Entre a mobilização negacionista e o “fica em casa” incondicional há mais coisas do que pode pensar nosso vão ativismo. O Fios do Tempo traz hoje um ensaio de Paulo Henrique Martins & André Magnelli sobre os complexos problemas em torno das políticas de combate à pandemia do novo coronavírus, com especial atenção para a articulação entre condições socioeconômicas e consequências psicológicas, culturais e existenciais sobre os indivíduos e grupos. Com isso, buscamos um distanciamento em relação ao imediatismo do combate político a fim de pensar modos instrumentalmente eficazes e politicamente legítimos de combate à pandemia do novo coronavírus, que nos permitam evitar um sitiamento e gerar um fortalecimento de nossas frágeis democracias.
A.M.
Fios do Tempo, 27 de maio de 2020
Uma cidadania sitiada:
existe um dilema entre isolamento social e mobilização negacionista?
Recife & Rio de Janeiro, 27 de maio de 2020
A população brasileira está no fogo cruzado de alternativas binárias drásticas entre o isolamento social e a mobilização negacionista, o que está deixando as pessoas estressadas, divididas e, até mesmo, perdidas. De um lado, vemos a campanha do “fica em casa” e do confinamento social, que busca evitar a acelerada propagação do coronavírus, assumindo a responsabilidade individual pela saúde pública e seguindo as recomendações científico-sanitárias. De outro lado, vemos a campanha do “Brasil não pode parar”, que prega a retomada da “normalidade” da vida e do trabalho, minimizando os riscos da pandemia e seguindo as orientações negacionistas do bolsonarismo.
A alternativa pressupõe um falso dilema entre o reconhecimento da crise sanitária pelo isolamento social e a negação da gravidade da pandemia pela remobilização geral. A primeira opção é comum entre pessoas com algum esclarecimento científico (decorrente de nível de escolarização ou de informação pelos mídias e autoridades científicas e políticas) acerca dos riscos da pandemia para si mesmo e para os outros, o que envolve normalmente a existência de alguma consciência ética e cívica. Por sua vez, do lado daqueles que defendem a retomada das atividades sociais e econômicas, ou que simplesmente voltaram a elas, existem muitos, certamente, que possuem uma postura negacionista e irresponsável em prol da mobilização geral, influenciada pela campanha de desinformação organizada pelo governo terraplanista de Bolsonaro. Contudo, quando observamos com mais cuidado, há várias questões mais complexas neste quadro, que às vezes envolvem dilaceramentos entre se isolar ou retornar à normalidade. Elas vão desde razões econômicas bem materiais até aspectos psicológicos, culturais e existenciais. Isso porque ficar em casa isolado ou sair às ruas são opções que respondem a condições psicológicas, econômicas, sociais e políticas que devem ser analisadas em seus diferentes aspectos e em sua complexidade.
Desta forma, precisamos identificar quais são os distintos grupos sociais que defendem a retomada das atividades sócio-econômicas – ou que simplesmente desobedecem à política de isolamento social – e compreender quais são as suas motivações e razões. Para tanto, vale lembrar, com o sociólogo Max Weber, que não é preciso ser César, tampouco aceitar as razões de César, para compreender César. Somente a partir disso podemos não apenas compreender por que o Governo Bolsonaro mantém fiéis seguidores em fatias significativas da população, que entendem que ele atua bem em meio à pandemia, como também propor criticamente quais são as condições e as formas pelas quais é possível uma política instrumentalmente eficaz e politicamente legítima de combate à pandemia do novo coronavírus.
Quem são e o que querem os que defendem a flexibilização ou fim do isolamento social?
Como ponto de partida da análise, é preciso não confundir quem anseia a retomada das atividades (relativa ou absoluta) e que possui críticas ao isolamento social e à interrupção de atividades sócio-econômicas não essenciais (ou, no limite, o lockdown), com aqueles que são defensores de uma mobilização negacionista e irresponsável, mais identificados com a postura de Bolsonaro. Para termos uma visão nuançada da realidade, façamos uma análise dos distintos grupos sociais e suas motivações diante do isolamento social e dos impactos sofridos pelas políticas de combate à pandemia, a ponto de, no mínimo, se sentirem dilacerados entre a responsabilidade sócio-sanitária e a própria sobrevivência individual. Vale ressaltar que os grupos e as razões se sobrepõem na realidade, portanto devem ser tratados como ideal-tipos construídos analiticamente para a explicação compreensiva das ações e dos processos em curso.
