Todas as possibilidades e oportunidades do presente só poderão se tornar realidade se a humanidade conseguir enfrentar as terríveis ameaças que se apresentam diante dela e que colocam em perigo sua sobrevivência a médio ou longo prazo.

Dada a estreita imbricação entre si, não é despropositado falar de uma ameaça única e sistêmica: a dos impactos da atividade humana em nosso nicho ecológico.
A lista das principais ameaças ecológicas é bem conhecida:
- Mudança climática, que desencadeia desastres de todos os tipos (naturais, humanitários, sociais etc.) e gigantescas migrações;
- Declínio da biodiversidade (1.000.000 de espécies animais ou vegetais estão ameaçadas de extinção, de acordo com relatório recente da ONU);
- Fragilização, por vezes irreversível, dos ecossistemas naturais, a artificialização galopante dos solos, a degradação e a erosão a longo termo dos solos cultiváveis.
- Desmatamento em geral e, particularmente, o da Amazônia;
- Poluição da atmosfera, dos oceanos e das águas continentais;
- Diminuição dos recursos haliêuticos (estoques de peixes) devido à pesca excessiva e à poluição das águas.
- Rareamento dos recursos energéticos (petróleo, gás), minerais (terras raras, principalmente) e agrícolas, que permitiram até agora o crescimento, e, consequentemente, os conflitos e as guerras pelo acesso a esses recursos.

A sustentabilidade social do nosso modelo de desenvolvimento não está mais bem assegurada do que sua sustentabilidade ecológica:
- A manutenção, o aparecimento, o desenvolvimento ou o retorno do desemprego e da precariedade, da exclusão ou da miséria;
- O aumento exponencial do desemprego com o progresso da robótica e da Inteligência Artificial, que arrisca tornar uma parte considerável da humanidade economicamente inútil;
- A existência de dezenas de multinacionais, mais ricas e mais poderosas do que muitos Estados, que prosperam sem se submeter a qualquer regulação democrática, se desincumbindo da maioria das obrigações fiscais;
- As distâncias excessivas de riqueza entre os mais pobres e os mais afortunados que alimentam uma luta de todos contra todos sob a lógica de ganância generalizada e contribuem para a formação de oligarquias que dispensam o respeito pelas normas democráticas, exceto em palavras (e cada vez menos);
- O peso crescente das exigências das altas finanças rentista e especulativa sobre todas as decisões políticas e econômicas;
- A proliferação de redes criminosas ocultas e de máfias cada vez mais violentas, e suas conexões disseminadas e preocupantes com os paraísos fiscais e com o mundo das altas finanças rentista e especulativa;
- A crescente insegurança social, ecológica, cívica a que respondem os excessos das ideologias de segurança;
- Os maus-tratos infligidos a corpos e mentes sujeitos a uma norma de permanente aceleração;
- O colapso de grupos políticos herdados ou a impotência de se formar novos, o que leva à multiplicação das guerras civis, tribais ou interétnicas, associadas ainda a guerras religiosas.