Pontos de leitura. A amizade e o amor como cimentos vitais da complexidade humana, por Edgar Morin

Em  nosso mundo humano onde são e se tornam tão potentes as forças de separação, isolamento, ruptura, deslocamento, ódio, antes que sonhar com a harmonia geral ou com o paraíso, vale muito mais reconhecer a necessidade vital, social e ética da amizade, da afeição e do amor para os humanos que, sem isso, viveriam em hostilidade e agressividade, se tornariam azedos ou definhariam […]

Já que o mais complexo comporta a maior diversidade, a maior autonomia, a maior liberdade e o maior risco de dispersão, a solidariedade, a amizade, o amor são os cimentos vitais da complexidade humana. A religação cósmica nos chega pela religação biológica, que nos chega pela religação antropológica, que se manifesta em solidariedade, fraternidade, amizade, amor. O amor é a religação antropológica suprema. O amor é a expressão superior da ética. Como diz Tagore, ‘o amor verdadeiro exclui a tirania assim como a hierarquia’. Há necessidade vital, social e ética da amizade, da afeição e do amor para o florescimento dos seres. O amor é a experiência fundamentalmente religadora dos seres humanos. No nível da mais alta complexidade, a religação não pode ser senão amor.

[…] O Amor, resistência  a todas as crueldades do mundo, saiu da religação do mundo e exalta nele as virtudes da religação do mundo. Conectar-se ao amor é conectar-se à religação cósmica. O amor, último avatar da religação, é a forma e a força superiores: ‘forte como a morte’, segundo o Cântico dos Cânticos.

Edgar Morin, A Ética, 6. Cap.2. A realimentação cósmica, A humana religação (Editora Sulina)


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por Anders Noren

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