Razões e desrazões de classes altas e médias: entre motivações econômicas, hábitos de classe, preconceitos e ideologias
Um primeiro grupo entre os defensores da retomada da mobilização é composto pelas fatias mais abastadas da população, que fazem protestos em redes sociais ou nas ruas, normalmente dentro de seus confortáveis carros. Estes grupos foram os primeiros vetores de difusão do novo coronavírus em todo mundo, mas agora já se estruturaram, tendo garantia de que terão assistência médica hospitalar na rede privada e de que possuem meios de se manter isolados dentro e fora de suas residências. A respeito disso, vale sinalizar, como já havia notado o filósofo germânico-coreano Byung-Chul Han no início da pandemia, que a distinção entre os que têm carro privado e os que precisam de transportes públicos opera uma significativa estratificação social em termos de risco de contágio.
Uma parte considerável desta camada social é composta por um alto empresariado que teve suas atividades econômicas paralisadas e está ansioso para ter novamente sua força de trabalho disponível e mobilizável. Este alto empresariado quer simplesmente que a economia retome sua marcha o quanto antes para que volte a extrair seus recursos, demandando assim da União uma ação contra as políticas de isolamento dos governos estaduais e municipais. No cálculo de custos e prejuízos, apostam que mais vale “arcar” com os custos dados pelo descontrole da pandemia e o adoecimento de seus “recursos humanos” (que entram como “externalidades” de seus planos estratégicos) do que manter uma política epidemiológica com impactos recessivos profundos. A justificativa mobilizada para legitimação da medida diante da população e dos poderes instituídos está no discurso da garantia de postos de trabalho, renda e impostos, contra o aumento de desemprego, pobreza e desespero social. A marcha de Bolsonaro com os empresários pela Praça dos Três Poderes ao Supremo Tribunal Federal (STF) é o símbolo condensado destas “preocupações” com o destino da economia e dos empregos.
Este grupo de elite econômica está normalmente incluído em um outro mais amplo, não necessariamente empresarial, composto por classes médias (altas e medianas) que demandam trabalho doméstico, ou seja, que são dependentes de uma disponibilidade líquida de “trabalhadores do cuidado” (domésticas, babás, cuidadores etc.), pois tiveram suas rotinas fortemente desorganizadas pela necessidade elementar de cuidar da casa, dos próprios filhos e dos idosos, coisas que muitos simplesmente não sabem fazer porque possuem uma costumeira mão-de-obra para o “conforto” doméstico e a “produtividade” no trabalho. No tocante a isso, nossa tradição doméstica, herdeira em parte da cultura escravocrata, sente o impacto de sua dependência do trabalho de cuidado doméstico – realizado para as classes médias por amplas camadas populares de brasileiros com baixa qualificação e desprovidos de adequada proteção social – e de sua aversão à máxima externalização do oikos via serviços de terceiros (laundry, comida industrializada, etc.) própria do american way of life.
Vale sinalizar que existem neste grupo perfis profissionais muito diversos, incluindo-se aí profissionais de saúde, em especial médicos (do setor privado sobretudo), tendo em vista suas origens sócio-econômicas, seu perfil de formação profissional, sua posição dentro da hierarquia dos profissionais de saúde e as características de clientela de seus consultórios, clínicas e hospitais. Independentemente do perfil de formação, todos os profissionais do sistema de saúde que estão no fronte do combate à pandemia nos hospitais públicos e privados (técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, seguranças, motoristas de ambulância, terceirizados de hospitais etc.), encontram-se em uma situação que tem algo de heróico, considerando que têm que deixar diariamente seus familiares e a proteção oferecida pelo lar para cuidar da vida dos outros em ambientes de altíssimo risco de contaminação (o que tem efetivamente ocorrido entre estes profissionais, segundo os dados epidemiológicos, mesmo com os cuidados higiênicos e de paramentação); mas alguns dos profissionais do sistema, principalmente médicos e burocratas de empresas de saúde, muitos deles distanciados do envolvimento direto no combate à pandemia, emprestam suas autoridades para uma politização da ciência pelo governo, passando-se facilmente de um sadio ceticismo científico diante de ações tomadas como evidências estabelecidas mundialmente (para manter algumas controvérsias abertas sobre remédios, medidas anti-pandemia eficazes, etc.) para o puro e simples negacionismo voluntarista baseado em opiniões subjetivas. É entre eles que Bolsonaro busca sustentação para minimização da pandemia (com a tese de grupo de risco reduzido a “comorbidades” e idade), para sua defesa da “imunização de rebanho” e do isolamento vertical (ou seja, aquele restrito aos grupos de risco) e, até mesmo, para a legitimação de sua política de cloroquina administrada em massa desde as fases iniciais da Covid-19.
