhecimento são antecedentes comuns do ágape. Os efeitos devem ser avaliados a longo prazo. No entanto, é comum criar confiança (Coleman 2005) e coesão social (Araújo et al. 2015). No que diz respeito à reciprocidade, como não é um efeito esperado do ágape (na verdade, descarta-se a priori a expectativa de retorno), nem sempre foi encontrada nos casos analisados. Pode ser considerado um efeito inesperado e possivelmente não direto, mas transitivo (ou seja, referindo-se a outras pessoas, outras situações e momentos diferentes).

Conclusão

Para concluir, nós nos fazemos duas perguntas. Primeiramente, quais são as características do ágape que emergem da análise empírica do fenômeno? Em outras palavras, o ágape observado seria anárquico, instantâneo e não-reflexivo, tal como indicado por Boltanski? Além disso, poderia ele ser relegado à esfera privada, como o faz Honneth? Os estudos de caso nos dão algumas indicações a esse respeito.

No que diz respeito à relação entre o ágape e a institucionalização, fica claro que o ágape não nega a possibilidade de institucionalização. O caso dos bens suspensos (beni sospesi) analisa uma prática que se espalhou, diferenciou-se e também se institucionalizou. É o caso da lei Mathys na França, que regulamentou a possibilidade de deixar as autorizações de trabalho suspensas para pessoas que precisam delas em casos particularmente graves (por exemplo, um membro da família com câncer). O caso dos assistentes sociais na Itália também indica que não há diferença entre ágape e instituições.

Por isso, podemos dizer que a hipótese de Boltanski não se confirma. Ágape pode ser um projeto e uma instituição. Certamente, o ágape sempre tem uma posição “anarquista”, como sustenta o próprio Boltanski, mas ele pode, de acordo com a tipologia do desvio de Merton (1938), ser não apenas “rebelião” (ou seja, uma não aceitação dos objetivos ou dos meios sociais institucionalizados), mas também uma ação de inovação (ou seja, uma aceitação dos objetivos institucionais, mas sem aceitar os meios institucionais). De fato, podemos dizer mais, porque o estudo de caso sobre os assistentes sociais mostra que o ágape é essencial em contextos institucionais, porque ajuda a regenerá-los e a garantir que não sejam esclerosados em ações rotineiras.

Com relação à segunda antinomia destacada na literatura, a metanálise das evidências mostra que o amor agápico tem uma dimensão pública e não um solo privado. Por esse motivo, poderíamos dizer que a hipótese de Honneth (1992) não está confirmada. De fato, todos os casos analisados documentam que o amor não é apenas relações intersubjetivas de tipo primário, mas existe uma extensão médio-alta, ou seja, vai em direção ao outro, destinado a ser o próximo que inclui o estranho que vem tomar café, a pessoa de cultura/religião diferente da minha. Mesmo quando o destinatário de uma ação agápica é uma pessoa da mesma comunidade ou ao outro institucionalizado, o que emerge fortemente é uma tensão para a autonomia dos sujeitos. Isto pode ser visto no caso de Santa Maria de Catamarca, mas também no caso dos assistentes sociais.

Nesse ponto, surge outra questão-chave: quais são os estímulos para este conceito de ações/relações pode dar para os desafios da sociedade contemporânea? Analisemos o conceito à luz das questões contemporânea: a solidão do cidadão global, a complexidade e a pluralidade.

1. O reconhecimento é aprendido desde a infância no vínculo mãe-filho em um relacionamento não angustiado e, quando adulto, pode ser repetido na esfera social. Unidade e diversidade são a chave para essa conexão. O ágape cria um espaço comunitário, isto é, vínculos intersubjetivos de copertencimento que não confundem, não identificam ou não são iguais. Os sujeitos em estado de ágape estão com o outro, que é seu comum: um, dois e o comum, o que não é nem de um nem de outro. No agir agápico, podemos fundar uma ideia de cum-munitas, na qual unidade e distinção são pensadas conjuntamente. É por isso que o amor é uma resposta aos desafios típicos do pluralismo e de uma sociedade multiétnica. Assim, diferentemente das situações reativas – como ocorrem nas novas formas fechadas de comunitarismo étnico, local e religioso, que, segundo especialistas, estão na origem de grande parte dos conflitos contemporâneos –, podem emergir novos vínculos sociais, como nos casos que observamos, que sejam inspirados por formas não excludentes de solidariedade. De fato, aqueles que amam se olham como um singular, como seu próximo e, portanto, não como um estranho, mas como um outro tal como si mesmo. Portanto, o ágape contribui para elevar o outro, não apenas reconhecendo a dignidade do outro (que é o reconhecimento do qual fala Honneth), mas também identificando no outro sujeito uma fonte de riqueza que é dada precisamente por sua especificidade e diversidade.

