Ciclo de Humanidades. Cosmopolíticas para Gaia em tempos de Antropoceno (evento gratuito)

Juntamente com a BiblioMaison e o Consulado da França no Rio de Janeiro e em parceria com a Ubu Editora, o Ateliê de Humanidades propõe no quarto encontro do Ciclo de Humanidades, a ser realizado no dia 26 de junho, o tema Cosmopolíticas para Gaia em tempos de Antropoceno. Para tanto, convidamos como conferencista Alyne de Castro Costa (PUC-RJ), para que seja feito um debate sobre os desafios brasileiros e mundiais oriundos tanto dos tempos de Antropoceno quanto da atual composição de forças no Brasil, sem deixar de pensar, ao mesmo tempo, as possíveis respostas por vir.

O Antropoceno é o conceito filosófico, religioso, antropológico e político mais decisivo que foi produzido como alternativa às ideias da modernidade

 — Bruno Latour


“Bem vindo ao Antropoceno, a idade do homem!”. Certamente, a maioria de nós gostaria de receber tal mensagem de hospitalidade no frontispício de Gaia. Seria a história confortável de uma tomada de consciência dos homens, donos de si, retornando ao colo da Terra mãe. Contudo, muita coisa indica que não somos propriamente bons anfitriões ou hóspedes dignos de acolhimento, tampouco pilotos hábeis de uma nave Terrestre ou donos de uma casa a pôr em ordem. Os cientistas, sobretudo os geólogos, encontram indícios de que de vivemos em uma era em que a humanidade se tornou uma “força geológica”, onde se tornam indissociáveis o tempo longuíssimo da história da Terra e o tempo curto da história humana. Tais sinais, que parecem expressar uma onipotência humana, trazem na verdade uma responsabilidade plena de graves consequências: mudança climática, poluição ambiental, degradação da biosfera, sexta extinção terrestre, destruição de ecossistemas, perturbação dos ciclos bioquímicos e genéticos e esgotamento de “recursos naturais” não renováveis.

    Em um momento em que parecem triunfar um caldo concentrado do pior da cultura de “modernização”, o Antropoceno, como “era da geo-história”, como diz Bruno Latour, indica a perda de todo triunfalismo e antropocentrismo. Ao assinalar o fim de um mundo que nos parecia prometido ao crescimento desinibido e infinito, somos interrompidos por questões sobre os fins do mundo, a necessidade de outros mundos possíveis e a existência de outros modos de existir. A “intrusão de Gaia”, como diz Isabelle Stengers, faz repensar as próprias ideias do que é liberdade e autonomia, política e democracia, exigindo-nos um cruzamento entre as ciências naturais e as humanidades e fazendo emergir o que Christophe Bonneuil (criador da coleção Anthropocène da editora Seuil) e Jean-Baptiste Fressoz, chamam de “humanidades ambientais”. Incitados pelo livro de Bruno Latour, Face à Gaïa, perguntemos: como recompor os saberes e as práticas em resposta ao que acontece? Como podemos sobreviver e viver no Antropoceno? E quais cosmopolíticas realizar para Gaia?

 

  • Local: BiblioMaison – Av. Presidente Antônio Carlos, 58 – Centro
  • Data: 26 de junho
  • Horário: 19h-20:30 (podendo se estender até 21h).
  • Alyne de Castro Costa: Possui graduação em Comunicação Social (habilitação Relações Públicas) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2014) e doutorado em Filosofia também pela PUC-Rio (2019). Sua pesquisa se concentra na área de Filosofia e a Questão Ambiental, com ênfase no Antropoceno e na catástrofe ecológica global, considerando também as repercussões do tema na antropologia e na política. Foi bolsista do Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior da Capes de abril de 2017 a janeiro de 2018, período em que esteve vinculada à Universidade Paris Nanterre. Foi bolsista Nota Dez da FAPERJ (2016-2018). Tem experiência também nas áreas de comunicação social, responsabilidade social e sustentabilidade.

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por Anders Noren

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