É nesta parte da população composta por camadas mais abastadas e médias, considerando-se os seus mais diversos tipos ocupacionais e profissionais, que encontramos boa parte das pessoas mais identificadas com a ala ideológica do bolsonarismo, compondo autênticas seitas de extrema direita que exigem uma “mobilização negacionista”. Alguns destes indivíduos possuem uma percepção do social com cortes racistas, sexistas e elitistas, e têm preconceitos em relação a opositores do governo formados em áreas de humanas e sociais. Está aí a terra bem adubada de excrescências onde prolifera a tese bolsonarista, representada hoje pelo vexaminoso Ministro Weintraub, que veem opositores como ignorantes geradores de balbúrdia que não leem e são facilmente manipuláveis pela mídia, pelos partidos e movimentos sociais (do PCdoB e do PT até o PSDB, o DEM, o PSL e o MBL) e pelos intelectuais, todos classificados como representantes “comunistas” contra os quais Bolsonaro se bateria. Deste modo, esses grupos acusam os panelaços e as críticas ao governo como coisas de “gente de humanas”, rebanhos de “ignorantes”, “vagabundos” e “drogados”. Isso não deixa de ser bem irônico, tendo em vista que são os profissionais de formação mais próxima das ciências humanas e sociais os que possuem um perfil mais crítico e afeito à autonomia de pensamento, com uma carga de leitura intensa e extensivamente muito maior do que os profissionais de perfil técnico e aplicado, inclusive os médicos. Isso explica inclusive a diferença de visão sócio-política entre esses e os profissionais de enfermagem, fato possível de perceber nos cochichos de corredores de hospitais, pois esses últimos possuem formação mais humanística em sua fase universitária, uma origem social mais popular e um ofício mais próximo da sensibilização para o social e o cuidado.
Não poucas vezes, além do mais, as pessoas do grupo que analisamos são orientadas por secretas motivações necropolíticas de eugenia social, que seria propiciada por uma expansão conveniente do coronavírus em comunidades populares das grandes cidades brasileiras, com mortandades em massa de indivíduos vistos como potenciais criminosos e encargos sociais inúteis. Não são poucas as vezes também que estes anseios de “solução social” são confessadas em privado em uma voz um pouco mais baixa, com um tom de intimidade, igualdade e cumplicidade compartilhadas entre “homens e mulheres de bem”. Neste sentido, as expressões públicas em redes sociais deste tipo de visão não são representativas do número efetivamente existente nas classes médias e altas, porque elas são feitas por bufonarias de poucos indivíduos empoderados pela presença de um presidente que os representa, mas que são exceções de pessoas “sem noção”, “polemistas” ou simplesmente com tendências ao suicídio social.
Como aceitar em nome da vida sua própria destruição? Os dilaceramentos de grupos socioeconômicos heterogêneos
A defesa da retomada das atividades pode advir igualmente daqueles que precisam de trabalho e renda para sobreviver. Temos à frente disso os trabalhadores “autônomos”, desde os “informais” até alguns “profissionais liberais” e micro- e pequenos empresários. De forma menos evidente, deve-se incluir aí também os vastos setores de trabalhadores precarizados, que possuem uma renda que oscila em função de horas trabalhadas – valendo-se notar que eles não são necessariamente trabalhadores de “baixa qualificação” (como garçons, faxineiras, office boys, motoristas de Uber etc.), pois setores altamente qualificados, como professores de ensino superior e prestadores de serviço especializados, também se veem, em alguns casos e cada vez mais, na mesma condição de renda precária.
Desta forma, entre os que respeitam o isolamento social – o que inclui, diga-se de passagem, muitos bolsonaristas que não querem “pagar para ver”, mesmo que possam ser agitadores em prol da “mobilização geral” pelas redes sociais –, encontramos os que podem ficar em casa sem sair para trabalhar, porque possuem recursos financeiros para sobreviver na crise. Esta condição material que permite o isolamento social está presente entre os que possuem reserva financeira ou renda mensal garantida (rentistas, funcionários públicos, quadros administrativos, empresários, trabalhadores formais com jornada plena que mantiveram seus empregos sem perda salarial drástica, desempregos recentes que resgataram seu FGTS e estão em seguro desemprego etc.). Mas está presente também entre os que possuem possibilidades de utilizar ferramentas virtuais para continuar seus trabalhos por outros meios (em home office ou em prestação de serviço remoto) ou que possuem recursos para manter seu “empreendimento” ativo (por exemplo, migrando da dependência de uma clientela local para o delivery). Essas possibilidades dependem às vezes de recursos financeiros para investimento em tecnologia, mas outras vezes demandam apenas um know how digital que não está tão difundido quanto se pensa e não é tão facilmente adquirido quanto parece.