Esse é o mecanismo que surge na comunidade Tlemcen: A diversidade torna-se uma ocasião de encontro, não dá origem a fechamentos de identidade, mas pelo contrário, contribui para a formação de uma comunidade plural. Por este motivo, a unidade e a diversidade do ágape são um binômio que se reforça. Por esta razão, o ágape pode ser considerado um fator generativo de comunidades pacíficas e dialógicas, especialmente na sociedade contemporânea caracterizada pela pluralidade.

2. Mesmo sobre o tema da desigualdade, pensamos que o amor oferece alguns conhecimentos importantes. Georg Simmel, em seu livro O pobre (1908), faz um ponto fundamental sobre a definição de pobreza. “A pobreza” – diz Simmel – “não pode ser definida per se como um estado quantitativo, mas apenas em termos de uma reação social resultante de uma situação específica […] A má posição não é determinada por seu destino e condição, mas pelo fato de que os outros – indivíduos, associações – o rotulam e o ajudam como tal”. Neste sentido, se assumirmos uma concepção interacional da pobreza e não apenas estrutural, o estudo de caso dos bens suspensos, juntamente com o caso de Santa Maria de Catamarca, nos diz duas coisas: 1) os pobres fazem parte do corpo social e não são estranhos; 2) as ações agápicas são capazes de superar a dialética doador-receptor, na qual se baseia a assistência tradicional.

Ao contrário, a ajuda agápica se baseia no reconhecimento de uma condição existencial comum. Neste sentido, ajudar as pessoas anônimas significa reconhecer o sofrimento e significa assumi-lo em um processo no qual todos os membros sociais são reconhecidos em uma condição comum de vida (Cataldi et al. 2016).

Podemos dizer que a dinâmica social criada pela suspensão dos bens, assim como a da escola em Santa Maria de Catamarca, se baseia na dignidade e no igualitarismo, com o efeito positivo de gerar uma assistência inclusiva. Isto nos permite afirmar que em nossa sociedade existem tipos informais de ações de assistência que, ao mesmo tempo, podem ajudar os outros e podem criar benefícios sem criar subordinação. Estes tipos de sistemas de “bem-estar popular” podem elevar os pobres porque o beneficiário é reconhecido como parte da sociedade.

Em conclusão, parece-nos, portanto, que o fenômeno do ágape ainda precisa ser explorado mais sistemática e extensivamente, mesmo de um ponto de vista empírico, uma vez que abre vários campos de investimento sociológico, uma vez que ele tem uma importante função social em nossa sociedade e e permite compreender tipos de ação não-instrumental. Na verdade, este fenômeno pode dar importantes pistas para alguns desafios típicos de nossa sociedade: a liquidez, a complexidade, o pluralismo e as desigualdades.

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Tradução: André Magnelli
Revisão: Lucas Galindo

* Este texto foi redigido no contexto da Summer School “Agapic Action and Social Reality”, realizada em 2017 pela rede Social-One, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Asces-Unita – Centro Universitário Tabosa de Almeida. O texto foi publicado em: Iorio, Gennaro; Cataldi, Silvia (2017) Un concetto per la sociologia contemporanea: l’agire agapico. In: Summer School – Agapic Action and Social Reality: social imagination to promote development, to build the future. Igarassu, Pernambuco, Brasil. A tradução do italiano para o português foi feita por André Magnelli.


Gennaro Iorio é Professor e Diretor do Departamento de Estudos Políticos e Sociais da Universidade de Salerno, Itália
e membro-líder da rede de pesquisadores Social-One – Social Sciences in dialogue.
E-mail: iorio@unisa.it

Professora do Departamento de Psicologia social e do desenvolvimento da Universidade de Roma LA SAPIENZA, Itália,
e membro-líder da rede de pesquisadores Social-One – Social Sciences in dialogue.
E-mail: silvia.cataldi@uniroma1.it


Um comentário em “Fios do Tempo. O amor-ágape: um conceito para a sociologia contemporânea – por Gennaro Iorio & Silvia Cataldi

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  1. Excelente artigo que foi muito bem sucedido em mostrar como o conceito sociológico proposto pode ser empiricamente analisado, compreendido e compartilhado. Achei muito importante a afirmação dos autores de que o amor agápico pode e deve ser institucionalizado para que a prática nas instituições não “sejam esclerosadas em ações rotineiras”. As instituições podem se beneficiar muito das proposições aqui mencionadas. Parabéns.

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por Anders Noren

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