Além disso, há alguns tipos de atividades produtivas, de serviço ou aquisitivas que não permitem uma virtualização ou digitalização e são, portanto, frontalmente atingidas pelo isolamento social. Este é caso, certamente, de classes pauperizadas ou populares dedicadas a trabalhos materiais ou dependentes de interações sociais face-à-face – pedintes, ambulantes, pedreiros, domésticas etc.; mas esse é também o caso de atividades de classes médias, que se vêem repentinamente à beira da falência ou em “pauperização aguda”, sem renda mensal corrente, como é o caso de prestadores de serviços e de pequenos comerciantes, que dependem de clientela presente fisicamente (comércio de rua, motoristas de táxi e aplicativo etc.) ou da interação face-à-face (como salões de beleza, depiladores, professores de dança, academias de ginástica, rede hoteleira etc.), ou cujo serviço não pode prescindir de aglomeração (como botecos, setor da cultura, aviação etc.). Portanto, para os micro- e pequenos empreendedores e também para vastos setores de serviços, a situação também é dramática, considerando que estes empresários e profissionais têm custos de aluguel, de funcionários, de impostos, de eletricidade entre outros; e muitos deles dependem da entrada em caixa para retirar sua renda mensal, visto que não possuem uma escala que lhes permitiram capitalização. Vale-se notar, neste caso, que a política do governo federal de auxílio no financiamento emergencial destas empresas (que, por ineficiência ou astúcia, ainda está em grande parte no papel e inacessível a quem mais precisa), minimiza muito pouco os danos correntes, porque na prática só rola para frente um endividamento que aumenta a cada mês e que deverá ser pago algum dia, sobrevivendo-se ou não à falência. Além disso, é claro, para os funcionários destes tipos de empreendimentos, que perderam seus empregos ou que arriscam perdê-los a qualquer momento por insolvência do patrão, a ansiedade pela liberação geral também pode ser determinante.
Quando a solidão, o tédio e a morte estão à espreita
As alternativas entre ficar preso em casa ou sair com a perspectiva de se contaminar e mesmo morrer pode ser avassaladora. Aqui, o drama tem caráter menos ideológico, e também não é apenas econômico, porque envolve em igual medida aspectos psicológicos e culturais. Para largos setores de classes médias e baixas, isolar-se em apartamentos e casas não é uma experiência propriamente “familiar” e está longe de ser a possibilidade de viver em um “lar” cálido, amistoso e confortável junto ao seus.
Antes de tudo porque a perda de mobilidade, que obriga indivíduos a abandonar hábitos e rotinas usuais, como a circulação pela cidade, as frequentações mútuas, os churrascos, shows e festas, pode ser muito sofrido em uma cultura como a brasileira, onde a convivência presencial intensa e o contato físico fazem parte das sociabilidades; e é sofrido também em uma mundializada cultura de massas, onde os indivíduos se veem na obrigação de se entreterem ativamente, como sendo um trabalho neurótico para os momentos de lazer, sem poder dar espaço ao vazio introspectivo, reflexivo e contemplativo.
Soma-se a isso o fato de que as moradias nem sempre estão à altura de um confinamento saudável e agradável. Isso se aplica não apenas às classes populares e baixas, aos moradores de favelas e periferias, que quase sempre não possuem residências dignas para uma permanência e convívio, muitos deles reduzidos a um ou dois cômodos compartilhados por todos, de tal modo que não apenas tornam sufocante o confinamento dado pelo isolamento horizontal, mas também impossibilitam o isolamento vertical de grupos de risco pregado pelo governo federal. Isso se aplica também a muitas das habitações de classes média e alta das grandes cidades, que se aglomeram em espaços pequenos e caros de regiões mais centrais, que são muitas vezes construídos, decorados e planejados não para serem lugares de morada e convívio, mas sim como dormitórios nos quais se passa a noite e uns poucos tempos de descanso entre o trabalho, os lazeres e as viagens.
Desta forma, tanto por causa das formas de sociabilidade como dos meios de moradia, a interdição de circular e conversar pode se tornar para muitos um pesadelo inconveniente, quase insuportável. Contudo, a solidão, o tédio e a claustrofobia das classes médias, com suas redes de banda larga, seus equipamentos eletrônicos, seus serviços de entretenimento remoto e de compras a delivery, são muito mais suportáveis e contornáveis. Diante da falta de perigo imediato de passar fome e com as possibilidades de consumir seu tempo com mínimo conforto, mesmo que em apartamentos inabitáveis, torna bastante irracional para estes grupos a tentativa de assumir certos riscos à saúde retornando à vida social em meio à pandemia. Mas vale ressalvar que isso não neutraliza o sentimento de perda da “vida plena” entre estes indivíduos, que está muito associada à mobilidade individual, ao consumo em shoppings, à sociabilidade, ao entretenimento e às viagens.
Quando dirigimos a atenção para aqueles que vivem em situações de penúria do ponto de vista habitacional, sanitário e econômico, é evidente que o cenário fica mais drástico, pois não toca mais apenas à “vida boa e plena”, mas à própria sobrevivência física de si e dos seus. Neles, o tema do isolamento social não se encaixa claramente na vida cotidiana. Sair para as ruas é fundamental para sobreviver, para ganhar o pão ou ir à Caixa Econômica fazer fila para pegar o auxílio governamental, mesmo isto implicando em riscos para a saúde. Para estas pessoas, não há muitas alternativas entre ficar preso num cômodo pouco confortável compartilhado por outros familiares ou ir para a rua para respirar um pouco, ver amigos, contar histórias e ganhar uma grana. Além disso, mesmo que as classes populares naturalmente tenham preocupações com a saúde, elas vivem o medo de padecimento pelo vírus de modo mais difuso, na medida em que a violência letal faz parte do cotidiano. Afinal, a vida e a morte são experiências entrelaçadas nos bairros populares e favelas. Quando a morte e a fome é uma possibilidade sempre à espreita, os vivos devem enfrentá-la todo dia. E é isso que está sendo feito nas grandes cidades, visto que são estes indivíduos os responsáveis em grande parte pelos “trabalhos essenciais”: a produção industrial, a fabricação de alimentos, o transporte físico de pessoas e mercadorias, o atendimento ao cliente, o estoque e reposição de produtos, o cuidado das coisas e pessoas etc.
“Com fé em Deus e coragem tudo se resolverá”: grupos religiosos e “viris”
Podemos identificar um último grupo social composto por aqueles que são pouco influenciados por argumentações técnico-científicas na condução de sua vida cotidiana. São indivíduos que não acreditam facilmente em seres que não podem ver a olho nu e sobre o qual os cientistas e as autoridades sanitárias falam (como o vírus), ainda que acreditem com muita facilidade na existência de espíritos e na ação de seres malignos. Eles são comumente (mas não exclusivamente) de classes populares com baixo nível de escolarização, que se orientam na maioria das vezes por representações religiosas de mundo, com uma concepção de destino pautada pela providência divina. É assim que muitos se jogam nas aglomerações acreditando que ficarão imunes à “gripezinha” por “fé em Deus”, que haverá de os proteger contra os males. Quando se trata de identificar as razões pelas quais há uma adesão ao negacionismo governamental, devemos considerar como mais significativos deste grupo os cristãos evangélicos, bem como os conservadores católicos de cunho carismático.
Contudo, há aqueles grupos, também fortemente vulneráveis, que não possuem propriamente uma orientação religiosa, mas que lançam os dados de sua vida apostando na “boa sorte” diante dos infortúnios. Neste caso, não são poucos aqueles orientados por uma autoestima identificada por uma “virilidade destemida”, como forma de autoafirmação de uma masculinidade disposta para o trabalho e pouco preocupada com a própria saúde. Mas, diga-se claramente, esse bravio viril também está presente nos grupos religiosos pentecostais, com seus deuses vingativos e seus pastores batendo a mão na mesa, botando o dedo na cara e incitando os fiéis a exigir de Deus, em retribuição à sua fé e seus dízimos, a vida próspera e saudável tão desejada.
Nestes grupos, são notórios os aspectos emocionais e psicológicos de vulnerabilidade, onde a falta de controle sobre seu próprio destino imposta pela necessidade das coisas e a dificuldade de compreender cognitivamente o que se passa se tornam facilmente uma suposta virtude protegida pelo Criador contra o Inimigo; um inimigo que não é necessariamente encarnado pelo coronavírus – cuja realidade pode ser denegada como artifício de homens mal intencionados contra o “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” –, mas sim pelos inimigos políticos declarados pelo líder religioso e que, por projeção e identificação, são igualmente os inimigos do presidente Messias Bolsonaro que, sendo um “homem de fé” e “quase mártir”, é visto como alguém em quem os religiosos devem confiar, ainda mais porque se inspira em tudo o que fala e faz na “revelação da verdade” presente em João 8:32.
Desta forma, ainda que Bolsonaro esteja a perder prestígio junto a segmentos das classes médias mais escolarizadas, ele tem margem de ampliação de sua base junto às populações mais vulneráveis e religiosamente orientadas, uma população de evangélicos e carismáticos, sobretudo, que canaliza suas frustrações, seus medos e suas esperanças no elemento mítico sob liderança de pastores e coachings religiosos. O uso da bandeira nacional e das cores verde e amarelo trazem o reverso desta manipulação política, buscando associar o governo federal não apenas à unidade religiosa diante de Deus mas também a uma unidade afetivo-nacional em uma mesma nação. Assim, a apropriação de um símbolo nacional por grupos ideológicos aponta para práticas autoritárias que sugerem que “O Brasil é nosso” e, portanto, “quem não o ama, que o deixe”. Em ambos os casos, tanto religioso quanto político, a adesão popular ao grupo é fortemente “pré-política”, simbólico-imaginária, posto que grande parte desta população oscila facilmente entre Lulas e Bolsonaros, PTs e PSLs, sem grandes preocupações com agendas sociais e econômicas coerentes, visto que operam muito mais por mecanismos emocionais de adesão a líderes populares em busca de proteção e reconhecimento, muito marcados que o são por expectativas paternalistas e messiânicas.
A ansiedade gerada pela ingovernabilidade da crise
A ingovernabilidade agrava o quadro de estresse das pessoas que ficam sem orientações adequadas a seguir. A cena da crise é socialmente desestabilizadora devido aos conflitos de informações e de orientações legais envolvendo os diversos níveis de governo, sobretudo entre a esfera do governo federal, por um lado, e dos governadores e prefeitos, por outro. A incapacidade de Bolsonaro em exercer a autoridade legítima da Presidência da República, coordenando ações de planejamento adequadas na saúde e na economia junto aos governadores, prefeitos e ministérios e em articulação com o Judiciário e com o Parlamento, torna o cenário dramático. Tal clima provoca uma série de ações públicas descoordenadas, o que é particularmente grave para a estabilidade de um país de dimensões continentais como o Brasil, que depende substancialmente do pacto federativo para dar conta das desigualdades regionais, econômicas e sociais. O resultado é o aumento da pandemia sem controle social, técnico e administrativo.
As convocações governamentais para sair às ruas e fazer aglomerações se fundam na desvalorização da ciência e das medidas adotadas por governadores, havendo informações desencontradas sobre os auxílios de emergência e os subsídios para os pequenos empreendedores. A insistência bolsonarista no terraplanismo sanitário, propondo a generalização da cloroquina e do isolamento vertical, que é uma ideia sem fundamentação científica (na verdade, crescentemente refutadas por evidências científicas controladas e experiências empíricas realizadas), associada à sua paranoia com os fantasmas dos inimigos “comunistas”, contribui para aumentar o clima de insegurança existencial das famílias, sobretudo as classes médias, que alimentam imagens apocalípticas. O afrouxamento negacionista – que não considera suficientemente a sério os riscos da contaminação em massa – produz sentimento geral de abandono e mesmo de pânico entre segmentos da população independentemente da classe social, o que se agrava com o aumento do número de mortes. As informações insuficientes e desencontradas ficam acentuadas pelo clima de confronto permanente criado por Bolsonaro e aliados. O ex-capitão levanta polêmicas como a da cloroquina para evitar assumir responsabilidades diretas no planejamento das políticas públicas em saúde e que não podem ser reduzidas à medicalização de um produto. A governabilidade justa da pandemia exige um conjunto de tarefas como a dos testes, dos leitos, dos respiradouros, do emprego, e, sobretudo, de apoio ao bem estar psicológico das pessoas.
A crise sanitária se torna crise política quando as decisões técnicas sobre o enfrentamento da pandemia se confundem com estratégias políticas e eleitorais de Bolsonaro, aliados e parlamentares de diferentes espectros ideológicos. A tese do afrouxamento negacionista se desdobra na falsa oposição entre cuidar da saúde e se isolar, por um lado, e assegurar o funcionamento da economia independentemente dos seus efeitos sobre a saúde da população, por outro. Oposição falsa, diga-se de passagem, pois, como tem sido observado por vários analistas, a economia somente vai voltar a funcionar normalmente se as pessoas se sentirem seguras para ir aos negócios e às compras, tanto vendedores como consumidores. Nesta linha de raciocínio, alguns especialistas mais esclarecidos explicam que o auxílio emergência, associado à bolsa família, tem um efeito positivo sobre o PIB e sobre a arrecadação governamental.
A premissa falsa sobre a oposição entre isolamento social e afrouxamento para benefício da economia esconde três problemas. Um deles está ligado à indiferença de Bolsonaro com a morte de pessoas, certamente seguindo a tese de Stalin para quem “a morte de uma pessoa é uma tragédia, a de milhões uma estatística”. O outro problema é o interesse de Bolsonaro de canalizar as preocupações dos mais pobres e dos pequenos empresários com a questão do trabalho e do emprego para assegurar sua base eleitoral para as eleições de 2022. O terceiro problema, porém, é o mais significativo. Tem a ver com a condição imposta pelos banqueiros para não se mexer na política ultraliberal de Paulo Guedes e que está relacionada com o enxugamento do Estado mediante as reformas previdenciária e administrativa e de venda de ativos como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa, além da desativação do BNDES.
Acontece que o contexto está justamente demonstrando que o setor privado não tem nem interesse nem condições de se responsabilizar com as ações de enfrentamento social e econômico da crise (os envolvimentos são normalmente feitos a título de propaganda de responsabilidade social com doações assistenciais de parte do lucro), e que o aparelho estatal passa a ter papel crucial para tomar as iniciativas tanto no campo da saúde como da geração do emprego e da renda. Podemos então suspeitar que as resistências do Guedes para implementar políticas de renda mínima para os trabalhadores e de financiamentos para pequenos empresários estão relacionadas com o temor dos banqueiros de que a legitimação dos bancos públicos neste processo invalide as teses ultraliberais de substituição do Estado pelo mercado como regulador da economia e da sociedade.
Uma necessidade de legitimação do combate à pandemia
Por outro lado, a tese do isolamento social como vem sendo apresentada cria resistências, mas de outra natureza. O modo como o isolamento foi implantado por governadores e prefeitos, basicamente por decretos e sem consultas populares prévias, e sem uma campanha de prevenção midiática, gerou traumas. As decisões dos governadores e prefeitos de limitar aglomerações, desacelerar as economias locais a serviços essenciais e impor uso obrigatório de máscaras seguiu a lógica da capacidade do setor público de atender os casos da Covid-19 e de tentar evitar sua propagação nos bairros mais populares. Mas tais decisões, legítimas do ponto de vista técnico, não foram suficientes para atender a duas outras questões essenciais: a variedade regional e municipal do ponto de vista geográfico, econômico e cultural, e as condições psicológicas dos indivíduos e famílias que se viram obrigadas a mudar radicalmente as rotinas de vida. Enfim, tais medidas, respaldadas em uma racionalidade técnica e que não deixaram de ter considerável aprovação popular, careceram de um mínimo de formação de consenso entre os afetados e, na falta de uma participação e cumplicidade dos cidadãos, puderam ser, assim, facilmente minadas pelas fake news federais. A proliferação de notícias pelos mídias tradicionais e pelas redes sociais espalharam as incertezas e geraram certo pânico social, e os governantes não souberam como acalmar e convencer a população para que esta pudesse se preparar convenientemente para enfrentar a súbita mudança de comportamentos.
A resposta legal foi incisiva, não considerando a importância de se criar contrapesos, considerando as diferentes ondas de propagação da patologia. Obrigar as pessoas a ficarem confinadas em espaços físicos limitados, sem amplas explicações técnicas e científicas preliminares e sem a possibilidade de participação dos processos decisórios, levou a uma perda de potencialidade no agir tanto dos governantes como da população. Desta forma, a central de fake news da extrema direita, associada à pífia ação de proteção social por parte do Estado, contribuiu para inflar o estado de desolamento individual e social, fazendo as pessoas desaderirem crescentemente à política de isolamento.
Portanto, não podemos deixar de fazer uma autocrítica importante da relação entre isolamento, distanciamento e circulação no combate à pandemia, pois esta questão vai emergir no contexto do pós-pandemia. É claro que a ação de muitos governantes, em falas diárias ao lado de seus secretários diante das câmeras e em lives nas redes sociais possui um papel pedagógico e comunicativo que deve ser aprofundado. Mas o ideal seria que as decisões governamentais em todas as esferas decisórias fossem acompanhadas por um maior processo de conscientização e participação de todos(as) com relação aos perigos da pandemia, com uma ação mais descentralizada que lance mão do próprio sistema público de saúde e que fortalece a ação pública local, uma territorialização da administração, em um “corpo a corpo” com a população.
Portanto, para realçar a ironia da situação, a legitimidade moral e política da política de isolamento social depende de uma política de reaproximação da ação pública em relação ao social, ou seja, para que os poderes públicos sejam instrumentalmente eficazes e politicamente legítimos, precisamos que o Estado e os agentes públicos sejam “desconfinados”, que os cidadãos se sintam em um aumento de suas interações com os poderes públicos e em um processo de reapropriação das instituições representativas pelos próprios representados.
Num país como o Brasil, marcado pelas memórias trágicas da ditadura, o confinamento social como foi instalado lembra prisão. O tema do isolamento social é delicado, e para ter efeito efetivo na contenção do processo de espalhamento das contaminações, ele deveria ter sido modulado com ações psicológica e moralmente confortadoras, mas eficazes. Quando analisamos os casos de Espanha e França, por exemplo, onde a crise virótica foi muito intensa, observamos que o isolamento social permitia uma certa flexibilidade de locomoção, com medidas para acalmar e obter adesão da população às medidas de contenção do vírus.
Sempre é hora de se discutir amplamente as estratégias de enfrentar o risco da morte com gestos práticos de apaziguamento das tensões sociais, caso contrário pode-se degradar as condições de exercício moral da cidadania e levar parte da população a desobedecer as medidas governamentais e adotar o negacionismo do governo de extrema direita. Com isto não estamos negando a importância e as boas intenções de governadores e prefeitos. Pois a responsabilidade maior, jurídica e moral, é do governo federal e do terraplanismo da extrema-direita que insiste em politizar o contexto e minimizar a questão sanitária na perspectiva de agravar a crise, a tal ponto que possa realizar um eventual golpe constitucional – que estava sendo programado antes da pandemia. As gestões duvidosas do Ministério da Saúde, agora dirigido por militares, e do Ministério da Economia, conduzido por um economista neoliberal que despreza o bem-estar dos mais humildes, além das defecções como a do ex-juiz Sérgio Moro, têm contribuído para o clima de caos, desolação e desesperança. Mas a estratégia da extrema-direita também tem seu preço quando observamos que há um certo derretimento da base política dos bolsonaristas.
Da cidadania sitiada à cidadania fortalecida
No momento em que a pandemia continua a se expandir, é importante entender que em algum momento ela se esgota. Não custa lembrar pensadores clássicos, como Heráclito e Lao-Tsé, que sustentavam que tudo está em movimento, ou seja, tudo flui em fluxos e refluxos, mas que há um princípio subjacente que tudo organiza. Assim funciona o universo fora de nós mas também dentro de nós. A pandemia veio e vai, e virá de novo. E o acompanhamento de seu movimento pendular, que continuará até que se consiga uma vacina que imunize toda a população, depende da capacidade dos seres humanos de se anteciparem aos eventos com base nos seus recursos técnicos e habilidades cognitivas e emocionais. Seguindo esta lógica, enquanto se vive o surto, é momento de se prever sua saída com senso de balanço.
Isto os países europeus e asiáticos estão fazendo, mas não o Brasil. O tempo que se expande com a crise é o mesmo que prepara as medidas de sua superação. Assim, isolamento e distanciamento devem ser colocados na mesma agenda de discussão de um afrouxamento consentido para se sair do impasse existencial, político e social e se vislumbrar um outro mundo. Este mundo somente será mais solidário e menos cruel caso as iniciativas de promoção da convivialidade sejam criadas desde já.
Esta compreensão é decisiva para se antecipar reflexões sobre como flexibilizar as ações públicas na saúde, na economia e no cotidiano das pessoas em geral. Analisar os exemplos de outros países pode servir para nos guiar, como o caso da forma como a Suécia está lidando com a pandemia, onde foram suspensos alguns serviços e remodelados outros, mas evitando o trauma do isolamento radical em busca de um isolamento consentido e controlado. De todo modo, como a crise política vem se superpondo à crise sanitária, é necessário que as lutas pelos direitos da cidadania e por uma sociedade mais convivencialista, nos moldes do proposto por exemplo por Jaime Torres-Guillén em ensaio aqui no Fios do Tempo, sejam enfrentadas com certa rapidez para se restabelecer a confiança dos cidadãos nos governantes comprometidos com a liberdade democrática. A formação de uma frente ampla envolvendo esquerda e centro-direita é necessária para se colocar um freio na sangria da extrema direita e para se pensar, no presente, as condições futuras de fortalecimento dos direitos coletivo ao Comum.O momento para se romper a cidadania sitiada e pensar a pós-pandemia em um contexto de cidadania fortalecida começa agora. No plano político, com o avanço do processo de impeachment do Bolsonaro ou mesmo de anulação das eleições por fraude já constatado. No plano social e cultural, com a defesa intransigente de políticas públicas de proteção social e de promoção do direito de todos a uma cidadania plena, incorporando ações de desenvolvimento cognitivo, moral e afetivo dos indivíduos para acesso coletivo às novas tecnologias, que são necessárias para a democratização comum do mundo virtual e, por conseguinte, para fortalecer a experiência democrática do mundo presencial.

PAULO HENRIQUE MARTINS é sociólogo, professor titular de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Foi presidente da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS) e vice-presidente da Associação Mouvement Anti-utilitariste en Sciences Sociales (MAUSS). É membro do conselho editorial da Revue du MAUSS e co-fundador e co-editor da Revista de Estudos AntiUtilitaristas e PósColoniais (Realis). Publicou pelo Ateliê de Humanidades Editorial: Itinerários do dom: teoria e sentimento (2019) e Teoria crítica da colonialidade (2019). Esse último livro foi traduzido para o inglês e publicado em nova edição: Critical Theory of Coloniality (Routledge, 2022).

É idealizador, realizador e diretor da instituição de livre estudo, pesquisa, escrita e formação Ateliê de Humanidades (ateliedehumanidades.com).
Sociólogo, professor, pesquisador, editor, tradutor, mediador cultural e empreendedor civil/público. É editor do Ateliê de Humanidades Editorial e do podcast República de Ideias. É editor da tribuna Fios do Tempo: análises do presente. É curador do Ciclo de Humanidades: ideias e debates em filosofia e ciências sociais, co-organizado com o Consulado da França no Rio de Janeiro. Pesquisa na interface de teoria social, tecnociências & sociedade, sociologia histórica do político, teoria antropológica, ética, filosofia política e retórica.
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